O impasse na saúde brasileira
Ainda bem que existe o Sistema Unificado de Saúde (SUS) e tomara que ele não piore e nem perca importância. Se isso acontecer, o equilíbrio precário entre saúde privada e pública no Brasil pode ser alterado a qualquer momento. Quem tem dinheiro para pagar um plano, o equivalente a 25% da população do País, consegue no serviço privado o atendimento que necessita.
Quem não pode, os outros 75% dos brasileiros, mais de 160 milhões de pessoas, usa o sistema público, que tem funcionamento desigual – em alguns locais é bom e em outros, como no Rio de Janeiro, enfrenta problemas de demora de atendimento e falta de capacidade para a prestação de serviços – mas, de um modo geral, atende as necessidades dos pacientes. Nos últimos anos, por causa da crise econômica e do desemprego, houve uma redução de três milhões de usuários nos planos de saúde. O resultado foi o aumento da pressão sobre o SUS, que ampliou o número de consultas e procedimentos hospitalares.
Outro efeito da crise foi o desenvolvimento de uma terceira via da saúde, que inclui o uso de aplicativos médicos, o aumento da utilização de clínicas e hospitais populares e a busca de planos mais baratos. Em 2020, essa terceira via continuará em expansão.
O SUS é a única opção para os mais pobres, mas apresenta problemas como o longo tempo de espera por uma consulta, exame ou cirurgia
Cafés especiais ajudam produtores de Minas a conquistar novos mercados
Cafeicultores da região do Cerrado Mineiro, no noroeste do estado, estão expandindo o cultivo de grãos especiais e apostando em um certificado de origem para valorizar sua produção e conquistar novos mercados.
Para ser chamado de especial, o café deve ser livre de impurezas e seguir parâmetros de aroma e sabor (ter acidez equilibrada, por exemplo), entre outras exigências, de acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais.
O investimento nesse cultivo atende a uma demanda crescente. Segundo estimativa da entidade, o consumo nacional de cafés especiais aumentou 15% entre 2018 e 2019, chegando a 72 mil toneladas.
Na fazenda Semente, no município de Patrocínio, a duas horas de Uberlândia, o plantio desses cafés começou há dois anos. Na última colheita, os grãos especiais representaram cerca de 10% da produção.
Virgínia Siqueira, 50, dona da propriedade, diz que o café especial ajuda a abrir mercados, mas requer mais cuidados que o produto comum, da lavoura à armazenagem.
Para conseguir cafés de nível superior, muitas vezes é preciso fazer a colheita manual, na qual são selecionados com maior precisão os grãos maduros, que vão proporcionar doçura à bebida.
A família da agricultora atua no Cerrado Mineiro desde os anos 1970, quando a cafeicultura se iniciou por ali, segundo a Federação dos Cafeicultores do Cerrado. “Naquela época, ninguém acreditava que era possível produzir um produto de qualidade na região”, afirma Virgínia.
Mas avanços foram conseguidos com a adição de calcário para corrigir o solo ácido e com o desenvolvimento de sistemas de irrigação, entre outros processos.
Quem é quem - FOLHA DE SP
Ainda que seja por demais prematuro especular sobre a sucessão presidencial de 2022, a pesquisa Datafolha sobre a confiança depositada pelos brasileiros em lideranças e potenciais candidatos fornece informações valiosas acerca do novo cenário político nacional.
Decorrido um ano do governo Jair Bolsonaro, o descrédito de nomes tradicionais do quadro partidário permanece. Apenas 11% dos aptos a votar atribuem notas elevadas a Ciro Gomes (PDT), velho conhecido de disputas pelo Palácio do Planalto, assim como Marina Silva (Rede), que marca 9%.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) obtém 10%. Ainda mais fraca é a credibilidade do governador de São Paulo, João Doria, que em tese está à frente da renovação tucana —não mais de 7% dos entrevistados conferiram a ele índices de confiança 9 e 10, os maiores da escala iniciada em 0.
Caso à parte entre os líderes estabelecidos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém o reconhecimento de 30% dos eleitores, graças, em especial, à sua influência no Nordeste, onde recebe 49%.
Ofuscam tais números, entretanto, as incertezas jurídicas em torno do ex-presidente, condenado sob acusação de corrupção, no momento inelegível e ainda alvo de mais processos —some-se a isso a escassez de outros líderes de projeção nacional no partido.
Entre os emergentes, o apresentador de TV Luciano Huck pontua bem, com 21% no país, 28% no Nordeste e nota média de 5,1 (a de Lula é 5). Se vier a ser candidato, não soa improvável que faça acenos à centro-esquerda, para se contrapor a Bolsonaro e disputar os lulistas.
No governismo desponta o ministro Sergio Moro, da Justiça, que conta com a elevada confiança de 33% dos pesquisados, bem superior aos 22% do próprio presidente.
Se parecem claras as ambições políticas do ex-juiz da Lava Jato, uma hipotética candidatura presidencial em 2022 teria de passar por um complexo rompimento com o Planalto. Não é fortuito, portanto, que Bolsonaro já tenha citado Moro como um possível vice na chapa para a tentativa de reeleição.
