A Lei de Responsabilidade Social - O ESTADO DE SP
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou um projeto que cria a Lei de Responsabilidade Social (LRS). A importante iniciativa estabelece como metas a redução da pobreza e da miséria, que antes da pandemia já atingiam respectivamente 12,3% e 6,4% da população, para 10% e 2% em três anos. Além disso, prevê o acionamento de gatilhos no caso de frustração das metas.
A LRS responde à urgência imediata provocada pela pandemia, mas vai além, ao tentar reduzir a crônica desigualdade socioeconômica no País, que tem impacto no desenvolvimento e fomenta a demagogia.
Em todo o mundo a pandemia avivou o debate sobre o papel do Estado na proteção aos vulneráveis e no fomento à sua emancipação. Ao mesmo tempo, a crise sanitária e econômica se sobrepôs a uma crise de representatividade, que reflete a desconfiança da sociedade ante elites políticas incapazes de responder às suas angústias canalizando seus impostos em políticas públicas efetivas, e cujo lado sombrio se caracteriza pela ascensão dos populismos.
No Brasil, o quadro é agravado por estruturas que perpetuam a imobilidade social, mal tocada por programas de transferência de renda que só se prestaram a criar currais eleitorais para seus padrinhos.
O projeto apresentado no Senado aparentemente vai numa direção diferente, a começar pelas condições para sua consecução, a saber, os dois alicerces da lei: o estrito respeito às regras do processo legislativo, orçamentário, financeiro e fiscal e uma arquitetura que diferencia, integra e racionaliza ações de transferência de renda; mitigação e flutuação de renda; estímulo à emancipação econômica; e promoção da igualdade de oportunidades. Somente combinados esses fundamentos podem promover a expansão sustentável da rede de proteção.
Programas assistenciais improvisados, sem o controle da dívida pública, acabariam por gerar o efeito reverso: baixo crescimento econômico e inflação, afetando, sobretudo, os mais pobres. Ao mesmo tempo, é indispensável diagnosticar as formas de vulnerabilidade e seus remédios.
A situação das famílias em pobreza extrema e estrutural, necessitadas de transferências regulares de renda que garantam sua subsistência e dignidade, é diversa da daquelas famílias que em condições normais geram renda e se mantêm acima da linha da pobreza, mas que em momentos de choque precisam de uma espécie de seguro que suplemente suas perdas. Entre os dois polos, há o contingente de informais com capacidade de gerar renda, mas sujeitos à volatilidade de seus rendimentos sem as tradicionais proteções aos assalariados.
Assim, a LRS prevê três benefícios para substituir o Bolsa Família: o Benefício de Renda Mínima, para os extremamente pobres; o Programa Poupança Seguro Família, para os trabalhadores de baixa renda, incluindo os informais; e a poupança Mais Educação, para os jovens que se formam para integrar o mercado de trabalho.
Muito além dos méritos sociais da proposta, ela é um sinal salutar de protagonismo da sociedade civil e de revigoramento das forças políticas. O projeto foi elaborado pelo senador Tasso Jereissati com base numa proposta do Centro de Debates de Políticas Públicas.
O senador e seus colaboradores representam o Congresso que funciona, o mesmo que aprovou a reforma da Previdência e o Marco do Saneamento (que, por sinal, contou com atuação decisiva de Jereissati), operando à margem da inépcia do governo e contra suas manobras populistas. Dos R$ 46 bilhões previstos para o custeio do programa, cerca de R$ 35 bilhões viriam do Bolsa Família e o restante seria gerado pelo remanejamento de emendas parlamentares, ou seja, por meio de negociações políticas, de modo a mantê-lo dentro do teto de gastos.
Assim, às vésperas de um 2021 turbulento, a LRS se apresenta não só como um mecanismo eficiente para responder às mazelas sociais crônicas agravadas pela pandemia, mas como uma expressão da conciliação entre a genuína cidadania e a boa política, aquela construída a partir de negociações entre os representantes eleitos em resposta aos apelos da sociedade civil.
Evandro Leitão entra no radar do governismo
Conforme esta coluna antecipou na última sexta-feira (4), o deputado estadual Evandro Leitão será o novo presidente da Assembleia Legislativa do Ceará. A articulação foi feita pelo grupo governista sob o comando do atual presidente, Sarto Nogueira, que, dia 1º de janeiro, se tornará prefeito de Fortaleza e já deixará seu sucessor resolvido. A eleição, inclusive, já acontece nesta terça-feira (8). Havíamos antecipado aqui também que o ato formal aconteceria já nesta semana, antes, portanto, do dia 15, a data limite regimental.
