Obra do PT ficou menor que sua promiscuidade
Noutros tempos, a política feita sob o lema despudorado do 'rouba mas faz' reivindicava a imunidade preventiva para um sistema de conveniências em que o suposto proveito substituía a ética. Hoje, depois de 13 anos de poder petista, já não há nem uma coisa nem outra. A roubalheira fulminou a ética. E a ruína econômica fez sumir a noção de proveito. É contra esse pano de fundo que o governo Dilma se despedaça, espalhando estilhaços na direção de Lula e do PT.
A conversão da rotina em escândalo e a troca da responsabilidade fiscal pelo malabarismo econômico dissolvem o petismo. Apenas 31% dos brasileiros acham que sua vida melhorou nos 13 anos de PT no poder federal, informa o Datafolha. A maioria (68%) avalia que a coisa piorou (26%) ou ficou na mesma (42%). E só 24% veem o desempenho do PT no Planalto como ótimo ou bom. Para 35%, o partido merece as menções ruim ou péssimo. Outros 40% consideram que a legenda foi regular.
O PT paga a conta da longevidade de um poder promíscuo. Lula passou a temer o que o futuro dirá dele quando puder se pronunciar sem o cheiro de enxofre que exala da conjuntura. A combinação de três crises —ética, política e econômica— compromete um título que o morubixaba do PT imaginava estar no papo. O título de presidente da redenção social. Ao vender como realidade a ficção do talento gerencial de Dilma, Lula fez da história das administrações petistas uma ponte ligando o sucesso ao “por outro lado''. Com um abismo no meio. Na era petista, todos os estratos sociais prosperaram. A renda dos 10% mais pobres subiu 129% acima da inflação. A dos 10% mais ricos aumentou 32%. Por outro lado, o país amarga uma recessão que já compromete esses ganhos. Neste ano da graça de 2015, o PIB deve murchar quase 4%.
O Brasil usufruiu como poucos do chamado ciclo das commodities. Por outro lado, e absteve de fazer reformas estruturais e serviu-se da manobra das pedaladas fiscais para maquiar gastos incompatíveis com a receita. A gastança reelegeu Dilma. Por outro lado, madame mentiu tanto na campanha que, reempossada, sua credibilidae virou suco.
Potencializadas pelo Bolsa Família e pela Previdência, as despesas na área social cresceram de 6,5% para 9,3% como proporção do PIB. Por outro lado, a inflação de dois dígitos e o desemprego crescente infelicitam sobretudo os brasileiros mais pobres, roendo-lhes os ganhos.
Direto ao Ponto
Neste 13 de dezembro, a imensidão de indignados precisa sair de casa, engrossar a onda de protestos e mostrar que o destino do país será ditado pela voz das ruas
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Atualizado às 11h05
Neste 13 de dezembro, estarão de volta às praças e avenidas de centenas de cidades os milhões de indignados que expressam a vontade do país que presta. É hora de sair de casa e engrossar a multidão inconformada. O fim da era da canalhice, convém insistir, começa pelo impeachment de Dilma Rousseff. E a presidente só será afastada do cargo que desonrou pela voz rouca das ruas.
No dia 16, os devotos de ditaduras bolivarianas voltarão a investir em tubaína, gorjeta e mortadela para que manifestações de apoio ao governo desgovernado não pareçam procissão de vilarejo. Devem ser desmoralizados já no domingo pela demonstração de força da resistência democrática, que será acompanhada com lupa por deputados, senadores e ministros do Supremo.
É preciso mostrar-lhes que o Brasil decente exige o imediato despejo dos farsantes no poder. AUGUSTO NUNES/ VEJA
A terrível máquina de retrocesso econômico de Dilma Rousseff
"Pode ser que ele tenha sido varrido para o passado e esteja agora entre os canibais hirsutos da Idade da Pedra; ou caído nas profundezas abissais do Mar do Cretáceo; ou esteja fugindo de lagartos grotescos, gigantescos monstros reptilianos dos tempos jurássicos..."
