Atividade econômica do Brasil volta a crescer em abril mas fica abaixo do esperado, aponta BC
Por Camila Moreira / ISTOÉ
SÃO PAULO (Reuters) – A atividade econômica brasileira voltou a registrar alta em abril, ainda que abaixo do esperado, iniciando o segundo trimestre em busca de retomar a recuperação depois da intensificação da pandemia no país.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 0,44% em abril na comparação com o mês anterior em dado dessazonalizado, informou o BC nesta segunda-feira.
O índice voltou a mostrar crescimento depois de cair 1,6% em março, quando interrompeu 10 meses de avanços no momento em que o país se tornou o epicentro da pandemia do coronavírus.
Mas com as fortes restrições ainda em vigor em muitos lugares devido ao aumento de casos de coronavírus, o resultado de abril ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de expansão de 0,55%.
A alta no mês vem depois de o PIB do Brasil ter registrado crescimento de 1,2% no primeiro trimestre, acima do esperado, com a economia retornando ao patamar pré-panemia.
Na comparação com abril de 2020, ápice das perdas devido à Covid-19, o IBC-Br teve salto de 15,92%, devido à base baixa de comparação. No acumulado em 12 meses o IBC-Br caiu 1,20%. Ambos os dados são em números observados.
Em um ambiente ainda de preocupações e restrições com a pandemia de Covid-19 no país, a produção da indústria brasileira contraiu 1,3% em abril, ficando 1% abaixo do nível pré-pandemia.
Por outro lado, as vendas no comércio varejista e o volume de serviços cresceram mais do que o esperado em abril. O varejo registrou a maior alta em 21 anos para o mês, de 1,8%, enquanto serviços creceram 0,7%, embora o setor esteja abaixo do nível pré-pandemia.
As estimativas para o crescimento econômico brasileiro no Focus vêm aumentando, e os especialistas consultados veem agora alta de 4,85% do PIB neste ano, crescendo 2,20% em 2022.
Bolsonaro diz que Renan deveria apurar desvio de recursos porque é 'especialista nisso'
Daniel Gullino / O GLOBO
BRASÍLIA — Pressionado pela CPI da Covid, que investiga possíveis omissões do governo federal na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) voltou a atacar nesta segunda-feira o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), dizendo que a CPI deveria apurar desvio de recursos porque Renan é "especialista" nisso. Bolsonaro também fez uma comparação do trabalho dos parlamentares brasileiros com o Senado dos Estados Unidos.
Leia:Governo monitora depoimentos de aliados e rivais na CPI da Covid em 'bunker' no Planalto
— Estão acompanhando o Senado americano? Investigando origem do vírus, possíveis medicamentos para cura. Bem diferente do que está acontecendo aqui. O Renan falou claramente que não quer apurar desvio de recursos. Ele devia apurar, porque ele é especialista nisso, né? — disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro fez referência a uma declaração de Renan, em entrevista ao "Uol" no início de maio, quando afirmou que "essa CPI não é uma CPI para investigar desvios de recursos". O relator afirmou que a investigação sobre desvios poderá ser feita "se houver necessidade", mas que esse não é objetivo inicial da CPI. Renan responde a diversos inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Operação Lava-Jato.
No mês passado, o Senado americano aprovou uma lei que determina a desclassificação de relatórios de inteligência sobre a origem do novo coronavírus. O presidente Joe Biden tem pressionado agências de inteligência a reforçarem investigações sobre a origem do vírus.
Barroso anula quebras de sigilo de ex-servidores da Saúde aprovadas na CPI da Covid
Mariana Muniz / O GLOBO
BRASÍLIA - O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, nesta segunda-feira, a quebra dos sigilos de Camila Giaretta Sachetti, ex-diretora do departamento de Ciência e Tecnologia, e Flávio Werneck, ex-assessor de Relações Internacionais também da Saúde, determinada pela CPI da Covid.
Na decisão, o ministro destacou que o fato de serem ex-funcionários da Saúde não justifica a quebra de seus sigilos. Para Barroso, não ficou claro quais informações a CPI quer e por que motivo.
"Os dados dos impetrantes visados pelos requerimentos aprovados no ato impugnado abrangem o registro e a duração de ligações telefônicas, os registros de conexão, o conteúdo de arquivos armazenados em nuvens, o teor de mensagens de correio eletrônico e de conversas realizadas em diversas plataformas de comunicação instantânea e em redes sociais, os histórico de pesquisa em sites de busca e até mesmo as informações de localização dos seus dispositivos eletrônicos, desde abril de 2020 até o presente", relata Barroso.
O ministro aponta, contudo, que "esses são elementos que integram aspectos da intimidade e da vida privada daqueles indivíduos e de suas comunicações, sendo resguardados do acesso e conhecimento de terceiros e do Estado, por força de comandos constitucionais e legais".
