Criticadas por ministro, carreatas anticonfinamento alinhadas com Bolsonaro se repetem pelo país
Manifestantes repetiram em algumas cidades do país neste domingo (29) carreatas com pedidos de suspensão de medidas anticonfinamento (como fechamento de comércio e escolas) adotadas por alguns estados em meio à pandemia do coronavírus.
Criticadas pelo ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e impulsionadas por discurso do próprio presidente Jair Bolsonaro, uma das carreatas passou por grandes avenidas de São Paulo, como a Paulista, e foi recebida com panelaços de prédios e gritos de "Fora, Bolsonaro" no centro.
Assim como nos últimos dias, uma marca dos atos é a presença dos manifestantes sempre dentro de seus carros, em meio à pandemia que já matou 136 pessoas no país até este domingo.
Em 24 horas, 22 pessoas morreram em decorrência da Covid19. No sábado, eram 114 mortes. O país registra 4.256 casos da doença.
Na semana passada, o próprio presidente postou em sua conta em rede social o vídeo de uma carreata realizada em Balneário Camboriú (SC) contrária ao isolamento social, uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Já neste domingo, Bolsonaro conclamou as pessoas a voltarem para as ruas para trabalhar e disse estar com "vontade" de fazer um decreto para liberar todas as atividades.
"Eu estou com vontade, não sei se eu vou fazer, de baixar um decreto amanhã: toda e qualquer profissão legalmente existente ou aquela que é voltada para a informalidade, se for necessária para levar o sustento para os seus filhos, para levar leite para seus filhos, para levar arroz e feijão para casa, vai poder trabalhar", afirmou Bolsonaro.
Salvador também teve carreata na manhã desse domingo. O grupo de manifestantes pedia a volta do funcionamento do comércio e o fim do isolamento social.
O buzinaço durou cerca de duas horas. Partiu da Boca do Rio, passou pela orla e por locais como a avenida Manoel Dias da Silva e seguiu em direção ao Farol da Barra, onde os participantes encerraram o ato no início da tarde.
Outro ato foi realizado ainda no sábado (28), em Caruaru (PE), que teve buzinaço pelas principais ruas da cidade. Assim como em Salvador, os manifestantes pediram o fim das medidas estipuladas pela quarentena. Os atos são contrários às recomendações feitas pelas autoridades de saúde, que defendem o isolamento social como medida para evitar a rápida propagação do novo coronavírus.
Chuvas formam fortes quedas d'água na Cachoeira de Missão Velha; água segue para o Castanhão
As chuvas da última semana mudaram a paisagem da Cachoeira de Missão Velha, no município homônimo, um dos cartões-postais da região do Cariri. A confluência das águas que formam o Rio Salgado compõe três quedas d’água de aproximadamente 12 metros de altura. O recurso hídrico contribui com o aporte do açude Castanhão, que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Chuvas formam fortes quedas d'água na Cachoeira de Missão Velha; água segue para o Castanhão https://bit.ly/2UKTz6j
Nos quatro principais territórios que formam as águas que caem na Cachoeira de Missão Velha choveu acima de sua média histórica, neste mês de março. Em Crato, foram 439 milímetros, até agora, o que representa 78,8% acima de sua média (245,6 mm). Já em Juazeiro do Norte, registrou 430 milímetros, número 81% acima (237,5 mm).
Contra epidemia econômica, a vacina é dar muito dinheiro
O governo tem preferido fazer o mínimo para atenuar a coronacrise. Quer gastar o mínimo possível, que não é o mínimo necessário ou prudente. Quer que a economia volte a rodar o quanto antes, sem as amarras de cordões sanitários e equivalentes; sem mais gasto público.
Essa é a opinião desse indivíduo que ocupa a Presidência, afinada com a de seus economistas, embora o indivíduo tenha também motivos que a razão desconhece.
A preferência fica evidente nas medidas de socorro. Em larga medida, trata-se de adiamento de impostos, antecipação de benefícios sociais, suspensão de dívidas ou oferta de crédito. Tais medidas são úteis, se parte de um plano maior, que inexiste, porém.
O adiamento de despesas cria um passivo, um peso a ser carregado por uma economia muito deprimida, o que deve tornar ainda mais lenta a recuperação depois da epidemia.
“Depois da epidemia” não é uma data, mas uma época, um tempo que vai se arrastar, uma convalescença demorada. O problema será tanto menor quando mais empresas e famílias resistam à peste econômica. Para que assim seja, é preciso compensar a renda destruída pelo paradão da coronacrise, não apenas criar passivos talvez impagáveis para daqui a alguns meses.