A escolha para o comando do Poder Legislativo Estadual não é pouca coisa e eleva o peso político de Evandro Leitão a um outro patamar dentro do grupo governista. Basta, em breve retrospectiva, ver o peso que os ocupante do cargo tiveram nos últimos mandatos para perceber a diferença.
Cargo estratégico
Do comando da Assembleia Legislativa saíram Domingo Filho para ocupar a vice-governadoria no segundo mandato de Cid Gomes no governo do Estado. Foi no cargo que o comando do grupo foi buscar Roberto Cláudio, um deputado estadual de segundo mandato, que já surpreendera ao ser alçado ao cargo de presidente da Casa, para a disputa da Prefeitura de Fortaleza contra o PT de Luizianne Lins, que estava com a máquina na mão em 2012. De lá também saiu Sarto Nogueira para a disputa da Prefeitura da Capital para alcançar nova vitória.
Perfil de diálogo
De perfil discreto, mais afeito aos acordos de bastidores do que propriamente dos microfones do plenário, Evandro é um pedetista próximo do governador Camilo Santana (PT). Foi seu líder na Casa e já foi cotado para a Presidência na eleição de Sarto ao comando. Acabou pegando o segundo principal cargo do Legislativo, a 1ª Secretaria. Segundo os colegas, Evandro foi um nome fácil de ser vendido para os parlamentares, pelo perfil de diálogo que adotou. Nos bastidores, os deputados dizem que agregou apoio sem maiores resistências, a não ser no caso dos que tinham interesse direto.
Olho em 2022
A ocupação do cargo põe, inclusive, o novo presidente na linha sucessória do governador Camilo Santana (PT) para 2022. Caso queira disputar uma vaga no Senado, por exemplo, Camilo terá que renunciar ao cargo de governador.
Nesta hipótese, Izolda Cela assumiria o cargo e o presidente da Assembleia ficaria como o primeiro na linha de sucessão do Estado. Para essa engenharia política, entretanto, é necessário que os que estão na linha de sucessão estejam totalmente alinhados. Evandro parece ter o perfil.
Conselho trabalhando
No dia em que anunciou a nova composição do seu comando, a Assembleia resolveu enquadrar três deputados estaduais no Conselho de Ética. Passam a responder a processo administrativo André Fernandes (de novo), Leonardo Araújo (MDB) e Osmar Baquit (PDT). A decisão foi tomada na segunda. No caso dos dois últimos, a motivação foi a troca de insultos em plena Mesa Diretora da Casa em março deste ano, pouco antes da pandemia. No caso de André Fernandes, foi aprovada ação movida pelo PSDB por declarações do parlamentar relativa a emissão de certidões de óbito em meio à pandemia. Ainda na segunda, o conselho rejeitou outras duas ações contra Fernandes. INÁCIO AGUIAR / DIARIONORDESTE
Falta prudência ao STF - Carlos Graieb
Surpresa! Contrariando as expectativas, o STF decidiu que não pode haver reeleição para as presidências da Câmara e do Senado na mesma legislatura. É isso o que diz explicitamente a Constituição. Mas, na sexta-feira passada, tudo indicava que haveria uma “supremada”, com interpretação criativa do texto constitucional.
Faltava apenas um voto para que o senador Davi Alcolumbre pudesse pleitear sua recondução ao cargo, e dois votos para que o deputado Rodrigo Maia tivesse a mesma oportunidade. Mas, no fim de semana, o roteiro foi jogado fora. Os seis ministros que ainda não haviam votado foram contra a reeleição.
No meu artigo anterior, apostei que a tese da reeleição venceria porque havia notícias dos bastidores da corte dizendo haver maioria nesse sentido.
O voto do relator do caso, o ministro Gilmar Mendes, não seria uma tese pessoal. Ao contrário, teria sido costurado em negociação com os colegas. Com a virada de última hora, Gilmar Mendes e os quatro ministros que seguiram com ele – Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e o novato Kassio Marques – ficaram ao relento. As antipatias e cisões do tribunal vão se aprofundar. Haverá sequelas.
Acho que o resultado do julgamento foi correto, como escrevi na semana passada, mas veio tarde para fazer do Supremo o mocinho dessa péssima novela. O tema era politiqueiro, não dizia respeito a nenhuma grande questão nacional, mas às ambições de um punhado de políticos. É exatamente o tipo de caso em que os ministros não deveriam nem pensar em interpretar a Constituição de maneira criativa. Se o texto diz não, que seja não.