Em seu despacho, Barroso afirma que é lícito a decretação de apurações por parte das CPIs que impliquem restrições circunstanciais a direitos fundamentais de pessoas de interesse, como a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. "Esses poderes, contudo, devem ser exercidos de forma fundamentada e em conformidade com o princípio da proporcionalidade, impondo à esfera jurídica dos indivíduos apenas aquelas limitações imprescindíveis às tarefas de investigação", disse.
A decisão do ministro diverge do entendimento dos ministros Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes que, no fim de semana, negaram recursos impetrados pelas defesas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e da secretária de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”.
Lewandowski analisou habeas corpus movidos por Pazuello e Mayra Pinheiro. Ele negou os recursos dos dois, mas determinou que o conteúdo das quebras só seja acessado pelos senadores da República que integram a CPI e pela defesa de Pazuello e Mayra Pinheiro. O ministro disse, porém, que as informações provenientes das quebras só poderão ser tornadas públicas no encerramento dos trabalhos da CPI, mais especificamente em seu relatório final.
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Já o ministro Alexandre de Moraes analisou e negou um mandado de segurança movido pela defesa de Ernesto Araújo. Em seu despacho, Moraes afirmou que as CPIs têm poderes semelhantes aos de magistrados e que direitos e garantias individuais não podem ser argumentos para impedir a investigação de eventuais crimes. "Os direitos e garantias individuais não podem ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas, tampouco como argumento para afastamento ou diminuição da responsabilidade política, civil ou penal por atos criminosos", disse o ministro.
Butantan volta a ganhar ritmo e entrega mais 1 milhão de doses da Coronavac ao Ministério da Saúde
O governo de São Paulo e o Instituto Butantan entregaram um novo lote de um milhão de doses da Coronavac ao Ministério da Saúde na manhã desta segunda-feira (14).
Com isso, o governo paulista já entregou 49 milhões de doses à pasta. As doses serão encaminhadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), para serem distribuídas proporcionalmente aos estados.
A entrega é a segunda a ser realizada neste mês de junho, após um hiato de quase um mês nos novos lotes devido à escassez do IFA (ingrediente farmacêutico ativo), que paralisou as atividades da fábrica de envase da Coronavac por quinze dias.
A chegada de um carregamento com matéria-prima no dia 25 de maio, com capacidade para fabricação de 5 milhões de doses, fez retomar a produção.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acompanhou a entrega ao lado do secretário estadual da saúde, Jean Gorinchteyn, da Regiane de Paula, coordenadora do Programa Estadual de Imunização de São Paulo, e Dimas Covas Tadeu, diretor do Instituto Butantan na manhã desta segunda.
Nesta semana, devem ser realizadas mais duas entregas. Na próxima quarta (16), o Butantan deve realizar a entrega de mais um lote de 1 milhão e, na sexta (18), mais um lote.
No último domingo (13), Doria anunciou a vacinação de toda a população adulta no estado até o dia 15 de setembro, antecipando em um mês o cronograma divulgado na última quarta-feira (9).
A expectativa é que nos próximos meses toda a população entre 18 e 59 anos, estimada em 7,45 milhões de pessoas, receba pelo menos uma dose do imunizante contra Covid-19 até a primeira quinzena de setembro.
O calendário é baseado nas perspectivas de entregas de vacina do Ministério da Saúde. Isso significa que para que o cronograma seja cumprido, o governo federal precisa entregar ao estado as remessas dos imunizantes dentro dos prazos estipulados. Além disso, a chegada de novos imunizantes acordados pela pasta, como a vacina da Janssen, permite avançar a vacinação nas faixas etárias.
Doria afirmou que a antecipação do calendário foi possível devido ao planejamento e organização do Plano Estadual de Imunizações (PEI) do estado.
O calendário é baseado nas perspectivas de entregas de vacina do Ministério da Saúde. Isso significa que para que o cronograma seja cumprido, o governo federal precisa entregar ao estado as remessas dos imunizantes dentro dos prazos estipulados. Além disso, a chegada de novos imunizantes acordados pela pasta, como a vacina da Janssen, permite avançar a vacinação nas faixas etárias.
Doria afirmou que a antecipação do calendário foi possível devido ao planejamento e organização do Plano Estadual de Imunizações (PEI) do estado.
“Nos temos uma estrutura, uma capilaridade com mais de 5.000 postos de vacinação e o trabalho dos secretários de saúde dos municípios que permite essa boa campanha e organização da vacinação contra Covid-19 em SP.”
Mas isso depende da chegada de IFA para produção das vacinas no país. A falta de matéria-prima já levou à paralisação da produção da Coronavac e do imunizante da Oxford/AstraZeneca em maio.
A escassez de vacinas fez com que a vacinação com a Coronavac ficasse travada em diversos estados e, em pelo menos 12 capitais no país ficaram sem o imunizante para segunda dose no final de abril.
