Nave da China volta para a Terra após coletar amostras do solo da Lua
RIO — Uma espaçonave chinesa carregando rochas e solo da Lua começou sua jornada de volta à Terra, informou a agência oficial de notícias Xinhua, colocando a China no caminho para se tornar o primeiro país a recuperar com sucesso amostras lunares desde os anos 1970.
De acordo com a Administração Espacial Nacional da China, os motores da sonda Chang'e-5 foram acionados a 230 km da superfície lunar na manhã de domingo, horário de Pequim, antes de serem desligados após 22 minutos com a nave em uma trajetória em direção à Terra.
Um desembarque bem-sucedido na Mongólia Interior tornaria a China o terceiro país a ter recuperado amostras lunares depois dos Estados Unidos e da União Soviética. O plano era coletar 2 kg de amostras, embora não tenha sido divulgado o quanto foi efetivamente coletado.
O Chang'e-5 foi lançado em 24 de novembro e um veículo pousador pousou na lua em 1º de dezembro. A estimativa era que a missão durasse 23 dias. O GLOBO
Estado do crime - HÁ QUE PONTO CHEGAMOS
12 de dezembro de 2020 | 22h00
O fenômeno da máfia pode ser sintetizado em uma fórmula: “a polícia dos criminosos”. Transitando na interface entre sociedades desservidas pelo Estado e organizações criminosas, as máfias vendem proteção às primeiras e arbitragem às segundas. Nessa posição privilegiada, os mafiosos expandem seu poder cooptando negócios legítimos para encobertar atividades criminosas e lavar seu dinheiro, ao mesmo tempo que se valem do mercado negro para comercializar serviços às populações marginalizadas. O fenômeno das milícias tem todas essas características com uma agravante: não são apenas a “polícia dos criminosos”, mas os “criminosos da polícia”.
Um levantamento da Universidade Federal Fluminense e da Universidade de São Paulo sobre o território da cidade do Rio de Janeiro estima que 55,7% dele é controlado pelas milícias; 15,4%, pelo narcotráfico; e 25,2% estão sob disputa. Ou seja, apenas 1,9% não estaria sob o jugo do crime.
Há mais de um ano a Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos tem promovido debates com pesquisadores, policiais, promotores, jornalistas, ativistas e especialistas em dados sobre o controle territorial de grupos armados. Os resultados apresentados em uma nota técnica mostram que a dinâmica da milícia e do tráfico é um fenômeno em acelerada mutação.
As milícias podem ser definidas originariamente como “antagonistas do tráfico”. Mas, uma vez consolidado o mercado de “proteção”, elas se expandem rapidamente em dois sentidos: a diversificação das atividades econômicas e a infiltração em instâncias regulatórias. Com o tempo, estabelece-se a mais perversa das simbioses: por um lado os milicianos passam a cobiçar os negócios do narcotráfico e, por outro, os traficantes assimilam as estratégias das milícias.
“Há registro de atuação das milícias em serviços de transporte coletivo, gás, eletricidade, internet, agiotagem, cestas básicas, grilagem, loteamento de terrenos, construção e revenda irregular de habitação, assassinatos contratados, tráfico de drogas e armas, contrabando e roubo de cargas, receptação de mercadorias e revenda de produtos de diversos tipos e proveniências”, aponta a nota.
Além disso, “o vínculo original das milícias com elites política e econômica locais se desdobra rápida e perigosamente em um outro tipo de conexão, dessa feita com instâncias do Estado”. Na polícia, “há cada vez mais indícios de indicações para cargos de comando, nomeação para chefia de batalhões, definição de focos prioritários de operações policiais e desenhos abrangentes de abordagem”.
Além das forças policiais, as milícias estão se infiltrando nos Poderes Executivos e nas Casas Legislativas. Segundo a Polícia Federal, há riscos para o processo eleitoral em pelo menos 18 Estados, em especial aqueles com altos índices de violência, serviços públicos precários e corrupção policial. No Rio de Janeiro, milicianos são recorrentemente condecorados pelo poder público e guardam relações estreitas com autoridades. Como se sabe, há indícios nesse sentido em relação ao próprio presidente da República e seus familiares.
