Sem protocolo geral, abre e fecha prolonga isolamento e aprofunda crise
Há duas semanas, o governo do Ceará foi um dos primeiros a tentar relaxar a política de isolamento social no país, liberando algumas atividades não essenciais. A decisão durou menos de três horas e foi revogada.
Na quinta (16), o estado informou que 100% dos leitos de UTIs do sistema público estavam lotados. Há fila de espera, e a previsão é que haja 250 mortos ao dia a partir de maio.
Com Fortaleza transformada em um dos epicentros da Covid-19 e os casos se alastrando para o interior, o estado precisará decidir novamente nesta segunda (20) o que fazer com o isolamento.
Ele provavelmente será prorrogado outra vez, segundo indica o governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
Sem um protocolo nacional, o efeito “abre e fecha” é hoje o maior desafio de estados e municípios para conciliar a saúde, o isolamento e a economia diante das consequências deletérias da pandemia.
Quase dois meses após a chegada da Covid-19, o Brasil ainda não tem um plano.
Como agravante, a intensidade e abrangência geográfica do impacto do coronavírus será diferente em muitas das 27 unidades da Federação e 5.569 municípios, o que tende a provocar ondas intermitentes de paralisação.
Na Europa, as autoridades já divulgam como regra para relaxar o isolamento observar um período sem a propagação do vírus e a capacidade hospitalar regional.
Nos Estados Unidos, haverá etapas definidas pelo governo central para os estados, que escalonarão os tipos de estabelecimentos que poderão reabrir (primeiro escolas, depois restaurantes, por exemplo) e as pessoas que circularão livremente (crianças e adultos antes dos idosos).
Além da definição desses protocolos, os países prometem multiplicar os testes para a Covid-19 e o uso de máscaras entre a população.
No Brasil, mesmo a questão das máscaras tem sido facultativa, embora haja iniciativas como a de Mato Grosso de aprovar multa de R$ 140 para quem não usar a proteção.
“O fantástico no Brasil é que nada disso sequer está sendo discutido, o que é inacreditável”, afirma Armando Castelar, coordenador de economia aplicada do Ibre/FGV.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a defender a volta indiscriminada dos brasileiros ao trabalho, esse debate foi interditado até mesmo dentro do governo federal, o que acabou levando à demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), na semana passada.
O estado de São Paulo, que também tateia uma saída para o isolamento, decidiu na sexta (17) adiar novamente, até 10 de maio, o fim das restrições de circulação de pessoas e a abertura de negócios.
Mas, em cidades do interior como Indaiatuba e São José do Rio Preto, prefeitos vêm flexibilizando a medida, permitindo atividades em igrejas, salões de beleza, bancas de jornal e óticas.
“Como não há um protocolo nacional, diferentes estados e municípios adotam medidas distintas, o que torna pouco previsível a evolução da curva de casos no país como um todo, dificultando o enfrentamento desta crise”, afirma Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo.
No caso paulista, segundo ele, o estado continuará seguindo “dados científicos” para tomar decisões sobre o isolamento.
Só na semana passada o Ministério da Saúde determinou que os hospitais informem em uma plataforma única a lotação de seus leitos de UTI.
Até que essas informações estejam consolidadas, milhares de cidades e centenas de regiões continuarão no escuro sobre a real capacidade de atendimento de sua população.
Efeito de 30 dias de isolamento abala setores da economia do Ceará 02
Ele diz não ter medo de "pegar" a Covid-19, mas teme a possibilidade de passar para o filho ou a mulher. "Eu tenho fé que eu não vou pegar. Deus me proteja", pede.
Com a renda reduzida a um quinto do que faturava antes da pandemia, o trabalho nos três primeiros dias desta semana deu apenas para conseguir continuar comendo e preparando os lanches, mas a fatura do cartão de crédito está atrasada, assim como outros gastos essenciais da família.
E o cenário não é diferente para as empresas, que sentem os impactos da redução da atividade econômica, mas ainda não mensuram perdas.
Medida em outras escalas, a pandemia também tem afetado o comércio formal tanto quanto o informal. Segundo o presidente da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, várias empresas já relataram demissões de funcionários por não conseguir pagar as contas nesse momento de dificuldade. A Fecomércio, contudo, ainda não contabilizou oficialmente o número de postos encerrados até aqui.
