Nordeste ganhará 'força-tarefa' do governo a pedido de Bolsonaro; região tem maior índice de reprovação ao presidente
BRASÍLIA - Região com o maior índice de reprovação ao presidenteJairBolsonaro, o Nordesteganhará uma força-tarefa de ações do governo federal. Na última reunião do conselho de ministros, Bolsonaro encomendou que cada pasta apresentasse realizações para os noves estados nordestinos, governados por políticos da oposição. Em busca de aproximação, o presidente deseja iniciar uma série de viagens pela região e, segundo assessores do Palácio, “não quer chegar de mãos abanando.”
A investida no Nordeste será liderada pela pasta do Desenvolvimento Regional (MDR), do ministro Gustavo Canuto. No dia 24 deste mês, no Recife, ele comanda a reunião do Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que votará o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE).
Bolsonaro é esperado no encontro, em que estarão os governadores dos nove estados da região, além de Minas Gerais e Espírito Santo. A ida, no entanto, não foi confirmada pelo Planalto. Na oportunidade, também será revisada a aplicação de recursos dos Fundos Constitucional e de Desenvolvimento da região (FNE e FDNE). Para este ano, são mais de R$ 24 bilhões disponíveis para investimentos.
Falta de remédios ameaça dois milhões de pacientes no Brasil
Brasília - No dia 12 de março de 2019, um ofício do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) endereçado ao gabinete do ministro Luiz Henrique Mandetta avisava: a situação dos estoques públicos de medicamentos em todos os estados da federação é crítica.
O documento traçava um panorama do desabastecimento, problema que se arrasta há anos, mas se agravou nos primeiros meses do governo Jair Bolsonaro.
De um total de 134 remédios que são distribuídos obrigatoriamente pelo Ministério da Saúde, 25 estão com estoques zerados em todos os estados do país e outros 18 devem se esgotar nos próximos 30 dias.
O GLOBO analisou relatórios de dez secretarias estaduais de Saúde e outro documento do Conass encaminhados ao governo federal cobrando providências para o problema. De acordo com eles, o país vive a maior crise de sua História na oferta de medicamentos para o sistema público de saúde.
Como o Ceará perdeu o protagonismo no mercado de energia eólica no País
Pioneiro na geração de energia eólica - com a instalação dos primeiros geradores do País há cerca de 20 anos - e líder nesse mercado por quase 15, o Ceará é hoje o terceiro em potência instalada. Foi ultrapassado pelo Rio Grande do Norte e Bahia, que possuem condições climáticas semelhantes e ambiente considerado mais amigável a investidores.
Até 2014, o Estado liderava o segmento de geração eólica, com mais de 1 mil MW de potência instalada, superando a soma das capacidades do Rio Grande do Norte e da Bahia. Hoje, tanto o Estado potiguar (4.066 MW) como o baiano (3.934 MW) têm praticamente o dobro da capacidade do cearense (2.054 MW).
Grita por verbas - FOLHA DE SP
A sociedade se alarma com os efeitos da limitação da despesa do governo federal, imposta pela ruína orçamentária e formalizada pelo teto vigente desde 2017. A tensão da disputa por recursos minguantes tornou-se mais evidente.
Ainda que por meio de declarações desastradas do ministro da Educação, o público tomou conhecimento do corte expressivo de verbas nas universidades federais; na área da pesquisa científica, a reclamação também é grande; o censo demográfico de 2020 deverá ter alcance menor.
Empresários se frustram com a redução drástica dos recursos disponíveis para investimentos, no Minha Casa Minha Vida ou em obras viárias e de infraestrutura. O país atrasa compromissos com organismos internacionais.
A EBC continua / FOLHA DE SP
Definida por um ex-presidente, Larte Rimoli, como um "mastodonte", a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) conta neste ano com orçamento de R$ 600 milhões para sustentar um conglomerado formado por uma agência, emissoras de rádio e canais de televisão.
A estatal foi criada em 2007 por medida provisória, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Com a missão de incorporar a estrutura de comunicação estatal já existente e liderar o chamado Sistema Público de Comunicação, nasceu em meio à cantilena do PT acerca do "controle social" da mídia —um eufemismo mal disfarçado para a vontade de restringir a liberdade de imprensa e proteger os governantes do jornalismo crítico.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, o então candidato Jair Bolsonaro (PSL) aventou a possibilidade de extinguir a estatal de comunicação, o que parecia uma demonstração de coerência com a agenda privatizante de Paulo Guedes, o nome escolhido para comandar o Ministério da Economia.
Com quatro meses de governo, Bolsonaro já deu mostras suficientes de que sua adesão ao liberalismo é, no mínimo, tortuosa.
Declarações sobre temas sensíveis como a reforma da Previdência, o preço dos combustíveis ou a política de crédito dos bancos públicos já geraram instabilidade nos mercados financeiros e reforçaram a desconfiança dos agentes econômicos quanto às suas reais convicções no terreno econômico.
O presidente, como se noticiou, desistiu da ideia de fechar a EBC. Na realidade, em 1º de janeiro, dia da posse do novo governo, tal recuo já se esboçava no decreto 9.660, que passou a vincular a empresa à Secretaria de Governo —hoje sob o comando do general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Agora, como parte do que seria um processo de reorganização, o presidente da empresa, Alexandre Graziani, promove a contratação de militares para ocupar cargos diretivos e de assessoria.
Repete-se o que se observa em diversos ramos da máquina federal na atual administração, que tem escalado quadros ligados às Forças Armadas e à Polícia Militar para as mais variadas funções públicas. Tal disposição não deixa de lembrar os governos autoritários, em especial na década de 1970, que acolhiam vasto contingente de oficiais nas companhias estatais.
Durante o breve período de Michel Temer (MDB) na Presidência, a EBC passou por alguns ajustes de governança. Manteve-se, não obstante, inexpressiva e desnecessária como sempre foi e continua a ser --agora sob nova direção.
Devaneios - O Estado de S.Paulo
05 de maio de 2019 | 03h00
O governo de Jair Bolsonaro vem mantendo uma relação conflituosa com a realidade. O presidente e alguns de seus assessores, incluindo aí seus filhos, parecem incapazes de refletir de modo racional sobre os problemas do País. Suas reações indicam um consistente alheamento, situação em que referências concretas são ignoradas ou, pior, são consideradas um entrave para a realização de sua visão de mundo, ou um inimigo a ser enfrentado.
Nos devaneios de Bolsonaro, dos filhos e dos ministros do que se chama equivocadamente de ala “ideológica” do governo, a realidade é a inimiga a ser combatida, e com frequência o núcleo duro do poder bolsonarista trava essa guerra cultivando entre si fantasias sobre complôs de ateus esquerdistas, profecias apocalípticas e missões divinas.