Assim, em contraste com o crime organizado tradicional, as milícias transitam com muito mais liberdade entre a legalidade e a ilegalidade – entre o submundo, a sociedade civil e o poder público –, diversificando e expandindo seus negócios com muito mais rapidez.
A venalidade das milícias ultrapassou a dimensão da segurança pública e ameaça perverter o tecido civil e o próprio Estado. A rapidez e a diversidade características da sua expansão exigem uma resposta igualmente rápida e diversificada. Além de uma atualização da legislação, é preciso extrapolar os meios convencionais de combate ao crime e investir em grupos especializados, novas táticas de inteligência e pesquisas. O “Estado paralelo” já é uma realidade em vastas porções do Rio de Janeiro e cada vez mais no Brasil. Sem uma repressão ampla, coordenada e implacável, há o risco de uma nova fase: a subversão do Estado de Direito em “Estado do Crime”.
Uma mar de oportunidades para a cabotagem
14 de dezembro de 2020 | 03h00
A Câmara dos Deputados finalizou a votação do Projeto de Lei BR do Mar, que incentiva a navegação de cabotagem, isto é, entre portos nacionais. Por meio da ampliação da oferta de transporte marítimo, redução de custos, aumento da competitividade e atração de novos investidores, o programa pretende corrigir o subaproveitamento histórico do potencial aquaviário nacional. Elaborado por uma das ilhas de excelência do governo, o Ministério da Infraestrutura capitaneado por Tarcísio de Freitas, com a colaboração de setores interessados e técnicos do Ministério da Economia e da Marinha, o projeto conta com amplo apoio de associações, federações, sindicatos e outros representantes do setor.
O Brasil é um país continental, com imensos canais fluviais e cerca de 70% da população vivendo a 200 km de seus quase 8 mil km de costa. Apesar disso, o transporte aquaviário responde por apenas 11% da matriz logística, ante 65% do rodoviário. O uso excessivo do transporte rodoviário implica baixa produtividade no transporte de cargas, onerosidade da infraestrutura rodoviária, além de riscos de acidentes e mortes, e emissão de poluentes. Em contrapartida, o transporte aquaviário, sobretudo para longas distâncias, é mais eficiente, menos custoso, mais seguro e mais limpo.
Um dos pontos-chave do projeto é a flexibilização do afretamento, ou seja, do acesso a embarcações para empresas brasileiras de navegação. Os regulamentos atuais são demasiado restritivos e protecionistas, exigindo que a embarcação tenha bandeira brasileira ou seja tripulada por brasileiros. Muitas empresas de transporte têm de construir seus navios ou nacionalizar embarcações. Outra opção é o afretamento “a tempo” de embarcações estrangeiras ou “a casco nu”, com as embarcações operando temporariamente sob a bandeira brasileira. Mas as restrições regulatórias impõem custos altos que limitam a oferta e os ofertantes ante uma demanda crescente. Além disso, a volatilidade do mercado internacional acarreta incertezas no valor do frete e disponibilidade da frota.
O projeto prevê a facilitação progressiva dos afretamentos. As empresas brasileiras poderão constituir uma subsidiária em outro país e fretar da própria subsidiária uma embarcação “a tempo”, com custos operacionais mais baixos. O projeto também prevê que, quatro anos após a sanção da lei, os afretamentos “a casco nu” poderão ser contratados sem que a empresa tenha embarcações brasileiras.
Além das facilidades no uso de embarcações de terceiros e aquisição de novas embarcações, o projeto prevê incentivos à indústria naval brasileira, em especial para a manutenção da frota, e para a modernização e ampliação dos terminais portuários.
Na última década a cabotagem tem crescido na ordem de 10% ao ano. Com o novo quadro regulatório, o governo prevê uma elevação de 40% na oferta de embarcações e 65% do volume de contêineres em dois a três anos, o que elevaria o crescimento da cabotagem a 30% ao ano.
Com o tempo, o novo regulamento também deve levar a uma melhor distribuição de portos. Hoje, entre os 175 portos do País, os de Santos e Paranaguá concentram 40% da movimentação. Entre os 10 maiores portos, apenas um está na Região Norte. Além disso, há os 76 portos fora da costa, muitas vezes subutilizados.
