Repasses para o Minha Casa, Minha Vida caem mais de R$ 5 bilhões -
16 de novembro de 2015 Dyelle Menezes
No início de setembro, o governo federal admitiu que o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida seria revisado para reduzir despesas públicas. No entanto, desde o início do ano cortes significativos são realizados na rubrica. Neste ano, o programa recebeu R$ 5,5 bilhões a menos em recursos repassados pela União, quando comparado com os valores repassados no ano passado. Levantamento produzido pelo Contas Abertas mostra que entre janeiro e outubro de 2015, R$ 11,5 bilhões foram repassados do Orçamento da União como subsídios para viabilizar a aquisição de moradias. No mesmo período do ano passado, o montante já havia atingido R$ 17 bilhões. Os R$ 5,5 bilhões a menos representam redução de 32,4% de um ano para outro. O Ministério das Cidades, responsável pelo programa, afirmou que já investiu R$ 270 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida e somente neste ano, já foram entregues 309 mil novas casas e há outras 1,3 milhão em construção. “Mesmo com o necessário ajuste fiscal em curso”, explica a Pasta
O preço da pilhagem
Os prejuízos em que a Petrobrás incorreu por ter aplicado bilhões de reais em dois projetos lançados por mero interesse político-eleitoral do ex-presidente Lula, mas cuja viabilidade havia sido condenada por pareceres internos e diagnósticos realizados por consultorias privadas, são o retrato do modelo de gestão que o governo petista impôs à estatal. As previsíveis e maléficas consequências que a pilhagem da Petrobrás traria para a empresa e para o País vão agora sendo apontadas e aferidas por auditorias como a que o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu há pouco.
Os projetos de duas refinarias premium - uma no Maranhão, outra no Ceará - foram anunciados por Lula em 2008 para agradar aos governadores daqueles Estados. O relatório de uma empresa contratada pela estatal para melhorar a qualidade dos projetos das refinarias levou à redução do custo total delas de US$ 44 bilhões para US$ 33,7 bilhões. Mesmo assim, o risco de prejuízo continuou muito alto, de praticamente 100%, como apontou uma auditoria externa. A diretoria da Petrobrás, por isso, sabia dos riscos.
Sem que os projetos tenham saído do papel, a Petrobrás gastou com eles R$ 2,7 bilhões. Como mandam as práticas contábeis seguidas por empresas sujeitas a auditorias externas, esse valor foi lançado como prejuízo, o que só aconteceu no terceiro trimestre de 2014.
A tortura dos números
Números, por mais que sejam torturados, não permitem que se diga algo diferente do que expressam. Distorções têm racionalmente limites, salvo para os que se contentam com imposturas ideológicas. Essa impostura está presente em Mato Grosso do Sul, na atuação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Essa entidade da Igreja Católica entrou na luta propriamente política, denunciando um suposto “genocídio” da etnia guarani no Estado. Procura, com isso, prejudicar os empreendedores rurais, como se fossem responsáveis por tal “situação”. Vão mais longe, apregoando um boicote internacional a seus produtos. A impostura não conhece fronteiras!
Os números da Superintendência da Inteligência de Segurança Pública do Estado são eloquentes. Eles mapeiam os homicídio dolosos tendo indígenas como vítimas, nos anos de 2008 a 2015, no total de 229 casos, com os respectivos boletins de ocorrência e inquéritos policiais instaurados. Os inquéritos permitiram apurar a definição de autoria de 167 casos, perfazendo um porcentual de esclarecimento de 72,9%. Nestes, 85 são de adolescentes infratores indígenas, mais de 50% dos casos apurados.
Os autores indígenas perfazem 155 dos casos apurados, enquanto autores não indígenas somam apenas 9. Ou seja, a violência é de indígena contra indígena, e não de branco contra indígena, como os agentes ideológicos não se cansam de apregoar. Eles criaram o conceito de “genocídio” em completo desapego aos fatos. Buscam a plateia das ONGS nacionais e internacionais, que estão mais preocupadas em denegrir a imagem do Brasil do que em ajudar os indígenas.
Mais de um terço dos domicílios não conta com rede de esgoto, revela Pnad 2014
Dos 67 milhões domicílios brasileiros, 63,5% contam com rede de coleta de esgoto. A proporção quase não aumentou de 2013 - que era de 63,4% - para 2014. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2014), divulgada nesta sexta-feira, 13 de novembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segunda a pesquisa, a conexão à rede de abastecimento de água foi verificada em 85,4% das residências. Já a coleta de lixo chega a 89,8% dos lares e a iluminação elétrica, a 99,7%. A cobertura de todos os serviços foi ampliada no período.
