Republiqueta de banana?
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
06 Abril 2018 | 03h00
Muitos comemoram, muitos choram, mas não há o que comemorar nem chorar na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, homem com biografia vibrante, que saiu do horror da miséria, sacudiu num pau de arara, virou o maior líder sindical da história recente, chegou à Presidência e saiu dela com 80% de aprovação. Mas fez tudo o que fez ao chegar ao poder.
Mais que uma quarta-feira
FERNANDO GABEIRA*, O Estado de S.Paulo
06 Abril 2018 | 03h00
O que estava em jogo na quarta-feira era uma questão central para o País: romper ou não com um sistema de corrupção que se alimenta da lentidão da Justiça. O Brasil estava se tornando um país bizarro, com um vaivém de cadeiras de rodas nas cadeias. Era tão difícil prender alguém, no labirinto de agravos e recursos, que já chegava bem velho.
Análise: Com rapidez notável, Moro tenta evitar brechas para a defesa Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/analise-com-rapidez-notavel-moro-tenta-evitar-brechas-para-defesa-
BRASÍLIA - O juiz Sérgio Moro não esperou passar nem 18 horas da decisão do Supremo Tribunal Federal e já determinou que o ex-presidente Lula se apresente para a prisão. Com sua rapidez, Moro se antecipou aos movimentos de advogados, que tentaram ainda cedo uma manobra para recolocar em pauta o tema que, aparentemente, havia sido encerrado na véspera.
Veja o que dez constitucionalistas dizem sobre execução provisória da pena
A possibilidade da execução provisória da pena, tema que o Supremo Tribunal Federal julga nesta quarta-feira (4/4), é rejeitada por dez constitucionalistas ouvidos pela ConJur.
Todos eles entendem que a Constituição expressamente proíbe a prisão antecipada depois de condenação em segunda instância — mesmo aqueles que dizem ser favoráveis à medida, como cidadãos. Há divergência sobre a possibilidade de mudar a regra por meio de emenda constitucional.
Lula será preso, mas Lava Jato ainda corre risco
Em sessão que se arrastou por quase 11 horas e terminou no início da madrugada desta quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal empurrou Lula para a porta da cela. Por 6 votos a 5, o pedido do ex-presidente para não ser preso foi negado. Nos próximos dias, o condenado ilustre será passado na tranca por ordem de Sergio Moro. Mas o fato histórico não eliminou o risco de a Suprema Corte atravessar no caminho da Lava Jato uma decisão tóxica, modificando a jurisprudência que autorizou a prisão de condenados na segunda instância. Quer dizer: não se sabe até quando Lula ficará atrás das grades. E os corruptos continuam enxergando no Supremo uma janela de oportunidades.