De mais impactante até agora, deve haver doação de R$ 60 bilhões para informais sem trabalho, que devem ficar com R$ 600 por mês cada um, graças ao Congresso, pois o governo propunha a mesquinharia de um terço disso.
O crédito para pequenas e médias empresas é uma boa ideia que o governo adotou no mínimo possível, com atraso. Não está previsto crédito para empresas que empregam dois terços dos trabalhadores com CLT (na média geral, ganham R$ 2.300 mensais).
Vários deles trabalham em empresas “grandes” (faturam mais de R$ 10 milhões por ano), várias delas com caixa. Certo. Mas muitas dessas “grandes” quebrarão também se não tiverem ajuda.
Ainda não há dinheiro ou plano para microempresas e seus milhões de empregados. A empresa mais comum no Brasil é a loja de roupas, 1,1 milhão de empresas, segundo o Sebrae. Em segundo lugar? Cabeleireiros, manicure e pedicure (808 mil). Comércio de comida: 508 mil. Restaurantes, lanchonetes e similares: 811 mil. Etc. A economia real é feita de uns 17 milhões de negócios modestos, vários já à beira da ruína.
Um pacote de crédito de bom tamanho para evitar a crise das micro, pequenas e médias seria o triplo do imaginado pelo governo, estimam entendidos. Além do mais, parte desse dinheiro deveria ser mera doação, em especial para os menores.
A saída da epidemia será lenta. Dependerá da redução do contágio e da letalidade, o que diminuiria o medo e a necessidade de confinamentos estritos. Menos contágio e mortes dependem de recursos para a saúde, mas ainda falta álcool em hospital.
O relaxamento das restrições dependerá de milhões de testes para que se coordene o isolamento de doentes e a reabertura da economia. Dependerá de remédios, ainda fora do horizonte. Dependerá de coordenação nacional, sabotada de modo feroz e ignorante pelo elemento na Presidência.
A retomada será tímida. Pessoas terão medo de se aglomerar nos comércios; terão menos renda e poupança. A economia mundial andará devagar. Mesmo na China, de tantas medidas agressivas, há tropeços na lenta recuperação e medo de recaída.
Mas, para haver retomada, é preciso aumentar o número de sobreviventes da peste econômica. Será simplesmente preciso dar muito dinheiro.
Varejistas avisam Bolsonaro de que vão demitir se as lojas não forem reabertas
Grandes empresas do varejo, um dos setores mais afetados pela onda do coronavírus, têm avisado ao presidente Jair Bolsonaro que vão demitir, em média, até um terço de seus funcionários caso a pressão para reabrir as lojas não surta efeito até meados de abril.
Atualmente, o comércio emprega 23,5% dos trabalhadores com carteira assinada. São 9,1 milhões de pessoas. As principais redes respondem por cerca de 20% desses postos —1,8 milhão de trabalhadores.
As demissões englobariam, portanto, cerca de 600 mil empregados, segundo executivos que participaram das discussões no setor. Para ter uma dimensão da destruição de vagas, em todo o ano passado foram criados 644 mil postos formais de trabalho no país, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Embora oficialmente admitam estar empenhados em preservar empregos e seguir as recomendações de confinamento definidas pelas autoridades de saúde, empresários têm mantido contato com Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia) para convencê-los a implementar um modelo similar ao da Coreia do Sul.
O país asiático liberou parte da população para o trabalho depois da realização maciça de testes para garantir que não haveria uma nova fase de contaminação.
Liderados por Flávio Rocha, dono da Riachuelo, e Luiza Trajano, da Magazine Luiza, os grandes comerciantes estão preocupados com os efeitos de um isolamento mais prolongado na cadeia produtiva.
“Uma empresa do porte da nossa tem estrutura de capital e caixa para atravessar este momento sem precisar demitir”, disse à Folha Rocha, dono da Riachuelo.
“Estamos empenhados em seguir as orientações, mas aguardamos uma retomada o mais breve possível.”
Segundo o empresário, sua rede enfrenta uma redução de mais de 90% nas vendas.
Brasil registra 3904 casos de coronavírus e 111 mortes decorrentes da doença
O Brasil registrou hoje, em atualização da plataforma do Ministério da Saúde, 3.904 casos confirmados da covid-19, transmitida pelo novo coronavírus. O número corresponde a 487 novas confirmações em relação à última atualização de ontem dos dados da pandemia no País, 14% de incremento.
