A guerra de mentira MURILO ARAGAO
Dizem que Winston Churchill teria dito (o que foi desmentido por uns e confirmado por outros): “Lá vem um táxi vazio e dele desce Neville Chamberlain”. A irônica frase caracterizava o perfil desse primeiro-ministro inglês que, sem muita convicção, declarou guerra aos nazistas e passou oito meses em lentos preparativos para o conflito. Historicamente, o período que vai de setembro de 1939 a maio de 1940 é conhecido como a “guerra de mentira”. Com a ascensão de Churchill, em 13 de maio de 1940, a guerra de verdade começou.
Era preciso ganhar em Minas
Na estratégia para reeleger a presidente Dilma Rousseff em 2014, o Estado de Minas Gerais tinha uma grande importância. Era preciso vencer na terra de Aécio Neves, o principal oponente da candidata petista na disputa presidencial. Ciente disso, o Partido dos Trabalhadores (PT) não poupou esforços para alavancar a campanha de Fernando Pimentel para o governo do Estado. Esforçaram-se tanto que ultrapassaram os limites legais. Em outras palavras, o PT mineiro levou ao pé da letra a recomendação de Dilma Rousseff de “fazer o diabo quando é hora de eleição”.
Vice-prefeito de Monte Horebe, na PB, assume depois de prisão da prefeita
O vice-prefeito da cidade de Monte Horebe, Luciano Pessoa (PPS), foi empossado interinamente no final da tarde da quinta-feira (18) após a prefeita, Cláudia Dias (PSB), ser presa na 3º fase da operação Andaime suspeita de fraudar licitações públicas e desviar recursos. Esta é a terceira vez que ele assume a prefeitura, já que a prefeita já havia sido afastada duas vezes do cargo. De acordo com a prefeitura, Luciano Pessoa se reuniu na manhã de sexta-feira (19) com secretários para discutir o momento que passa a cidade. Além da prefeita que foi presa, o ex-secretário de Obras da cidade, Eloizio Dias Guarita, também é investigado na operação Andaime e considerado procurado pelo Ministério Público Federal (MPF) depois de não ser localizado durante a ação conjunta realizada na quinta-feira. De acordo com o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual da Paraíba (Gaeco), o promovor Octávio Paulo Leite, há um mandado de prisão preventiva decretado e os órgãos competentes já estão em busca do ex-secretário.
Investigados na 'Andaime' teriam desviado quase R$ 200 mi, diz MPPB
O prejuízo causado causado pelo esquema criminoso desarticulado pela operação Andaime, que investiga desvios de recursos públicos, foi avaliado em quase R$ 200 milhões, de acordo com o Ministério Público da Paraíba (MPPB). A informação foi divulgada em uma entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (26). Na ocasião, o órgão também apresentou denúncia contra 16 pessoas suspeitas de envolvimento nos crimes.
A operação Andaime investiga a prática de fraudes licitatórias e o desvio de dinheiro público por um grupo que utiliza empresas fantasmas para dar aparência de legalidade aos processos de contratação com os órgãos públicos, além do pagamento em obras de engenharia e coleta de resíduos sólidos. As fraudes nas licitações das cidades no Sertão da Paraíba foram destaque de uma reportagem do Fantástico no dia 14 de fevereiro. Quatro dias depois da exibição da reportagem, a 3ª fase da operação foi deflagrada, com a prisão de seis pessoas, entre elas, a prefeita da cidade de Monte Horebe, Cláudia Dias (PSB). Os desvios na cidade de Monte Horebe foram citadas na reportagem.
Os detalhes da investigação foram apresentados pelo procurador-geral de Justiça, Bertrand Asfora, e pelos promotores Rafael Linhares e Manoel Cacimiro, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do MPPB (Gaeco). Eles informaram que o Ministério Público estadual solicitou à Justiça o sequestro de bens dos investigados, para a reparação do dano causado pelos crimes. Além das 16 pessoas denunciadas, o órgão responsabilizou quatro empresas pelas fraudes. Outras 26 estão sendo investigadas.
O plano econômico do PT é político
Há um erro grave entre os economistas – mesmo os economistas sérios – ao criticar os planos econômicos do Partido dos Trabalhadores (PT). É um erro tão comum quanto previsível, que denota como os melhores pensadores caem como patos na armadilha dos marqueteiros petistas. O erro é achar que basta ter razão para vencer o debate. Razão não lhes falta. Só que não há, nos planos econômicos do PT, nada a discutir do ponto de vista econômico. Pois nada há neles de econômico.
