Recomeça a farra política - ISTOÉ
Legendas de aluguel, candidatos de olho nas urnas, agremiações majoritárias e o elenco geral de parlamentares, governadores, prefeitos e agregados não pensam em outra coisa no momento. A “mãe” de todas as reformas, aquela que toca diretamente no destino e bolso dessa constelação de dependentes do voto, entrou na ordem do dia. Tem prazo até meados de setembro para ser aprovada. Caso contrário, suas regras não terão validade nas eleições de 2018. Sem ela será um “Deus nos acuda”. Repeteco de velhos vícios. Tramoias nas coligações. Acordos espúrios buscando tempo de veiculação de propaganda na TV. Disparada na quantidade de partidos na disputa. E mais grave, na concepção daqueles que estarão na corrida pela preferência popular: a falta de dinheiro. Sim, é com isso que estão fundamentalmente preocupados. Na prática, a turma do Congresso está fazendo a reforma política para resolver caixa de campanha. Arranjar um recursozinho extra. Meter a mão na bufunfa do Tesouro Público. Simples assim. Depois da proibição das contribuições de empresas. Depois da atenção redobrada da polícia sobre os esquemas de Caixa Dois. Depois do desencanto dos eleitores com seus representantes – enojados que estão devido às falcatruas sem fim.
A corrupção da bolivariana do PT
A senadora Gleisi Hoffmann não é apenas a representante legal do Partido dos Trabalhadores — enquanto presidente da legenda da estrela rubra. Gleisi é hoje o retrato mais bem acabado do fosso profundo em que se embrenhou a sigla. Como irmãos siameses, ambos podem ser facilmente confundidos. Cordeiro só na epiderme de porcelana, Gleisi é como o PT dos últimos tempos: posa de tolerante, mas nunca apresentou-se tão autoritária. Finge-se de democrata, mas não hesita em franquear apoio a ditaduras — como a instaurada por Nicolás Maduro, na Venezuela. Alega ser vítima de perseguição política, mas é quem melhor encarna o papel de algoz de parcela dos brasileiros. Arvora-se paladina da ética, mas é constantemente flagrada com as mãos sujas da corrupção. É a tal cegueira mental de que falava José Saramago: consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que for suscetível de servir aos seus interesses. Na última semana, a Polícia Federal concluiu um contundente relatório em que imputa a Gleisi os crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro.
O campeão nacional de processos
A sensação térmica no verão carioca passa dos 40º C. Usar ônibus sem ar refrigerado, portanto, é comparável a um passeio ao inferno. Mas poderia não ser assim, se o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) não tivesse desviado tanto dinheiro das empresas de transporte público. O esquema de corrupção comandado por ele entre 2010 e 2016 abocanhou cerca de meio bilhão de reais, o suficiente para comprar 1.111 ônibus com ar condicionado.
Gestão fiscal de 88,5% dos municípios do Ceará é difícil ou crítica; São Gonçalo é a única com excelência no Estado
A gestão fiscal de 88,5% dos municípios do Ceará é difícil ou crítica. Foi o que apontou o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), divulgado nesta quinta-feira, 10, pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), com base em dados oficiais de 2016 declarados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Uma vitória de Pirro
*Fernando Gabeira, O Estado de S.Paulo
11 Agosto 2017 | 03h05
Trabalhando ao ar livre, em lugares de pobre conexão, nem sempre sigo os detalhes da patética cena política brasileira. Mas quando tento recuperar tudo no fim de semana, saio com uma sensação de que não perdi muito.
No caso da sobrevivência de Temer, triunfou a tese da estabilidade. Eu já a havia combatido, em nome de um equilíbrio dinâmico que soubesse combinar a retomada econômica com a luta contra a corrupção. Minha tese foi derrotada. Mas parcialmente, porque ela afirmava também que a estabilidade sem luta contra a corrupção se transformaria no seu contrário, era mais inquietante ainda.
Vendo o futuro pelo retrovisor
*Flávio Tavares, Impresso
11 Agosto 2017 | 03h06
O caminho está sempre à nossa frente. Se nos parecer que está atrás, basta nos virarmos e já tudo muda. Assim não ficamos na estrada, inertes e inúteis. A vida é um ir em frente constante e nisso estão de acordo filósofos, religiosos, cientistas, rockeiros e chefs. Entre nós, porém, há quem veja o futuro pelo espelho retrovisor, com o amanhã lá atrás, naquilo que abandonamos por decrépito e gasto, ruim e maldoso.
Os escândalos (antes ocultos) que explodem pelo País mostram a caminhada rumo à maturidade. Foi-se o medo a que a omissão nos condenara e que nos fazia parte do crime, até sem o saber. E apareceu o velho conluio entre poder público e setor privado. A cada dia, novo horror e a mesma engrenagem. Só varia a soma.