O novo lote de Coronavac entregue ao Ministério da Saúde poderá nortear agora a vacinação das gestantes com primeira dose e também suprir a segunda dose para os grupos prioritários que ainda não completaram a vacinação. Reportagem da Folha mostrou que pelo menos 20% dos idosos com mais de 70 anos no país não voltou para a segunda dose.
Segundo Regiane de Paula, o estado de SP deve receber 226 mil doses da pasta, e a prioridade deve ser as gestantes que ainda não receberam o imunizante.
“Estas doses que estão chegando nesse momento parte delas é primeira dose das gestantes e puérperas no estado e parte para a segunda dose. Estamos trabalhando fortemente, em SP não paramos a vacinação, e vamos também incluir primeira dose dos novos grupos incluídos, mas as gestantes são nossa prioridade ”, disse.
Alemanha avança para suspensão do uso obrigatório de máscara
14 de junho de 2021 | 08h00
BERLIM - A Alemanha avança para uma suspensão gradual da obrigação do uso de máscara, após uma redução expressiva das infecções por covid-19 no país, afirmou o ministro da Saúde, Jens Spahn.
"Graças à queda da taxa de incidência, podemos atuar por etapas: um primeiro passo pode ser a suspensão do uso da máscara em áreas abertas", afirmou Spahn em uma entrevista ao grupo de imprensa Funke.
"Nas regiões com taxa de incidência pequena e elevada taxa de vacinação, isto poderia alcançar progressivamente os espaços internos", completou.
Na Alemanha, o uso de máscara é obrigatório nos locais públicos fechados, no transporte público, estabelecimentos comerciais e algumas ruas muito movimentadas.
Mas o país, como a maioria dos vizinhos europeus, registra há várias semanas uma forte redução das infecções de covid-19, o que permite uma flexibilização das restrições.
A campanha de vacinação acelerou no país: 48,1% dos alemães receberam ao menos uma dose e 25,7% da população está completamente imunizada.
Desde meados de maio as autoridades flexibilizaram várias medidas anticovid. Restaurantes, bares e lojas não essenciais, fechados durante vários meses, retomaram as atividades.
A ministra da Justiça, Christine Lambrecht, pediu às regiões do país que "examinem" em que medida o uso da máscara continua sendo "apropriado" em seus territórios.
Atualmente, a Alemanha registra 3.723.295 casos confirmados da doença e 89.849 mortes em decorrência do novo coronavírus, segundo a plataforma de monitoramento da Universidade Johns Hopkins. / AFP
Conspiração das urnas: debate sobre voto impresso avança no Congresso Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/conspiracao-das-urnas-debate-sobre-voto-impresso-avanca-no-congresso/
Para justificar seu medo de voar, Tom Jobim dizia que o avião, além de ser mais pesado que o ar, havia sido inventado por um brasileiro.
A piada do compositor funciona pelo seguinte motivo: por força das limitações do país e mesmo de alguns preconceitos, inovações desenvolvidas ou adotadas em larga escala por aqui com um certo pioneirismo carregam algum tipo de desconfiança.
Esse mecanismo de negação costuma servir de combustível a teorias conspiratórias e lançar sombras de dúvida até sobre ferramentas consagradas. É o que acontece agora com as urnas eletrônicas, colocadas injustamente na posição de alvos em esforço para questionar sua confiabilidade.
A “solução” apresentada pelos críticos é uma volta ao passado, com a exigência da impressão do voto dado pelo sistema atual. Tal movimento faz vistas grossas ao fato de que as eleições digitais resolveram justamente o problema crônico de fraudes dos tempos das velhas cédulas em papel.
Enquanto nessa época os cambalachos eram comuns, nos 25 anos de experiência com as urnas eletrônicas nunca houve uma denúncia séria sobre qualquer falcatrua. Com isso, por incrível que pareça, o Brasil virou um exemplo de eficácia, rapidez e transparência na apuração de eleições.
O dado mais espantoso dessa história é que o principal ideólogo do movimento destinado a pôr em xeque o sistema atual é um político que só se beneficiou dele. Jair Bolsonaro venceu ao longo da carreira cinco eleições seguidas a cargos no Legislativo e chegou ao Palácio do Planalto consagrado pelas votações nas urnas eletrônicas.
Ignorando prioridades do país no momento (a começar pela catástrofe de quase meio milhão de mortos pela Covid-19), o capitão não perde hoje oportunidade de trazer à baila sua velha teoria conspiratória de que lhe teriam roubado a vitória em primeiro turno em 2018.
Ele nunca trouxe nenhuma prova disso, tampouco explicou a óbvia incoerência da tese: se havia mesmo um plano para prejudicá-lo, como explicar sua vitória no segundo turno da mesma eleição? Os fraudadores se contentaram apenas com o primeiro turno? VEJA