Sob Toffoli, absurdo adquire naturalidade no STF...
Só há dois caminhos possíveis na vida. Ou você é parte da solução ou é parte do problema. Ao requisitar ao Banco Central, em 25 de outubro, dados bancários e fiscais sigilosos de 600 mil pessoas e empresas, Dias Toffoli revela uma disposição incontida de manter o Supremo Tribunal Federal no rol dos problemas. Sob a presidência de Toffoli, o absurdo vai adquirindo na Suprema Corte uma doce, uma persuasiva, uma admirável naturalidade.
Há quatro meses, quando impôs a trava que congelou as investigações relacionadas a Flávio Bolsonaro, Toffoli tentou passar a impressão de que não assinava uma liminar em pleno período de férias do Judiciário apenas para proteger o filho do presidente da República. Suspendeu, então, todos os processos municiados com dados detalhados do antigo Coaf. Alegou que agia "em defesa de toda a sociedade", não do primeiro-filho.
Toffoli sustenta que movimentações bancárias suspeitas só podem ser compartilhadas depois de uma decisão judicial. Com isso, transforma o velho Coaf numa espécie de arquivo morto, que só pode ser manuseado pelas togas muito vivas do Supremo. Toffoli colocou-se num posto de observação privilegiado. Pode olhar com lupa dados que proibiu procuradores e promotores de usar. Apalpa inclusive informações sobre políticos e autoridades. Vale atrasar o relógio para verificar como tudo começou.
Os discursos do Lula - O GLOBO
ASCÂNIO SELEME / O GLOBO
Ao sair da cadeia, na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pronunciou dois discursos. Um no acampamento petista em frente à sede da PF, em Curitiba, e outro no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Separei alguns trechos que mostram como funciona o raciocínio de Lula quando a verdade não é a questão mais importante. Acrescentei breves comentários.
Um. “Preciso resistir à canalhice que o lado podre do Estado brasileiro fez comigo e com a sociedade brasileira” — Frase repetida nos dois discursos, pouco antes ou pouco depois de dizer, nos dois momentos, que “aos 74 anos não tenho o direito de ter ódio no meu coração”. Lula também quis confundir a sua figura com a da sociedade brasileira.
Dois. “Quero cumprimentar nosso quase presidente, se não fosse roubado, Fernando Haddad” — Difícil dizer de onde ele tirou isso. Ele falou a frase em Curitiba. No discurso de São Bernardo disse o seguinte: “Esse cidadão (Bolsonaro) foi eleito. Democraticamente nós aceitamos o resultado da eleição”.
Três. “Quero cumprimentar os advogados e também os tesoureiros do PT, Emílio de Souza, futuro prefeito de Osasco. Quero cumprimentar o companheiro Lindbergh, nosso ex-senador e, quem sabe, nosso futuro não sei o quê” — Ao mencionar os tesoureiros, citou apenas um e esqueceu os três ou quatro que foram presos. Sobre o futuro de Lindbergh, é difícil entender o que Lula quis dizer.
Em Salvador, Lula defende que PT não precisa fazer autocrítica
SÃO PAULO — No início de uma série de viagens pelo Nordeste após deixar a cadeia , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira que o Partido dos Trabalhadores (PT) não precisa fazer autocrítica e que "não vai se encolher". Dirigindo-se a Haddad, Lula lembrou que o candidato à Presidência pelo PT em 2018 ( depois que Lula teve sua inegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral ) "apanhou que nem cachorro pequeno", porque, segundo ele, "o problema deles é o PT".
— Vocês já viram alguém pedir para FH fazer autocrítica? (...) Quem quiser que o PT faça autocrítica, que faça a crítica você. Quem é oposição que critica, ela existe para isso (...]) Na dúvida, a gente defende o nosso companheiro.
O ex-presidente também rebateu as críticas de Ciro Gomes e disse que o partido "não vai se encolher". Lula participou em Salvador de uma reunião da Executiva Nacional da legenda e citou o ex-ministro poucos dias depois de ele ter acusado o ex-presidente de insistir em "farsa" de candidatura e tentar enganar o povo .
— Não quero ficar polemizando com o Ciro. Ele foi leal comigo no governo, tive uma boa relação com o Ciro. Agora, dizer que o PT deveria ter saído (das eleições do ano passado) para apoiar ele... Você acha que o Bahia vai jogar com o Vitória e amolecer? Não podemos aceitar que tentem nos diminuir — afirmou. — O partido não vai se encolher.