Do total de domicílios, 73,7% eram próprios. A pesquisa revelou uma queda em 2014 de 0,6 ponto porcentual nesse tipo de imóvel e também um acréscimo na mesma proporção no número de domicílios alugados.
Eletrodomésticos Fogão, geladeira e televisão estão em quase a totalidade dos lares brasileiros - em 98,8%, 97,6% e 97,1%, respectivamente, do total de domicílios.
Já a máquina de lavar roupa é o eletrodoméstico que segue como grande objeto de desejo das famílias, com crescimento de 5,1% no número de domicílios que possuem o equipamento de 2013 para 2014: 39,3 milhões de domicílios, ou 58,7% do total, possuem uma, revela a Pesquisa.
A explicação para a procura pelas lavadoras é a maior entrada das mulheres no mercado de trabalho, o que reduz seu tempo de dedicação às tarefas domésticas, tradicionalmente femininas no Brasil.
Transporte A Pnad 2014 mostrou que os domicílios brasileiros têm menos freezers, aparelhos de rádio e de DVD do que no passado. Já carros e motocicletas foram mais encontrados nas residências do que em 2013: o número absoluto dos imóveis com ao menos um automóvel cresceu 6,7%, com maior aumento no Norte e no Nordeste. As motocicletas tiveram crescimento semelhante, de 6,4%. A proporção de domicílios com carro é de 45,3%; com moto é de 21,2%.
Novo delator promete mapa da propina em Pasadena
CURITIBA - Uma nova frente de investigação será aberta na Lava-Jato com a promessa de Diego Candolo, apontado como responsável pelo pagamento de propina no exterior pela compra da refinaria de Pasadena, de entregar documentos sobre o esquema de corrupção às autoridades do Brasil e da Suíça. Ele já adiantou que, do total distribuído em suborno pela refinaria norte-americana, US$ 6 milhões foram direcionados para diretores da área internacional da Petrobras, comandada por indicados do PMDB.
O nome de Candolo já havia surgido nas investigações sobre uma Range Rover comprada por Nestor Cerveró, ex-diretor Internacional da estatal, em 2012. As informações prestadas pelo novo colaborador, segundo as investigações, são essenciais para desvendar o repasse de recursos a políticos do PMDB. Os investigadores estão convencidos de que Fernando Soares, o Fernando Baiano, não foi o único operador do partido.
Candolo, de cidadania suíça e panamenha, operava contas na Suíça e em Lichtenstein. Ele aceitou colaborar com as investigações do Ministério Público da Confederação Suíça e da força-tarefa da operação Lava-Jato. Os investigadores chegaram ao valor de propina para a diretoria internacional não só em razão desta colaboração, mas também com a delação de Baiano, que, juntamente com Candolo, intermediava o esquema a favor do PMDB.
O negócio de Pasadena, fechado pela Petrobras em 2006, resultou num prejuízo de US$ 790 milhões à estatal, segundo valores atualizados. No fim do ano passado, relatório da Controladoria Geral da União (CGU) já indicava um rombo de US$ 659,4 milhões.
História para acordar o boi
Não posso criticar Dilma por cantarolar “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso. Eu mesmo faço isso várias vezes. Mas aqui, nas amargas margens do Rio Doce, lamento que uma presidente não tenha, na semana do acidente, da solidariedade às vítimas da tragédia, sequer reunido sua gente para fazer um plano de recuperação do rio. Dilma foi saudada pelo poeta Augusto de Campos como uma heroína da democracia. A política pode ser bem mais derramada que a poesia, mas exige um certo rigor conceitual.
Para a luta armada, a democracia burguesa tinha sido um fracasso, e a prova disso foi a queda de Goulart. Os documentos da época apontavam para o socialismo, uma ditadura do proletariado. Os menos audazes propunham uma fase anti-imperialista que desembocaria rapidamente no socialismo, como em Cuba. Está tudo lá nos textos, e o próprio ministro Juca Ferreira sabe disso, pois lia e escrevia documentos na época. O destino dos poetas de vanguarda no socialismo russo foi uma tragédia. Da mesma forma, em Cuba, a geração em torno do poeta Virgilio Piñera foi dizimada pelo governo de Fidel Castro. Isso pode ser lido nas memórias do novelista Reinaldo Arenas. Também está lá.
Um economista americano preocupado com o suicídio e autodestruição no país, sobretudo na classe média branca, apontou como uma causa a perda da narrativa, a falta do sentido na vida. O poeta estava construindo sua narrativa ao ser condecorado por uma heroína da democracia. Dilma construía a sua de coração valente. No entanto, as narrativas de coragem precisam ser confrontadas com a realidade. Dilma foi a Mariana, na quinta, e realmente falou em enquadrar Samarco e Vale. Mas se esqueceu das responsabilidades do seu governo no episódio. Passou de mansinho, apontou o culpado e se foi.