Feudos - FOLHA DE SP
No século 18, todos os países eram pobres. A renda média por habitante era de cerca de US$ 1 por dia, mesmo na Inglaterra, e a expectativa de vida, perto de 40 anos.
Desde então, houve uma revolução econômica: a renda dos países desenvolvidos aumentou cem vezes e a expectativa de vida duplicou. Nas últimas décadas, cerca de 1 bilhão de pessoas saíram da linha da pobreza extrema nos países emergentes.
Um típico morador da África subsaariana atual vive melhor do que uma pessoa na França de 1700.
Jangada, uma das glórias do litoral, terá chegado ao fim?
Jangada, uma das glórias do litoral, terá chegado ao fim?
A jangada é tão onipresente no litoral do Brasil que foi notada logo na primeira vez que um europeu pôs os pés, oficialmente, no país.
Aconteceu no dia 26 de abril de 1500. A frota cabralina desembarcara em Coroa Vermelha, Bahia, para acompanhar a primeira missa. O que rolou naqueles dias tumultuados foi testemunhado por um especialista da pena: o escrivão Pero Vaz de Caminha:
…E alguns deles se metiam em almadias…duas ou três que aí tinham…as quais são feitas como as que eu já vi – somente três traves, atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé…
O esforço para domar a dívida - O ESTADO DE SP
03 de novembro de 2019 | 03h00
Apertadas no dia a dia, as famílias podem nem perceber os efeitos da política de corte de juros. Para o consumidor o crédito pode até estar mais acessível, mas continua caro. Para os cofres públicos, no entanto, a redução do custo financeiro produz benefício rápido, claro e traduzido em bilhões. Mesmo com esse alívio, o governo continua forçado a conter gastos importantes para a produção, o emprego e o bem-estar dos brasileiros. Mas alguns sinais positivos nas contas oficiais são incontestáveis. Os juros custaram R$ 360,03 bilhões ao setor público nos 12 meses até setembro. Nos 12 meses terminados em setembro do ano passado essa despesa havia chegado a R$ 401 bilhões. Com essa mudança, o custo financeiro nas contas governamentais passou em um ano de 5,94% para 5,10% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados são das Estatísticas Fiscais elaboradas mensalmente pelo Banco Central (BC).
O peso da dívida continua muito grande, mas pelo menos alguns fatores vêm facilitando a administração do problema. Juros em queda e inflação contida explicam boa parte da melhora. Ainda será necessário, no entanto, muito trabalho para conter o enorme endividamento e reduzi-lo a proporções mais seguras.
A crise dos municípios - O ESTADO DE SP
02 de novembro de 2019 | 03h00
A crise econômica, contra a qual o País ainda luta, tornou ainda mais precária a situação financeira das prefeituras. O aumento excessivo do número de municípios estimulado pela flexibilização das regras para emancipação estabelecidas pela Constituição de 1988 levou grande parte deles a depender das transferências de recursos pelo governo federal. Automáticas e em volume expressivo nos períodos de expansão econômica, as transferências federais permitiram a contratação de funcionários municipais em grande quantidade. A irresponsável expansão desses gastos pelas prefeituras, tanto dos novos como dos antigos municípios, agora mostra suas consequências. Mais de um terço (ou 34,8%) dos municípios não se sustenta por seus próprios meios. Em média, 1.856 prefeituras gastaram R$ 4,5 milhões no ano passado com despesas administrativas, que incluem os gastos com o funcionalismo, mas geraram apenas R$ 3 milhões de receitas próprias.
O problema fiscal é bem mais amplo. Três em cada quatro municípios estão em situação fiscal difícil ou crítica. Cerca de 50% das prefeituras gastam mais da metade do orçamento para pagar o funcionalismo e mais da metade tem dificuldades para pagar fornecedores. E quase metade delas tem baixíssima capacidade para investir, destinando apenas 3% das receitas para esse tipo de despesa.
Entre hienas e leões - CARLOS JOSÉ MARQUES
O mandatário, todos sabem, tem uma visão muito própria — beirando o pueril — sobre os inimigos que assolam seus pesadelos dia e noite. Difícil mesmo é quando ele avança com essas fantasias sobre aqueles que até outro dia eram tidos como aliados, tratados com tapinhas nas costas. Ministros do Supremo, por exemplo. Foram eles ou não foram que acataram os apelos presidenciais e imolaram as investigações por corrupção para salvaguardar a honra e impunidade do filhote Flavio?
Bolsonaro, em diversos momentos, é injusto. Pouco agradecido. Até cruel. Em um vídeo publicado nas suas redes sociais — que, por mais que possa ter sido ato dos desvarios do outro rebento, Carluxo, o Messias assumiu como responsável final —, o STF é tratado aos pontapés. Seus ministros, classificados de hienas. No post, o leão Bolsonaro é rodeado por uma alcateia de hienas na savana.
Dona de navio grego provocou acidente na Rússia e foi alvo de ataques piratas
Sede da empresa proprietária do navio Bouboulina, suspeito de derramar o óleo que atinge as praias do Nordeste, a Grécia é líder global no mercado de navegação comercial, com a maior frota do mundo em termos de capacidade de transporte, mas não nutre boa fama.
A Delta Tankers, proprietária do navio sob suspeita, não tem bom histórico. Em 2016, um navio da empresa provocou um acidente na Rússia. Houve colisão no porto de Primorsk, na região de São Petesburgo. O prejuízo foi de US$ 27 milhões (R$ 107 milhões).
O próprio Boubolina já havia ganhado o noticiário internacional por ter sido atacado por piratas em julho de 2016, próximo ao litoral da Nigéria. Depois disso, seguiu sua rota e, entre os dias 20 e 27 de julho, atracou em portos brasileiros em São Francisco do Sul (SC), São Sebastião (SP) e Angra dos Reis (RJ).
A ligação da Grécia com o setor de navegação tem personagens polêmicos, como magnata Aristóteles Onassis, morto em 1975, e denúncias de corrupção, como caso investigado pela Lava Jato envolvendo propina paga a armadores gregos pela diretoria de Abastecimento da estatal em governos petistas.
Rodrigo Luiz Zanethi, advogado e professor de direito marítimo portuário em Santos, cidade que abriga o maior porto do país, diz que os navios gregos não são conhecidos por serem bem-cuidados. "Como eles transportam a granel, o frete é mais baixo. E as empresas gastam pouco com a conservação do navio para dar lucro." Em geral, os navios conteineiros e de grandes empresas são melhor conservados, diz.