As mortes pela doença chegam a 111, com aumento de 19 casos em relação a ontem. O índice de letalidade está em 2,8%. O horário de fechamento dos números foi às 15h deste sábado, 28.
O País tem infectados em todas as regiões e Estados. São Paulo é a unidade da Federação mais afetada pela doença, com 1.406 casos confirmados. Em seguida, Rio de Janeiro (558), Ceará (314) e o Distrito Federal (260).
Neste sábado, o governo do Distrito Federal, informou, que errou ao divulgar o registro da primeira morte por covid-19 na sexta-feira. Segundo o GDF, a suspeita foi descartada após o teste do homem dar negativo para a doença. Até o momento, nenhuma morte foi registrada na capital do Brasil. ISTOÉ
Supremo nega recurso de Lula para validar nomeação como ministro de Dilma
Paulo Roberto Netto / O ESTADO DE SP
28 de março de 2020 | 15h18
Em uma briga jurídica que dura quatro anos e perpassa três mandatos presidenciais, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou recurso apresentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo reconhecimento de sua nomeação para ministro do governo Dilma Rousseff (PT), em 2016. Os ministros negaram validar a indicação do petista – apenas Ricardo Lewandowski votou a favor.
A indicação foi suspensa por liminar do ministro Gilmar Mendes naquele ano, mas a decisão final sobre o caso foi tomada em março de 2019 após a Corte considerar o objeto da ação ‘prejudicado’ — Dilma teve o mandato cassado em agosto de 2016 após um processo de impeachment no Congresso.
O pedido de Lula foi feito na última segunda-feira, 6, no âmbito de um mandado de segurança impetrado pelo PPS contra a nomeação e posse do petista para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil em março de 2016.
Na época, o Palácio do Planalto promoveu uma cerimônia em que a então presidente Dilma Rousseff empossou o ex-presidente como titular da Casa Civil, em uma tentativa de reorganizar a base aliada e conter o avanço do processo de impeachment no Congresso. Investigado pela Operação Lava Jato, Lula também ganharia foro privilegiado na condição de ministro, saindo da alçada do juiz federal Sérgio Moro.
A posse de Lula, no entanto, foi suspensa um dia depois da solenidade por liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF. Gilmar alegou que a nomeação do petista poderia representar uma “fraude à Constituição”, com indícios de que a nomeação de Lula tinha como objetivo que as investigações contra ele fossem levadas ao STF, e não mais tocadas por Moro.
Gilmar também considerou que um telefonema gravado entre Lula e Dilma, tornado público, mostrou que ambos tinham receio de que o petista fosse preso, o que teria feito a então presidente enviar um termo de posse ao padrinho político antes mesmo da realização da cerimônia oficial no Planalto. O ministro já havia rejeitado um recurso apresentado pela defesa do petista, que agora pede que um outro recurso seja analisado pelo plenário.
“Sua imediata análise, no entanto, se faz mais do que necessária para, vênias concedidas, corrigir possível erro histórico cometido por esta Excelsa Corte”, dizem os advogados de Lula.
“Relembre-se, por oportuno, que o Peticionário, à época dos fatos, preenchia todos os requisitos previstos no artigo 87 da Constituição Federal para o exercício do cargo de ministro de Estado, além de estar em pleno exercício de seus direitos políticos, pois não incidente em qualquer das hipóteses previstas no art. 15 da Carta da República. O Peticionário, ademais, sequer era indiciado, denunciado ou mesmo réu em ação penal”, destaca a defesa do petista.
Delação. A nova manifestação de Lula foi feita depois de o presidente Michel Temer nomear Moreira Franco como ministro para a Secretaria-Geral da Presidência, posto recriado pelo peemedebista por medida provisória. Petistas acusam Temer de recriar a pasta para conferir foro privilegiado ao aliado, citado em delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho.
O partido Rede Sustentabilidade impetrou um mandado de segurança pedindo ao STF a suspensão da nomeação de Moreira Franco. No processo, a Rede Sustentabilidade destaca a decisão de Gilmar Mendes contra Lula.
"O sr. Moreira Franco, assim como Lula, foi destinado às pressas para um ministério, agravado pelo fato de que, neste caso, foi criado sem razões de interesse público que o justifiquem; (...) referida manipulação acontece com o único intuito de conferir-lhe foro por prerrogativa de função após os desdobramentos da operação Lava Jato", sustenta a Rede.
Claudio Melo Filho afirmou em seu a anexo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato que tratou com Moreira Franco de negócios da empreiteira na área de aeroportos. Também citou “pressão” por parte de Moreira Franco em negócios de aeroportos. Ele nega.