Filizola conta que a redução de atividade econômica forçou empresários, sim, a fazerem cortes no quadro de funcionários e prejudicou a relação com fornecedores e clientes. Com faturamento reduzido, fornecedores não estão conseguindo honrar contratos, enquanto clientes têm feito menos compras durante esse primeiro mês de pandemia do coronavírus no Ceará.
Membro do comitê do Governo Estadual de combate à Covid-19, Filizola relatou que tem recebido pleitos de empresários de todo o Estado para que o comércio possa reabrir, e que tem levado essas demandas ao Governo. Apesar de reconhecer a questão da saúde como muito importante e que precisa ser levada em conta, fazendo com que a reabertura do comércio seja bem planejada e com cautela, ele defendeu que a vida das empresas seja, também, considerada nesse momento.
"Todos os sindicatos filiados na nossa base trazem clamores para que possamos voltar a trabalhar, nem só os empresários, mas também a classe trabalhadora. Agora, claro que essa volta terá de ser pensada com cautela, com uso de máscaras, álcool em gel e horário reduzido. Mas falta, por parte do Estado e dos Municípios, abrir esse canal de diálogo mais abrangente", disse.
Indústria
A indústria também tem sentido os impactos do primeiro mês de isolamento social. Contudo, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, ponderou a situação, dizendo que não há "necessidade de fazer balanços, pois por mais que o façamos, tudo nos parecerá pequeno diante do tamanho que o problema se mostra capaz de alcançar".
Ele destacou os esforços da Fiec em colaborar com o Poder Público no combate ao coronavírus. Ele contou que a Fiec tem se organizado e já entregou às unidades de saúde envolvidas no atendimento a pacientes infectados por Covid-19, 18,47 mil protetores faciais, 3,9 mil máscaras em TNT, 200 aventais, 93,9 mil moldes de máscaras de tecido, além da produção de 100 litros de álcool em gel por dia.
Cavalcante revelou que a Federação está trabalhando para estruturar uma rede de apoio ao sistema produtivo, negociando com os governos Federal, Estadual e Municipal, o sistema financeiro e demais órgãos competentes.
"Estamos atentos a potenciais desdobramentos econômicos como ampliação das demandas por serviços e a possível redução de recursos disponíveis, temos ainda traçados planos de reestruturação organizacional do Sistema Fiec, de modo a podermos atender a contento as nossas indústrias e seus quadros, quando da retomadas das atividades", explicou Cavalcante.
Economia
Para o economista Ricardo Eleutério, o segundo trimestre de 2020 será o pior momento econômico deste ano, sendo impactado pela pandemia do novo coronavírus. Ele explicou que o Ceará deverá passar por um cenário semelhante a todo o mundo, sentindo a redução da atividade econômica de forma mais incisiva durante o período de isolamento. Mas ele afirmou que o segundo semestre já deverá apontar para uma recuperação, apresentando números melhores.
"A queda da atividade econômica será acentuada em todo o mundo, impactando o Ceará também, mas para o segundo semestre devemos ter uma melhora ou parada de queda, porque com o achatamento da curva de contágio, o isolamento será flexibilizado, mas a gente ainda deverá encerrar o ano com uma queda grande", avaliou.
Eleutério destacou que, no entanto, não será uma recuperação fácil, já que 75% do Produto Interno Bruto do Ceará, assim como várias regiões do mundo, é representado por comércio e serviços, setores extremamente impactados pela pandemia do coronavírus. Além disso, o economista ressaltou que será preciso que o Governo Federal adote uma postura diferente a partir desta crise, aumentando a presença do Poder Público na economia, adotando medidas para romper o ciclo da crise.