Passada a frustração inicial, é bem provável que Alcolumbre e Maia se articulem e consigam manter o seu grupo no comando das Casas, com grau significativo de influência em decisões importantes. Jogo que segue. Para o Supremo, fica o ônus de ter se imiscuído na política mais comezinha. Ônus de imagem e perda de harmonia interna.
Como também escrevi na semana passada, não sou um xiita da literalidade. Não fico arrancando os cabelos cada vez que o Supremo se desvia do sentido mais óbvio do texto legal. A ideia de uma corte constitucional com zero de ativismo é uma fantasia. Em nenhum lugar do mundo funciona assim.
A “interpretação conforme”, uma das principais ferramentas do STF para modificar o sentido de leis e da própria Constituição, inclusive com alterações de texto, não é uma jabuticaba. Como tantas outras coisas no Direito brasileiro, foi tomada de empréstimo de juristas franceses, italianos, alemães.
Uma vez que os ministros do STF têm a prerrogativa de interpretar a Constituição, é fútil esperar que eles se limitem a aplicá-la com automatismo. O que se deve pedir dos ministros, isso sim, é prudência – aquilo que os romanos, na Antiguidade, já consideravam a principal característica de um juiz. Prudência para escolher bem as causas onde exercer sua liberdade. Prudência para escolher o momento de julgar temas difíceis.
O Supremo já tomou decisões ousadas sem perder legitimidade. Por exemplo, ao atribuir à união civil entre pessoas do mesmo sexo efeitos iguais aos de um casamento. É claro que o tribunal atua de maneira política nesses momentos. Mas não politiqueira, o que faz toda a diferença.
Tem faltado prudência ao STF. / ISTOÉ
Evandro Leitão é oficializado candidato à Presidência da Assembleia Legislativa e anuncia nova Mesa
O deputado estadual Evandro Leitão (PDT), foi oficializado, na tarde desta segunda-feira (7), candidato à Presidência da Assembleia Legislativa, para os próximos dois anos. A chapa única na Casa foi anunciada em entrevista coletiva e terá representantes do PDT, PT, MDB, PP e PSB e PSD. A eleição está marcada para esta terça-feira, às 10h.
Veja a chapa:
- Presidente: Evandro Leitão (PDT)
- 1º vice-presidente: Fernando Santana (PT)
- 2º vice-presidente: Danniel Oliveira (MDB)
- 1º secretário: Antônio Granja (PDT)
- 2º secretário: Audic Mota (PSB)
- 3º secretário: Erika Amorim (PSD)
- 4º secretário: Apóstolo Luiz Henrique (PP)
"Minha palavra inicial é de gratidão ao meu partido por ter nos escolhido para concorrermos a eleição para presidente. Muito me orgulha esse reconhecimento e espero não decepcioná-los. Agradecer aos colegas parlamentares que nos deram apoio para que possamos dar continuidade ao trabalho do presidente José Sarto", disse em coletiva o candidato.
A composição da Nova Mesa Diretora segue o critério regimental da proporcionalidade dos partidos da Casa. O PDT ficou com duas vagas - a principal delas de presidente - porque é a maior bancada da Assembleia: tem 14 deputados.
Perfil
Evandro Leitão está no segundo mandato na Assembleia, é o atual primeiro-secretário e foi líder do governo na primeira gestão de Camilo Santana, portanto, ligado ao governador. O parlamentar também é ex-presidente do Ceará Sporting Club. Evandro também é muito ligado ao atual presidente da Assembleia, Sarto Nogueira, prefeito eleito de Fortaleza, que conduziu o processo da sucessão.
A indicação de Evandro Leitão à Presidência da Assembleia Legislativa é consenso na base governista, ou seja, não deve ter outros parlamentares na disputa pelo cargo. Isso só foi possível depois de muitas articulações.
Disputavam internamente a indicação ao cargo outros pedetistas: Sérgio Aguiar, Tin Gomes e Zezinho Albuquerque. Lideranças do grupo governista e o próprio Evandro passaram os últimos dias em contato com os três e outros aliados para conciliar os interesses.
Inicialmente, os três pedetistas apresentaram resistência, porque havia um acordo informal feito na última eleição de que os atuais membros da Mesa Diretora não poderiam disputar a reeleição. Neste caso, Evandro Leitão, atual primeiro-secretário da Mesa, não poderia concorrer. No entanto, deputados alegaram que o acordo não estava previsto no Regimento Interno.