'PT não tem que fazer autocrítica', diz Lula em evento do partido na Bahia
Em seu primeiro ato partidário desde que foi solto da carceragem da Polícia Federal na última sexta-feira (8), o ex-presidente Lula afirmou que o PT não precisa fazer nenhuma autocrítica e não nasceu para ser um partido coadjuvante.
As declarações foram dadas nesta quinta-feira (14) durante a reunião da Executiva Nacional do PT em um hotel no centro de Salvador. Em cerca de uma hora, de improviso, ele centrou o discurso na defesa do PT e afirmou que não iria se diminuir nem criticar a si mesmo.
“Vocês já viram alguém pedir para FHC fazer autocrítica? [...] Quem quiser que o PT faça autocrítica, que faça a crítica você. Quem é oposição que critica, ela existe para isso [...] Na dúvida, a gente defende o nosso companheiro”, afirmou o ex-presidente sobre o partido que fundou e que foi atingido em cheio pelos escândalos do mensalão e do petrolão.
Preso por 580 dias na PF em Curitiba, Lula foi beneficiado por um novo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) segundo o qual a prisão de condenados somente deve ocorrer após o fim de todos os recursos. O petista, porém, segue enquadrado na Lei da Ficha Limpa, impedido de disputar eleições.
Nesta quinta, em Salvador, Lula afirmou que o partido não deve abrir mão de seu protagonismo e que deve lançar candidatos em todas as cidades possíveis na eleição municipal de 2020 para defender o seu legado.
“Nosso partido tem que sair mais forte, mais disposto a brigar. Sabe quem polariza? Quem disputa o título. Um partido só cresce quando disputa”, afirmou o ex-presidente.
Acesso a dados sigilosos desgasta Toffoli no Senado e eleva pressão por CPI
A decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de determinar ao Coaf que lhe desse acesso a todos os relatórios de inteligência financeira produzidos nos últimos três anos aumentou o desgaste do ministro no Senado.
Os relatórios têm dados sigilosos de cerca de 600 mil pessoas, conforme revelado pela Folha nesta quinta-feira (14).
De imediato, o episódio mobilizou os cerca de 40 senadores que integram o grupo pluripartidário Muda Senado, que vão retomar a pressão para instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar integrantes do STF, a CPI da Lava Toga.
Senadores lavajatistas vêm, desde o início do ano, tentando instalar a CPI. No entanto, para evitar uma crise institucional, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), conduz a questão em banho-maria.
A relação dos parlamentares com Toffoli se desgastou mais um pouco na semana passada, quando o voto do presidente do Supremo foi decisivo para barrar a prisão após condenação em segunda instância —levando à soltura do ex-presidente Lula (PT).
Este grupo do Senado, que havia começado a semana com 43 apoiadores declarados a uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para reverter a decisão do STF, chegou a esta quinta-feira informando ter agora 48 nomes, um a menos que o necessário para aprovar, na Casa, alterações na Constituição.
A revelação sobre o acesso aos relatórios do antigo Coaf —rebatizado de UIF (Unidade de Inteligência Financeira)— agrava ainda mais a relação entre a ala do Congresso e Toffoli.
Lula diz que PT ‘não nasceu para ser partido de apoio’ e que ‘vai polarizar em 2022’
14 de novembro de 2019 | 15h35
SALVADOR e SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, nesta quinta-feira, 14, seu primeiro pronunciamento para o partido, durante a Executiva Nacional do PT, em Salvador, na Bahia. Em meio a discussões de que o PT poderia compor candidaturas de outros partidos de esquerda nas eleições municipais do ano que vem, Lula disse que a legenda "não nasceu para ser partido de apoio" e que deve lançar candidatos em todas as cidades possíveis. Afirmou, ainda, que o partido não precisa fazer nenhuma autocrítica. Durante discurso, citou praticamente todos os possíveis candidatos à Presidência em 2022, com críticas e ironias ao presidente Jair Bolsonaro, ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e ao apresentador de TV Luciano Huck.
Ao falar de Bolsonaro, Lula voltou a ligar o nome do presidente ao de milicianos e ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes. "Bolsonaro, não pense que eu quero brigar com esses milicianos. Não quero, essa briga resultou na (morte de) Marielle". Lula voltou a criticar a condução econômica do governo federal, numa demonstração do que deve ser o mote de sua atuação na oposição e atacou de forma rápida o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a quem chamou de "canalha".