"O Governo precisa aumentar a presença na economia para compensar o freio no setor privado, aplicando renúncias fiscais para segurar a capacidade de investimento e consumo", disse Eleutério. "Temos que ter um redução de tributos, e precisamos de uma política 'keynesiana', que indica uma política fiscal para evitar o fundo do poço. Precisamos de uma política anticíclica, aumentando investimentos públicos para dar um ânimo na economia. Isso feito em 2008 e outras crises", completou. DIARIONORDESTE
Efeito de 30 dias de isolamento abala setores da economia do Ceará
A bicicleta que antes ficava rodeada por pessoas e carregada de salgados e sucos por todos os bairros que percorria em Fortaleza teve, no último mês, cada dia menos gente ao redor, ou até ninguém. Márcio - nome fictício do proprietário da bike, trocado a pedido dele - permanece insistindo na rotina diária de sair cedo e voltar à noite para casa, infringindo o decreto estadual de isolamento social na tentativa de sustentar a mulher e o filho com o trabalho de vendedor de lanches. Mas o resultado não tem sido favorável.
Boletim oficial
Atualizado em 19/04, 9h34
Ceará | Nordeste | Brasil | |
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A história de Márcio expõe a fragilidade da população mais vulnerável, de trabalhadores autônomos e informais cuja participação na economia sempre foi ativa, mas, diante da crise gerada pelo novo coronavírus, torna-se insustentável. Os primeiros trinta dias de isolamento social afetaram bruscamente os negócios e a renda.
Com fábricas, lojas e escritórios fechados, não há mais quem compre seus produtos. "Antes eu trazia 70, 80 lanches, mas hoje trago só 30 e nem vendo tudo. Para quem recebia R$ 250, R$ 300 por dia, hoje, eu tiro nem R$ 50. Eu faço a mesma rota que fazia antes, mas tudo está fechado, não tem ninguém para comprar", lamenta.
Com a redução da renda, Márcio teve de buscar o apoio do auxílio de R$ 600 anunciados pelo Governo Federal. Mas até agora não obteve a aprovação pelo aplicativo da Caixa. Ele contou que, juntamente com sua esposa, fez o cadastro no primeiro dia de liberação do programa. O processo, no entanto, segue em análise. Sem a ajuda, Márcio continua saindo em busca das vendas, mesmo com o risco de contágio pelo coronavírus. DIARIONORDESTE
Ele diz não ter medo de "pegar" a Covid-19, mas teme a possibilidade de passar para o filho ou a mulher. "Eu tenho fé que eu não vou pegar. Deus me proteja", pede.
Com a renda reduzida a um quinto do que faturava antes da pandemia, o trabalho nos três primeiros dias desta semana deu apenas para conseguir continuar comendo e preparando os lanches, mas a fatura do cartão de crédito está atrasada, assim como outros gastos essenciais da família.
E o cenário não é diferente para as empresas, que sentem os impactos da redução da atividade econômica, mas ainda não mensuram perdas.
Ele diz não ter medo de "pegar" a Covid-19, mas teme a possibilidade de passar para o filho ou a mulher. "Eu tenho fé que eu não vou pegar. Deus me proteja", pede.
Com a renda reduzida a um quinto do que faturava antes da pandemia, o trabalho nos três primeiros dias desta semana deu apenas para conseguir continuar comendo e preparando os lanches, mas a fatura do cartão de crédito está atrasada, assim como outros gastos essenciais da família.
E o cenário não é diferente para as empresas, que sentem os impactos da redução da atividade econômica, mas ainda não mensuram perdas.
Bacia dos Sertões de Crateús tem maior recuperação hídrica em 2020
Com uma recarga de aproximadamente 300 milhões de metros cúbicos de água, a Bacia dos Sertões de Crateús registrou até agora, em termos percentuais, a maior recuperação hídrica do Ceará neste ano. Após quase uma década de seca severa, três dos 10 reservatórios que compõem a Bacia estão sangrando e a maioria recebeu aporte importante para garantia hídrica das cidades abastecidas. Com essa melhoria, possibilitada pelos bons volumes pluviométricos dos meses iniciais de 2020, mais de 250 mil cearenses, que vivem em nove municípios atendidos pela Bacia, foram beneficiados.
A Bacia iniciou o ano com acúmulo de apenas 5,4%, volume que saltou para 44,46% até ontem (18), conforme dados da Cogerh. O último ano com boas chuvas na região havia sido 2009.