Convém notar que a resistência corporativa de certos setores do transporte rodoviário não se sustenta. A parcela mais significativa do transporte de cabotagem é de petróleo, e não concorre com o transporte rodoviário. Quanto aos contêineres, a migração deve ser ínfima comparada ao volume total dos transportes por caminhão. Sobretudo, a cabotagem servirá para cobrir grandes distâncias, justamente as menos rentáveis, quando não impraticáveis, para os caminhoneiros. Assim, a relação entre o transporte rodoviário e de cabotagem é de intermodalidade, ou seja, muito mais de complementaridade do que de concorrência.
Um último ponto importante é que a maioria dos investimentos previstos virá do capital privado, aliviando os cofres públicos em uma época de restrições fiscais.
Bolsonaro e centrão evoluem para o matrimônio... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/12/14/bolsonaro-e-centrao-evoluem-para-o-matrimonio
O namoro de Jair Bolsonaro com o centrão evolui para o estágio do matrimônio. A pretexto de assegurar a "governabilidade", os partidos que integram o grupo se equipam para reestruturar em 2021 o projeto centrão de poder. Baseia-se numa prática antiga: a ocupação predatória do Estado.
Na fase do namoro, que já dura cerca de seis meses, o centrão instalou-se dentro de cofres do segundo escalão. Seus caciques esperam agora receber de Bolsonaro as chaves de ministérios. As pulsões fisiológicas latejam ao redor da candidatura de Arthur Lira (PP-AL), que disputa o comando da Câmara com o apoio do presidente.
Suprema ironia: no formato atual, o centrão foi unificado num contexto de sucessão interna. Na origem, chamava-se blocão. A junção de interesses foi articulada em fevereiro de 2014 por Eduardo Cunha, então líder do MDB. Convertido em presidente da Câmara, Cunha cercou e asfixiou a gestão de Dilma Rousseff.
A derrocada de Cunha, hoje um presidiário da Lava Jato, estimulou a fantasia de que o centrão derreteria. Entretanto, a estrutura colecionada pelo grupo na engrenagem governamental deslizou suavemente da administração petista para a gestão de Michel Temer.
Crivado de denúncias, Temer pagou com o déficit público a fatura apresentada pelo centrão para enterrar na Câmara um par de denúncias criminais formuladas contra ele pela Procuradoria-Geral da República. Egresso do PP, mesmo partido de Arthur Lira, Bolsonaro usou a perversão política como mote.
Toda campanha eleitoral tem um quê de teatro. A teatralização da sucessão de 2018 viveu um momento inusitado quando Bolsonaro criticou o então rival tucano por encostar a candidatura no centrão. "Obrigado, Geraldo Alckmin, por ter unido a escória da política brasileira", declarou em julho de 2018.
Bolsonaro apenas cuspia num prato em que o centrão não permitiu que ele comesse. Na semana anterior, frustrara-se a tentativa de firmar aliança com o PL (ex-PR). Planejava-se fazer do então senador Magno Malta (PL-ES) o vice de Bolsonaro.
O ex-presidiário e mensaleiro Valdemar Costa Neto, dono do PL, preferiu se entender com Alckmin. Mandachuva do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), cliente de caderneta da Lava Jato, também cedeu o tempo de propaganda eleitoral do seu partido para o tucano. Hoje, Valdemar e ciro acertam-se com Bolsonaro.
No DNA do centrão está gravada a expressão "é dando que se recebe". Retirada da oração de São Francisco, passou a simbolizar uma prática profana: a exigência de vantagens —lícitas e, sobretudo, ilícitas— em troca de apoio político no Legislativo. Quem lançou a moda foi o deputado Roberto Cardoso Alves (1927-1996), do PMDB de São Paulo.
Robertão, como era conhecido na intimidade, inaugurou a facção franciscana do fisiologismo em março de 1988. Na época, o Congresso Constituinte discutia a prorrogação do mandato do então presidente José Sarney para cinco anos. Foi dando que Sarney recebeu. A moda perdura até agora.
No intervalo de três décadas, o vocábulo "governabilidade" ganhou um sentido gangsterístico. Virou um outro nome para corrupção. Serve de álibi para que políticos invadam os cofres públicos. A anomalia marcou todos os governos desde a redemocratização. Ganhou escala industrial sob Lula e Dilma.