Evite em 2020 estes três erros que cometeu em seus investimentos de 2019
O início de ano é um momento de reflexão e promessa. Refletir sobre o que errou no ano anterior e prometer a si mesmo o que deve evitar no ano que se inicia. Analiso três destes erros que muitos cometeram em 2019 e proponho alternativas para melhorar o desempenho de sua carteira em 2020.
Caderneta de Poupança
Segundo relatório do Banco Central do Brasil (BC) de 03/01/2020, o saldo em caderneta de poupança acumulava ao final de 2019 o total de R$ 844,3 bilhões. Pior que o saldo é saber que a captação líquida neste ano que se encerrou foi de R$12,2 bilhões.
A rentabilidade da poupança em 2019 foi de 4,18%. Esta rentabilidade deve se equiparar com a inflação medida pelo IPCA para o mesmo período. Logo, o investidor que aplicou na poupança teve apenas a correção de seu poder de compra. Mas a perspectiva deste produto é muito pior.
A caderneta rende 70% da taxa Selic. Portanto, ela deve se valorizar apenas 3,15% ao ano (ou 0,26% ao mês) a partir de dezembro de 2019. Como a meta de inflação do BC é de 4% em 2020, o investidor da poupança deve perder da inflação mesmo que o BC seja eficiente em sua responsabilidade.
Então por que tantos brasileiros continuam aplicando, mesmo sabendo que vão ter um resultado certo ruim?
Existem dois falsos argumentos que são usualmente utilizados para justificar a aplicação na poupança.
Alguns argumentam que a poupança seria uma alternativa para investimentos de liquidez, mas isto é uma falácia. A poupança não é um investimento de liquidez. Se resgatada entre as datas de aniversário, ela perde seu retorno. As alternativas de liquidez à poupança são fundos DIs ou CDBs de liquidez diária que remunerem mais de 83% do CDI.
Eleição de 2020 já tem mais de 200 pré-candidatos a prefeituras de capitais
A menos de dez meses da eleição municipal de outubro, a lista de pré-candidatos às prefeituras das capitais brasileiras já ultrapassa a marca de 200 postulantes. O número pode aumentar, uma vez que ainda não há certeza sobre a criação da Aliança pelo Brasil nem sobre os candidatos que serão apoiados de fato pelo presidente Jair Bolsonaro, que abandonou o PSL. A Folha consultou líderes e presidentes de partidos nas últimas semanas, chegando a 224 nomes, isso sem contar as legendas nanicas.
Nem todos terão suas pretensões confirmadas, sendo que outros devem surgir nos próximos meses. As candidaturas só serão oficializadas nas convenções partidárias realizadas de 20 de julho a 5 de agosto. O primeiro turno da eleição municipal (prefeitos e vereadores) é em 4 de outubro, e o segundo, no dia 25 do mesmo mês.
Eleito pelo PSL, Bolsonaro tenta cumprir a burocracia legal —o que inclui o recolhimento e validação cartorial de 492 mil assinaturas de apoio— para colocar de pé a Aliança pelo Brasil até o início de abril, data máxima para a nova agremiação disputar a eleição.
O presidente ainda não se manifestou claramente sobre quais candidatos apoiará nos estados.
Em São Paulo, tenta fechar acordo com o apresentador José Luiz Datena (hoje sem partido). No Rio, pode apoiar um de seus fiéis escudeiros, o deputado federal Helio Negão, ou o deputado estadual Rodrigo Amorim. Em Belo Horizonte, as chances maiores, hoje, apontam para o deputado estadual Bruno Engler. Todos esses foram eleitos pelo PSL e devem migrar para a Aliança.
“Ideologia” será tema dos debates eleitorais
Coluna do Estadão
05 de janeiro de 2020 | 05h00
A dez meses das eleições municipais, presidentes de partidos, potenciais candidatos, analistas e marqueteiros se empenham em vislumbrar os caminhos que nortearão as campanhas. Ainda há muita incerteza, mas, no arrazoado das análises colhidas pela Coluna as apostas são de que, ao menos nas grandes capitais, o ambiente polarizado que toma conta do País esteja presente nos debates e crie um ambiente de “direita versus esquerda, corruptos versus não corruptos”. Será muito difícil para as candidaturas escapar da “ideologização”, dizem.
Ainda… Há, porém, uma diferença fundamental no atual cenário, especialmente em relação a 2016, no que diz respeito à Lava Jato. As eleições municipais daquele ano foram marcadas pelo auge da operação e pelo declínio do PT.
…pulsa. Agora, nem a Lava Jato é tão poderosa, nem o PT está tão combalido, resume um marqueteiro. Ele, porém, alerta, que as revelações e os impactos da operação contra a corrupção são muito vívidos na percepção dos brasileiros e ainda terão grande peso.
Para lembrar. Em 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff (PT), as eleições municipais foram nacionalizadas e ofuscadas pelos embates travados nas tribunas do Congresso.
Nova… As agruras de Jair Bolsonaro no governo, especialmente na diferença entre teoria e prática do combate à corrupção, levam parte dos analistas a apostar na relativização dos supostos poderes transformadores da “nova política”.
…velha roupa. Porém, eles acham que o embate “novo” contra “velho” deverá ganhar tons de “direita” contra “esquerda”.