H.G. Wells, em A Máquina do Tempo
A passagem, extraída do epílogo do famoso livro do escritor inglês de ficção científica, pinta, mais de um século depois de sua publicação, um quadro real da viagem ao passado que a presidente Dilma fez o Brasil empreender. Em raros outros momentos da história o Brasil regrediu tão rapidamente em tão pouco tempo. Em certos aspectos, foram cinquenta anos em cinco - mas de atraso! É o caso da indústria. A produção regride continuamente, e a sua participação na produção econômica do país (produto interno bruto, o PIB) desabou para 10,9% em 2014, algo não visto há mais de seis décadas. Sua importância para a economia não era tão baixa desde 1950, ano em que o Brasil festejava a realização de sua primeira Copa do Mundo e vivia o início da industrialização, com a política de substituição de importações e a instalação de fábricas de carros e eletrodomésticos. Foi quando também a televisão chegou ao país, com a TV Tupi, de Assis Chateaubriand. A derrocada da indústria, nos anos Dilma, continua a se aprofundar. A projeção é que entre 2015 e 2016 a sua fatia no PIB ficará abaixo de 10%.
Dilma faz 33% das creches prometidas
Apenas 2,9 mil de 8,7 mil unidades previstas saíram do papel; Programa Proinfância, porém, repassou 78% dos recursos para prefeituras
RIO - Promessa do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007 e de sua sucessora, Dilma Rousseff, três anos depois, o Proinfância fracassou na meta de ter, em 2014, 6 mil creches em funcionamento no País. Das 8.787 unidades planejadas no total, só 2.940 saíram do papel – cerca de 33%. Os dados foram fornecidos pelo Ministério da Educação (MEC) ao <b>Estado</b>. Em 2010, a candidata Dilma anunciara que o repasse de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para prefeituras atingiria a meta até o ano passado. Não foi o que aconteceu. Segundo balanço até 11 de novembro, das 5.847 creches que não vingaram, 3.167 estão em “ação preparatória”, 2.093, em obras, 487 paralisadas e cem foram canceladas. O Estado em pior situação é o Amapá: de 34 creches, só duas foram construídas. Atrás, vem o Rio, com 21 das 278 unidades previstas. São Paulo aparece em 23.º lugar, com 379 creches prontas das 904 prometidas.
A demora para erguer creches é inversamente proporcional à agilidade no repasse de verbas. Dos R$ 10,8 bilhões orçados, R$ 8,5 bilhões já foram repassados para prefeituras – 78%.
Temer ignora apelo de Dilma e tenta unir PMDB em torno do impeachment
Mesmo após terem selado um acordo de paz na quarta-feira, vice e a petista continuarão a trabalhar para dividir as bancadas peemedebistas no Congresso
Numa “guerra fria” em que o rompimento se mostra iminente, a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, definiram esta semana estratégias distintas para enfrentar o processo de impeachment. No roteiro do vice – que assumirá a Presidência num eventual afastamento de Dilma – o ponto principal é a unificação da bancada do PMDB da Câmara, dividida ao meio pelos vaivéns sobre a escolha do seu líder.
No campo oposto, o Palácio do Planalto aumenta a pressão sobre os deputados da bancada peemedebista que detêm cargos do governo federal, sobretudo nos Estados. As ameaças lado a lado serão cada vez mais frequentes. Na conversa que tiveram na noite de quarta-feira, Temer e Dilma afirmaram que buscariam uma convivência “profícua”. No entanto, o vice deixou claro que vai se dedicar ao comando do PMDB. Segundo aliados do vice, se Dilma buscar fustigá-lo dentro da sigla, Temer vai promover uma convenção do partido para consolidar o rompimento com o governo.Bia, 20 anos, a nova estrela do clã Lula
Maria Beatriz da Silva Sato Rosa, nom de guerre Bia Lula, 20 anos, a neta mais velha de todos sabem quem, é uma estrela em ascensão no PT do Rio. À frente de uma comissão de quinze jovens de Maricá, cidade fluminense onde é dirigente partidária, ela foi uma das estrelas do Terceiro Congresso da Juventude do partido, realizado no mês passado em Brasília, com direito a discurso de abertura de seu avô.
No evento, em que gritou "Fora Levy" e "Fora Cunha", Bia conclamou correligionários a defender o partido: "É nesses momentos difíceis que vemos os verdadeiros petistas. Se desistirmos, tudo vai piorar. Temos de ir para a rua, não fugiremos à luta". Sobre os sentenciados do mensalão e da Lava-Jato, afirmou: "O companheiro Dirceu foi condenado sendo inocente, assim como muitos do nosso partido. Sou uma eterna defensora dele e do companheiro José Genoino. São presos políticos, infelizmente".
Primogênita de Lurian Lula da Silva, a filha de Lula com a ex-enfermeira Miriam Cordeiro, Bia é a aposta do presidente do PT do Rio, Washington Quaquá, para alavancar o partido nas eleições de 2018, ocasião em que deverá disputar um cargo. Estudante de psicologia, apresenta-se também como atriz.