Imaginou-se que a Lava Jato, encurralaria o pedaço mais arcaico da política. Em maio de 2016, quando tomou posse, Temer disse, em discurso: "A moral pública será permanentemente buscada" no meu governo. Afirmou que a Lava Jato, "referência" no combate à corrupção, teria "proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la."
As palavras de Temer viraram pó. Ou lama. Candidato, Bolsonaro enrolou-se na bandeira da Lava Jato. Eleito, levou para sua equipe Sergio Moro, símbolo da força-tarefa de Curitiba. Hoje, Moro é ex-ministro e Bolsonaro tornou-se ex-Bolsonaro.
Seis anos de combate à corrupção fizeram do Brasil o local ideal no mapa para o surgimento de um país eticamente renovado. Imoralidade não falta. Ao sedimentar seu relacionamento com o centrão sem levar à vitrine nada que se pareça com interesse público, Bolsonaro sinaliza que deseja proteção, não reformas.
Se a história da política brasileira ensina alguma coisa é que matrimônios como o de Bolsonaro com o centão, marcados pela politicagem, tendem a evoluir para o patrimônio.
Fonte: Pesquisa Datafolha realizada por telefone entre 8 e 10 de dezembro, com 2.016 brasileiros adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (13) pela Folha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantém sua aprovação no melhor nível desde que começou seu mandato, em janeiro de 2019.
Na pesquisa realizada por telefone entre os dias 8 e 10 de dezembro, 37% dos brasileiros acham o presidente ótimo ou bom, mesmo número do levantamento anterior, realizado no fim de agosto.
Os que enxergam seu governo como ruim ou péssimo caíram de 34% na última pesquisa para 32% nesta, e o número de quem o avalia como regular é de 29%, e eram 27% em agosto. A pesquisa ouviu 2.016 pessoas.
Bolsonaro é o segundo presidente eleito depois da redemocratização com a pior avaliação em um primeiro mandato. Ele fica atrás apenas de Fernando Collor que, em 1992, no mesmo momento do mandato, tinha rejeição de 48% e aprovação de apenas 15%.
No mesmo período de mandato, Fernando Henrique Cardoso tinha 45% de aprovação, Luiz Inácio Lula da Silva, 47%, e Dilma Rousseff, 62%. istoé
Avaliação de Bolsonaro se mantém no melhor nível, mostra Datafolha
Em meio ao agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantém sua avaliação no melhor nível desde que começou o mandato.
É isso o que revela pesquisa nacional do Datafolha feita por telefone nos dias 8 e 10 de dezembro, na qual foram ouvidas 2.016 pessoas. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
A curva de aprovação do mandatário, para quem o país vive um “finalzinho de pandemia” apesar de os números dizerem o contrário, seguiu estável em relação ao levantamento anterior.
Acham o presidente ótimo ou bom 37% dos brasileiros, mesmo nível da rodada de 29 e 30 de agosto.
Aqueles que o veem como ruim ou péssimo oscilaram negativamente de 34% para 32%, os que avaliam como regular são 29% (eram 27%).
Bolsonaro segue sendo o presidente com pior avaliação, considerando aqueles eleitos pelas urnas para um primeiro mandato depois da redemocratização de 1985, com a exceção de Fernando Collor (PRN, 1990-92).
No mesmo momento do mandato, em fevereiro de 1992, o hoje senador tinha rejeição de 48% e aprovação de apenas 15% —acabaria renunciando me meio ao impeachment no fim do ano.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 45%), Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 47%) e Dilma Rousseff (PT, 62%) tinham aprovações superiores às de Bolsonaro a esta altura de suas primeiras gestões.
A evolução da popularidade de Bolsonaro conta a seguinte história: um 2019 com o país tripartido, mas que a partir de agosto viu a rejeição aumentar e se descolar do bloco aprovação/regular.
O pior momento para o presidente foi junho deste ano, com o auge da crise institucional com outros Poderes e com os impactos da pandemia se consolidando. Bolsonaro batia em 44% de rejeição e 32% de aprovação, com 23% que o viam como regular.