Eleição
A eleição para a Mesa Diretora deve acontecer ainda nesta semana. Pelo Regimento Interno, a eleição deve ser realizada até o dia 15 deste mês e a votação é secreta.
O próximo passo agora, após o anúncio, é pedir o registro da chapa que deve ser subscrita por, no mínimo, um quinto dos deputados. Deferido o registro, o Departamento Legislativo organizará o sistema eletrônico de votação. A chapa é eleita pela maioria absoluta dos votos. A posse da nova Mesa ocorrerá no início do próximo ano legislativo, em fevereiro de 2021. DIARONORDESTE
MPCE ajuiza 56 ações com pedidos de cassação contra candidatos
Com o fim das eleições de 2020, o Ministério Público do Ceará (MPCE) começa a fazer o balanço das supostas irregularidades apontadas durante o período eleitoral no Estado. Em levantamento parcial, o órgão já contabiliza 56 Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJEs) ajuizadas na Justiça Eleitoral contra candidaturas majoritárias municipais cearenses. Os nomes dos candidatos investigados não foram informados.
Em todos os casos, o órgão pede a cassação do registro dos postulantes, pela prática de ilícitos que vão desde compra de votos, conduta vedada a abuso de poder político ou econômico por provocação reincidente de aglomerações.
Das 56 AIJEs movidas pelo MPCE, 14 são pela reincidência dos postulantes em provocar atos de campanha que gerassem aglomerações em meio à pandemia da Covid-19. Ao todo, as medidas são movidas por promotores de 25 zonas eleitorais, que abrangem 41 municípios.
Número pode aumentar
Os dados fazem parte de um levantamento parcial feito pelo Centro de Apoio Operacional Eleitoral (Caopel) do MPCE. O número pode ser ainda maior, já que nem todos os 109 promotores eleitorais informaram a protocolização das iniciativas. Além disso, partidos políticos, coligações e candidatos também podem entrar com uma ação judicial eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). Segundo o coordenador do Caopel, promotor Emmanuel Girão, as ações são frutos de ilícitos cometidos na campanha de 2020. "Essas ações são em virtude da prática de algum ato ilícito nesse pleito, como compra de voto, botar funcionário público para trabalhar na campanha, vantagens indevidas", explica.
Sobre as ações abertas contra candidatos por aglomerações, o coordenador do Caopel explica que as medidas foram ajuizadas sob o aval do procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro, que publicou recomendação para que os promotores eleitorais pedissem a cassação dos candidatos que reincidissem em desrespeitar as regras sanitárias em eventos eleitorais. A determinação do chefe do MPCE foi publicada no dia 28 de outubro, depois de várias ocorrências de aglomerações em eventos no Estado.
Girão ressalta, ainda, que as Aijes ajuizadas em relação a esse tema ocorreram antes da publicação da resolução do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) no dia 4 de novembro, que proibiu a realização de eventos de campanha que pudessem gerar aglomerações, como comícios, bandeiraços, carreatas e caminhadas. O órgão justificou a necessidade da medida, já que eventos de campanha não vinham "primando pela contenção da pandemia da Covid-19".
Abuso de poder
"As aglomerações a gente enquadrou em abuso de poder econômico e/ou abuso de poder político. São casos que eram reincidentes, que já estavam demais. [...] São anteriores à resolução do TRE-CE, porque depois caiu consideravelmente. Acho que antes do TRE-CE se posicionar, os advogados achavam que o MPCE não iria entrar com uma ação", frisou.
Girão acrescentou, ainda, que, apesar das ações pedirem a cassação do registro de candidatura, muitos dos postulantes alvos não foram eleitos, e por isso não devem sofrer a punição. No entanto, os que foram ainda estão passíveis de perderem o mandato.
Para a advogada eleitoral Isabel Mota, as ações que sejam motivadas apenas pela reincidência de aglomerações, por si só, não justificam o pedido de cassação.
"A aglomeração é uma vedação de natureza administrativa, não está na Legislação Eleitoral. Eu não vejo o fato de terem ocorrido aglomerações, sozinho, ser suficiente para cassar diploma ou mandato. Se tiver sido aplicado várias multas ou houver algum custo benefício para o candidato nas aglomerações, aí pode ser que tenha influenciado no resultado do pleito, porque cassação é quando influencia no resultado do pleito", explica.
A advogada acrescenta, ainda, que o MPCE terá que provar "muito bem" a relação da aglomeração com o abuso de poder político ou econômico.
