“Nosso projeto foi derrotado”, disse presidente da CUT a Lula

Numa das escutas da Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala com Vagner Freitas de Moraes, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O tom inflamado da conversa é um indicativo de que, mesmo com os movimentos sociais que sempre o apoiaram, o clima está tenso. “E ai, chefia, tudo bem?”, pergunta Vagner. Ao que Lula responde: “Tudo bem pra quem, cara pálida?”. Vagner se mostra irritado com os rumos que o governo está tomando. “Depois desse negócio da Petrobras, nós vamos largar de mão. Nunca mais. Os caras (Jaques Wagner e Ricardo Berzoini) estão achando que está tudo muito bem, que o mundo está uma maravilha. Mas todo nosso projeto foi derrotado”. Para tranquilizar o aliado, Lula marca uma conversa para a segunda-feira seguinte. “O pessoal na CUT está muito nervoso. Estou te alertando porque está ficando impossível. Os caras vão atropelar nós aqui dentro. Daqui a pouco vamos tudo abraçado pra casa do chapéu”, diz Vagner. ÉPOCA
Polícia Federal apreendeu nove celulares com Lula

No dia da Operação Aletheia (4 de março), a Polícia Federal apreendeu nove celulares com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da fartura de aparelhos, a PF conseguiu interceptar ligações importantes do ex-presidente.
Lula: a solução virou um problema - ÉPOCA
Três dias depois dos maiores protestos da história recente, quando cerca de três milhões de pessoas em todo país pediram o impeachment, o governo da presidente Dilma Rousseff começou a trabalhar no que considerava ser seu movimento mais ousado, sua última cartada para começar levantar. Logo cedo, líderes do governo no Congresso anunciavam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava nomeado ministro-chefe da Casa Civil. A presidente Dilma anunciou oficialmente a chegada de Lula poucas horas depois. A partir daí, um looping de acontecimentos virou a situação pelo avesso. O governo terminou o dia com mais protestos contrários: milhares de pessoas se juntaram em 15 estados, inclusive na porta do Palácio do Planalto, para rejeitar com veemência a integração de Lula ao governo.

Os manifestantes começaram a se juntar em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, no final da tarde. No início da noite, com a nomeação de Lula, o juiz Sérgio Moro levantou o sigilo sobre a parte da Operação Lava Jato que investigou o ex-presidente. Nomeado ministro para que seu caso só possa ser examinado pelo Supremo Tribunal Federal, Lula não está mais na jurisdição de Moro. O fim do sigilo tornou públicas gravações captadas pela Polícia Federal, que grampeou os telefones de Lula com autorização da Justiça federal.Na mais grave, ocorrida às13h32 desta quarta, a presidente Dilma Rousseff avisa Lula que está enviando um funcionário do governo com o termo de posse como ministro para “qualquer eventualidade”. Antes mesmo de ser oficialmente nomeado, Lula tinha o termo de posse para evitar que fosse preso. Ficou claro que Lula ganhou o cargo de Dilma para se proteger de um eventual pedido de prisão.
A divulgação das gravações turbinou as manifestações. No plenário da Câmara, deputados gritaram “renúncia”. Nas ruas em todo o país, os protestos começaram a crescer. Ao longo da noite, manifestantes que estavam em frente ao Palácio do Planalto também se deslocaram para a porta do Congresso Nacional. O governo, que começou o dia com a crença que Lula seria uma possível solução contra seu fim, terminou com uma crise a mais no colo.
Cunha marca eleição da comissão do impeachment para esta quinta
Após o fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do impeachment, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reuniu na noite desta quarta-feira (16) os líderes partidários e marcou para esta quinta-feira (17) a eleição para a comissão especial que analisará o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Ministros do STF se dizem perplexos com áudios
BRASÍLIA - A divulgação de áudio em que a presidente Dilma Rousseff conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e combina de enviar a ele seu termo de posse, antes da nomeação oficial, gerou perplexidade entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os integrantes da Corte foram pegos de surpresa com a notícia ao deixarem a sessão plenária desta quarta-feira, 16. Abordados por jornalistas com a informação, os ministros ouviram o áudio na saída do plenário, se mostraram espantados e preferiram reserva.
Dilma blinda Lula de Sérgio Moro e novos protestos tomam ruas do País
Presidente confirma seu antecessor na Casa Civil da Presidência e provoca nova onda de manifestações; juiz federal libera arquivos de áudio com monitoramento telefônico do petista e afirma que diálogos indicam que ele atuou para tentar influenciar o Judiciário
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A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil do governo Dilma Rousseff desencadeou nesta quarta-feira, 16, uma série de protestos pelo País motivada também pela divulgação de arquivos de áudio da Operação Lava Jato com diálogos do petista com a presidente e com o ex-ministro Jaques Wagner.