A prisão do ex-assessor do clã presidencial Fabrício Queiroz, em 18 de junho, marcou a mudança de Bolsonaro na política, compondo com o centrão e deixado de lado a campanha golpista contra o Supremo e o Congresso.
Ao mesmo tempo, foi instaurado o auxílio emergencial e políticas para áreas em que sempre foi mais impopular, como o Nordeste.
Na pesquisa seguinte, a anterior à atual, o resultado já podia ser visto, ainda que os entrevistados que receberam a ajuda não fossem especialmente mais generosos em sua avaliação de Bolsonaro.
Em levantamentos feitos em capitais, especialmente São Paulo e Rio, a rejeição ao presidente durante a campanha eleitoral municipal havia subido sensivelmente.
Nesta pesquisa nacional, a diferença é clara: regiões metropolitanas registram uma rejeição de 40%, ante 26% em cidades do interior.
Na análise regional, foi cristalizada a penetração de Bolsonaro no Nordeste, tradicional fortaleza de esquerda no país e área fortemente influenciada por políticas assistencialistas.
Depois de cair de 52% para 35% de junho para agosto, agora o presidente marca 34% de ruim/péssimo entre nordestinos, repetindo o cenário de divisão em terços do eleitorado que o país apresentava em 2019.
O auxílio na pandemia, que foi de R$ 600 e agora está em R$ 300 mensais, acabará no fim deste ano e o governo estuda formas de manter alguma forma de complementação de renda para os mais carentes.
Na outra ponta, o Centro-Oeste e o Norte se mantiveram como regiões mais bolsonaristas, com 47% de aprovação do titular do Planalto.
O Sul, que foi bastião do presidente na eleição, nivela com o país e lhe dá 39% de bom e ótimo, assim como o populoso Sudeste, com 36%.Também no Centro-Oeste/Norte está a maior quantidade de pessoas que confiam no que diz o presidente: 29%.
No país como o um todo, 37% não confiam, 39% o fazem às vezes e 21% acham que tudo o que Bolsonaro afirma é confiável.
Significativamente, é no crucial assunto pandemia, marcado por frases negacionistas, irônicas e até homofóbicas do presidente, que se vê a maior diferença na percepção de sua confiabilidade.
Entre aqueles que acham que a Covid-19 está piorando entre nós, 43% nunca confiam em Bolsonaro, ante 15% que sempre o fazem. Já para quem a pandemia está melhorando, 38% confiam e 20%, não creem no presidente.
Da mesma forma, aquelas pessoas que dizem que não mudaram sua rotina por causa da pandemia aprovam mais (54%) o presidente.
Os que dizem tomar cuidados dão 38% de ótimo e bom, ante 32% entre quem só sai de casa se for inevitável e 30%, entre os ainda isolados —grupo onde a rejeição ao presidente bate 47%.
Em outro sinal sobre o peso da pandemia, o tema saúde manteve o primeiro lugar como principal problema brasileiro neste ano.
Em pesquisa realizada em dezembro de 2019, 19% citavam a questão espontaneamente. Agora, são 27%.
Além das posições polêmicas, Bolsonaro passou o ano duelando com o governador paulista, João Doria (PSDB), acerca do manejo da crise —o atual capítulo é a “guerra da vacina”.
Outros problemas citados pelos brasileiros são o desemprego (13%), economia (8%) e corrupção (7%), todo estáveis.
No geral, homens (42%) e pessoas de 45 a 59 anos (42%) são as quem mais aprovam o presidente. A maior rejeição ocorre entre quem tem curso superior (48%) e entre os mas ricos.
Este último grupo, que compreende as pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos, registra 47% de rejeição a Bolsonaro.
Mas ele é bem avaliado, dentro da média nacional, com 39% de ótimo e bom. A diferença aqui é tirada da fatia que o acha regular. Entre os mais pobres, o presidente tem avaliação dentro da média geral.
O Datafolha perguntou ao entrevistados acerca de sua percepção das realizações do governo e quis saber de suas expectativas para 2021.
Para 17%, Bolsonaro fez mais do que o esperado, enquanto 21% acham que ele cumpriu o prometido. Já 55% creem que ele fez menos do que o previsto.