"O MP vai ter que provar muito bem qual a conexão de abuso de poder político ou poder econômico sobre a questão de aglomeração, para ficar provado o desequilíbrio no pleito", afirma. Antes mesmo do início da campanha, o Diário do Nordeste já vinha noticiando a ocorrência de aglomerações em eventos eleitorais, que continuaram durante a campanha. A maioria dos registros foi feita em municípios do Interior, quando a fiscalização é mais frágil.
Avaliações
O advogado eleitoral Thiago Portela ressalta que se houver alguma decisão condenatória pela Justiça Eleitoral na Aije, o candidato eleito, e investigado, pode não assumir.
"Se a ação não foi apreciada até a diplomação ou posse, e o candidato estiver com o registro deferido, ele assume normalmente. Caso ele tenha sido cassado antes, pode não assumir", esclarece.
Isabel Mota acrescenta, ainda, que isso ocorre apenas se a decisão for dada em segundo grau e o candidato eleito não conseguir recursos para assumir. "Primeiro, é o juiz eleitoral que decide ou não pela cassação. Depois, a pessoa vai para o TRE-CE. Se o TRE-CE, confirmar (a decisão), aí a pessoa pode ter problema, porque se ela não tiver tomando posse ainda vai precisar de um recurso que garanta que assuma enquanto ainda recorre no TSE", explica.
Todavia, os dois advogados acrescentam que o pedido do Ministério Público não é necessariamente acatado pela Justiça. Pode ser determinado outro tipo de punição, obedecendo o princípio da proporcionalidade, segundo eles.
"A Justiça Eleitoral vai aplicar o princípio da proporcionalidade e analisar se aqueles danos e abusos que ocorreram são suficientes para afastar o candidato eleito pelo povo. E vai avaliar se essas situações serão punidas com multas ou se será cassação mesmo", finaliza Portela.
Prazos eleitorais
Os candidatos eleitos devem ser diplomados pela Justiça Eleitoral até o dia 18 de dezembro. A posse, tanto de vereadores quanto de prefeitos eleitos, ocorre no dia 1º de janeiro de 2021
Prestação de contas
Todos os candidatos, independentemente de terem sido eleitos ou não, têm até dia 15 de dezembro para enviarem a versão final da prestação de contas à Justiça Eleitoral. Os dados precisam estar em consonância com o que foi repassado pelos partidos e com o que foi recebido em forma de doação. DIARIONORDETE
Com reeleição afastada, Maia pode separar Bolsonaro e evangélicos
Com a reeleição para presidente da Câmara afastada pelo Supremo Tribunal Federal, Rodrigo Maia trabalha por nomes que se alinharam a ele na condução de projetos e na posição política para sucedê-lo no cargo. Por ora, as apostas são Baleia Rossi (MDB-SP), autor da PEC da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da Maioria, e Marcos Pereira (Republicanos-SP), integrantes de um grande bloco que Maia reuniu em torno de si à espera da decisão do Supremo.
Em declaração recente, Pereira disse que o deputado do DEM do Rio de Janeiro seria “um gigante” no dia 31 de janeiro, ao abrir mão da “perpetuação no poder”. Se for ele a opção do presidente da Câmara para sucedê-lo, Maia pode selar o afastamento entre a Igreja Universal e o presidente Jair Bolsonaro.
Saiba mais:O que pesou para STF impedir reeleição de presidentes do Senado e da Câmara
A insatisfação da bancada evangélica é crescente, desde o apoio tíbio de Bolsonaro à reeleição fracassada de Marcelo Crivella como prefeito do Rio. Bolsonaro quer Arthur Lira, do centrão, para comandar a Câmara. Pereira apoiado por Maia formaria um polo oposto ao do deputado do PP de Alagoas por quem torce o presidente da República.
O perfil que Maia procura é de um nome que apoie a agenda liberal na economia e foque nas reformas tributária e administrativa. E também um deputado que garanta a autonomia da Câmara frente ao Executivo, depois das turbulências dos últimos dois anos com Bolsonaro.
Em seu futuro fora do comando da Câmara, caberá ao deputado definir o que fará com o patrimônio político que ele e o DEM adquiriram na eleição municipal. Maia quer a união dos vários partidos de centro e tentará construir essa unidade, com o estilo que manteve para evitar crises institucionais mais agudas com o Executivo. Não descartou, em entrevista, pensar em uma candidatura ao governo do Rio em 2022. O DEM tende a ocupar o deserto político que tomou conta do Rio desde os escândalos que desmantelaram a hegemonia do MDB no estado. O GLOBO