"Nós chegamos a ter, na Bacia, só 1,7% ao fim de uma quadra chuvosa, em 2017. Neste ano, nós estamos com 44,4%, o que representa quase metade da capacidade e isso é muito animador", avalia Bruno Rebouças, diretor de Operações da Cogerh.
Apesar disso, o representante adverte que a situação precisa ser analisada com cautela e a longo prazo. "Temos que observar que vivemos em uma região semiárida, e que um dos aspectos mais relevantes nesse contexto é justamente a má distribuição da chuva no tempo e no espaço", aponta. Exemplo disso é o Açude Barra Velha, em Independência, que segue com volume morto, com menos de 1% da capacidade. Hoje, o Município depende da transferência de água dos reservatórios Cupim e Jaburu II, também na Bacia dos Sertões de Crateús.
Aporte
Os reservatórios Barragem do Batalhão e Carnaubal, ambos localizados no município de Crateús, e o reservatório Sucesso, em Tamboril, excederam sua capacidade e permanecem sangrando desde março. Além deles, o Colina, em Quiterianópolis, também está sangrando, conforme dados da Cogerh. No início do ano, os quatro reservatórios estavam com volume em 30,20%, 4,39%, 54,24% e 44,23%, respectivamente. O bom aporte destes quatro açudes beneficia diretamente mais 118 mil habitantes das cidades acima mencionadas.
Cenário semelhante
A Bacia do Banabuiú, também localizada na Mesorregião do Sertão Central, que historicamente recebe as menores precipitações do Estado, igualmente acumulou recarga importante neste ano. "Iniciamos 2020 com 155 milhões de metros cúbicos e tivemos um aporte de pouco mais de 96 milhões, o que é muito significativo", ressalta Paulo Ferreira, gerente regional da Cogerh em Quixeramobim. "Isso se deu em várias regiões da bacia, o que possibilitou que açudes que estavam com volume morto ou completamente secos desde 2015 voltassem a ter recargas".
Neste cenário, o gerente destaca quatro reservatórios. "O Vieirão, que abastece Boa Viagem, estava seco no início do ano e teve aporte de 2,870 milhões de metros cúbicos. Outro que estava completamente seco era o Serafim Dias, que abastece Mombaça, hoje, próximo a 1 milhão/m³. Também o Pedras Brancas, que abastece Quixadá e Quixeramobim, que estava com 35 mi e agora conta com 45 mi", detalha.
Mesmo diante das boas recargas, Bruno Rebouças diz que ainda não é momento para deliberar o uso da água para agricultura. Ele cita, novamente, o histórico de baixos volumes na região e explica que é preciso chegar ao fim da quadra chuvosa para decidir sobre a utilização do líquido.
"Passado este período, os comitês de bacia deliberam sobre o uso da água e como ela vai ser distribuída para atender os usos múltiplos, sempre priorizando o abastecimento humano", destaca Rebouças.
O objetivo destes encontros semanais é preservar e otimizar a água nos açudes do Ceará. DIARIONORDESTE
EM BUSCA DE MAIS PODER. É SÓ BOLSONARO?
O presidente Bolsonaro, insistindo em politizar o combate à Covid-19, continua defendendo a retomada da economia sem base em dados reais, e admite candidamente que se a situação piorar ele será responsabilizado: “É um risco que corro”, disse, como se fosse um herói correndo riscos para salvar o emprego dos mais pobres.
Mas o risco não é dele, não, o risco é nosso, de todo o povo brasileiro, especialmente daqueles mais pobres que supostamente estaria defendendo. Na sua cruzada contra os governadores e os demais poderes da República, Bolsonaro acusa o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de querer derrubá-lo em conluio com o Supremo Tribunal Federal.
Já havia se lamentado publicamente pelo fato de o STF ter dado aos governadores e prefeitos autonomia para definir regras de defesa sanitária em seus estados e municípios. Num populismo descarado, critica as medidas repressivas dos governos, para fazer com que os recalcitrantes cumpram o isolamento social ficando em casa.
As autoridades têm o poder, dado pela Constituição, de tomar medidas legais contra aqueles que põem em risco a vida da coletividade, tanto que o Código Penal considera crime “infringir determinação do poder publico destinada a impedir a introdução ou propagação de doenças contagiosas”.