Considere o documento “O futuro está na retomada das mudanças”, divulgado pelo partido na última sexta-feira, como parte da celebração de seu aniversário de 36 anos (na foto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para apagar as velinhas na festa). Tomado pelo valor de face, trata-se de uma sucessão de mentiras (“a histo?ria recente demonstra a correça?o do rumo implementado entre 2008 e 2010”); chavões mofados da esquerda (“o grande capital rentista, local e internacional”, “Estados imperialistas”, “a crise de superproduça?o do mundo capitalista”) ou apenas tolices (“o investimento estatal como fator-alfa do modelo em construça?o”, “a hipertrofia da intermediacça?o financeira catalisada pela soldagem entre lucro com o giro da di?vida pu?blica e a falta de competiça?o interbanca?ria”). Qualquer aluno mediano no primeiro ano de uma boa faculdade de economia saberia destruir a argumentação do documento.
Mas, para além do exercício puramente acadêmico, seria perda de tempo avaliá-lo pelo conteúdo econômico. Claro que, postas em prática, as propostas teriam as consequências econômicas mais dramáticas. Mas elas só podem ser compreendidas como aquilo que são: propostas políticas. Nada além disso. Não têm compromisso algum com a racionalidade, com a verdade ou com a história, muito menos com a ciência econômica – pois nada disso importa no plano da política. Elas têm compromisso apenas com o projeto petista de manutenção do poder, no momento em que o partido vive a maior crise de seus 36 anos, em que seu principal líder, candidato natural à sucessão presidencial, é objeto de inquéritos policiais e tem de se preocupar em escapar da cadeia.
Qual, então, a lógica política do documento? Como toda lógica petista, o mundo é dividido em dois planos – os amigos e os inimigos. O texto procura demonizar os inimigos políticos – descritos como “forças conservadoras” que querem “impor um programa de retrocesso” – e proteger os “direitos sociais” que cabem aos amigos – retomando o “combate a? desigualdade de renda e riqueza” e um novo “ciclo de desenvolvimento com inclusa?o social”. Está aí, explícita mais uma vez, a velha estratégia petista usada para conquistar votos: a “luta de classes” entre pobres e ricos, povo e elite, bons e maus.
Entidades pedem derrubada do veto presidencial por perda de R$ 10 bilhões no SUS -
Diversas entidades se reuniram para pedir a derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff ao parágrafo 8º do art. 38 da Lei de Diretrizes Orçamentárias da União de 2016. Para elas, na prática, o veto impõe perdas ao Sistema Único de Saúde (SUS) de cerca de R$ 10 bilhões em 2016. Em nota, as entidades afirmam que o veto significa iminente perigo para a saúde pública brasileira no corte do seu orçamento federal deste ano. O parágrafo em questão determinava que durante o exercício de 2016, o montante a ser aplicado em ações e serviços públicos de saúde não poderá ser inferior ao valor resultante da aplicação da regra constante do art. 5º da Lei Complementar no 141, de 2012. A previsão é que o Congresso Nacional comece a analisar o tema no início de março. Na justificativa para o veto, a presidente afirmou que o dispositivo determinaria ao Poder Executivo a utilização de cálculo do valor mínimo de aplicação em ações e serviços públicos de saúde diferente do previsto na Emenda Constitucional no 86, de 17 de março de 2015, criando assim um contexto normativo de insegurança jurídica que seria prejudicial para as ações nessa área. Para o conjunto de entidades, no entanto, o dispositivo vetado assegurava que não haveria qualquer perda para o custeio do Sistema Único de Saúde (SUS) – na transição da regra de gasto mínimo federal em saúde da Emenda Constitucional nº 29/2000 (EC 29) para o novo patamar dado pela Emenda nº 86/2015 (EC 86) – porque o atual piso não poderia ser inferior ao valor resultante da aplicação da regra anterior. “A substituição da regra que vigorava desde 2000 (EC 29) de cálculo anual pela variação nominal do PIB dos recursos da saúde pelo novo regime de porcentuais sobre a receita corrente líquida (RCL) impõe à saúde perda aproximadamente de R$ 10 bilhões para 2016”, aponta nota, que explica que o dispositivo vetado da LDO pretendia exatamente cobrir tal diferença negativa entre os pisos de custeio para o SUS, para que não houvesse qualquer risco de queda! O parágrafo 8º do art. 38 se originou no Congresso Nacional como precaução, portanto, contra retrocessos no custeio do SUS.