Embora ressalvasse que não estava querendo incentivar a desobediência civil, incentivou na prática ao dizer que “prisões ilegais devem ser rechaçadas”. Talvez tenha sido um mero erro de português, mas não há maneira de rechaçar uma ação repressora sem um enfrentamento.
Bolsonaro posa de defensor dos direitos individuais, logo ele, que defende a tortura e a ditadura, vem agora falar em direito de ir e vir, em liberdades individuais. Não passa de uma jogada política arriscadíssima dele, que resolveu acelerar o processo de confronto com os outros poderes da República.
Claramente, sente a necessidade de se impor diante dos outros poderes, e não se conforma com a ideia de que existem limites numa democracia. A briga com o Congresso já é muito longa, mas na quinta-feira, em entrevista à CNN, sugeriu que o deputado Rodrigo Maia queria uma negociação na base da corrupção, e que o Congresso só o deixa trabalhar se fizer concessões não republicanas.
Com isso, joga o povo contra o Congresso e os governadores, numa disputa política que pode nos levar a um beco sem saída. Na democracia, não há como governar contra todas as instituições e todos os poderes. Creio que o espírito reformista continuará prevalecendo, mas o caminho que Bolsonaro está escolhendo para negociar com o Congresso indica mais um erro de estratégia.
Ele está chamando ao Planalto líderes do centrão, oferecendo cargos em troca de apoio parlamentar. Dificilmente conseguirá montar uma maioria estável dessa maneira, e talvez já seja tarde demais para isso. A previsão de que o pico da pandemia ainda está por vir fragiliza sua tentativa de abrir a economia em curto prazo, pois esse gesto temerário poderá deteriorar ainda mais sua imagem pública.
A perspectiva de crescimento do número de infectados e de mortes isolará o país se oficializarmos uma política sanitária contrária às orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O presidente Bolsonaro falou em abrir as fronteiras do país, mas do jeito que as coisas vão, temo que os países fronteiriços é que controlarão a entrada e saída pelo Brasil, com receio da medidas de relaxamento sanitário.
Uma coisa é preparar um planejamento para a volta gradativa à normalidade, outra é decidir esse passo sem cumprir as exigências mínimas da própria OMS, que prevê capacidade do sistema de saúde de testagem para controle da transmissão; minimizar surtos em asilos de idosos; administrar a importação dos casos; engajamento da sociedade e prevenção no trabalho e escolas.
Caso aconteça uma saída da quarentena não negociada com toda a sociedade, e apoiada pela maioria, estaremos diante de um impasse constitucional, pois nem o Congresso nem o Supremo aprovarão. Impasse fomentado por Bolsonaro com segundas intenções – de ganhar cada vez mais poderes.
Um terço dos adultos no Brasil está no grupo de risco do coronavírus
Juliana Dal Piva, Pedro Capetti, Juliana Castro e Marlen Couto / O GLOBO
RIO — Responsável pela morte de mais de 2 mil pessoas desde março, o novo coronavírus representa uma ameaça de vida maior para mais de 50 milhões de brasileiros que fazem parte do grupo de risco da Covid-19. O levantamento, feito a pedido do GLOBO por pesquisadores da Fiocruz que trabalham no projeto Monitora Covid-19, estima que um em cada três brasileiros (33,5%) acima de 18 anos tem ao menos um dos cinco principais fatores associados a complicações da doença: hipertensão, diabetes, doenças do coração ou do pulmão e ainda os que têm idade acima de 60 anos.
O dado foi calculado a partir das respostas do questionário da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE), feita em 2013. O levantamento mostra como o chamado “grupo de risco da Covid-19” reúne pessoas em todas as faixas etárias.
— Essas doenças ocorrem em todos os grupos de idade. A faixa de idade de 18 a 29 anos realmente é menos afetada, mas após os 30 anos a gente já tem grandes proporções que estão em risco. É interessante chamar atenção sobre isso porque nesse isolamento vertical você está colocando pessoas que têm problemas de saúde sujeitas a ser infectadas e ter gravidade na doença — explica Celia Landmann Szwarcwald, coordenadora da PNS e do levantamento.