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PT e PL se unem para comandar Assembleias Legislativas de 13 Estados

Por Adriana Ferraz e Davi Max / O ESTADÃO

 

Com posições antagônicas no discurso, políticos do PT e do PL se uniram em 13 Estados para dividir o comando das Assembleias Legislativas. Em todos os casos, petistas e bolsonaristas compuseram a mesma chapa para conquistar ao menos uma vaga nas mesas diretoras.

 

No Rio, o deputado Rodrigo Bacellar (PL) foi eleito presidente da Casa com votos do PT, que recebeu a terceira-vice-presidência em troca, além da promessa de comandar comissões de destaque. A mesma dobradinha marcou a escolha em Minas Gerais e ainda pode se repetir em São Paulo.

 

As eleições nos legislativos locais mostram que a polarização entre apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Jair Bolsonaro é deixada de lado quando se trata de divisão de poder.

 

Assim como ocorreu na Câmara dos Deputados, onde Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito com votação recorde e apoio maciço da situação e oposição, parlamentares estaduais formaram blocos pragmáticos – e não ideológicos – no retorno do recesso. Participar da Mesa Diretora significa ter mais cargos e poder tanto na condução dos trabalhos como nas decisões administrativas, e em contratos de terceiros.

 

Após ser reeleito em primeiro turno e apoiar Bolsonaro no segundo, o governador mineiro, Romeu Zema (Novo), esperava reciprocidade do PL em sua tentativa de emplacar um aliado para o comando da Assembleia. Mas o que se viu na última quarta-feira foi uma aliança pública entre os 12 deputados do partido do ex-presidente com os dez parlamentares petistas para levar à presidência Tadeu Martins Leite (MDB), sem vínculos com o Palácio Tiradentes.

 

Pauta

 

Da mesma forma que é importante para o governo federal ter aliados no comando da Câmara e do Senado, governadores também tentam influenciar a disputa em seus Estados para priorizar a votação de projetos de seu interesse. Cabe ao presidente dos legislativos a definição da pauta de votações. Zema, por exemplo, começa seu segundo mandato com dezenas de propostas de sua autoria paradas. Desde 2019, quando teve início sua primeira gestão, protocolou 25 projetos de lei, três projetos de lei complementar e duas propostas de emenda à Constituição de Minas que nem sequer chegaram ao plenário.

 

Conhecido como Tadeuzinho, o novo presidente assumiu prometendo independência ao Parlamento e harmonia com os demais Poderes. “O diálogo que resultou na candidatura única seguirá agora após a eleição da Mesa. Não são os homens, mas são as ideias que brigam”, disse, citando Tancredo Neves. A petista Leninha foi eleita no mesmo dia na primeira-vice-presidência e Antonio Carlos Arantes (PL), na terceira-vice-presidência.

 

Redutos

 

Até mesmo em Estados considerados essencialmente petistas ou bolsonaristas, alianças entre PT e PL foram registradas. Exemplos se deram em Santa Catarina, Paraná, Bahia, Alagoas, Amazonas e Mato Grosso. Na Assembleia paranaense nem houve disputa. A chapa para ocupar a presidência foi única e encabeçada por Ademar Traiano (PSD), reconduzido ao cargo para o quinto mandato consecutivo – o que é possível porque cada Estado tem regras próprias de limite à reeleição.

 

Ao tomar posse, Traiano defendeu a participação popular no processo legislativo e a harmonia entre os Poderes, tema, aliás, recorrente em todo o País, assim como a necessidade de diálogo entre representantes de correntes opostas na política.

 

Após se consagrar presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Bacellar afirmou que será um defensor da “pluralidade democrática”. “A partir deste momento, não há mais aqueles que me apoiaram, aqueles que criticaram ou aqueles que se abstiveram. O Brasil de hoje precisa de paz; o Rio do amanhã, de união”, disse. Em seguida, afirmou que democracia requer isonomia. “Vamos baixar as guardas.”

 

Em São Paulo, único Estado a dar posse a seus novos deputados em março, a eleição para a Mesa Diretora deve marcar o fim de uma era dominada pelo PSDB. Com a eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo do Estado, a expectativa é de que petistas ajudem André do Prado (PL) a se tornar presidente. Pelo acordo, os petistas, donos da segunda maior bancada, ficariam com a primeira-secretaria, responsável pelos contratos da Casa.

 

Mulheres vão dirigir legislativos no MA e AP pela primeira vez

 

A Assembleia Legislativa do Maranhão fez história na semana passada ao eleger Iracema Vale (PSB) como a primeira presidente da Casa em 188 anos de atividades parlamentares no Estado. Ex-prefeita e ex-vereadora de Urbano Santos, no interior do Estado, a deputada foi a mais votada em 2022, com 104.729 votos.

A popularidade e a experiência política levaram o governador Carlos Brandão (PSB) a defender seu nome, consagrado de forma unânime. Outras três deputadas foram eleitas para participar da Mesa Diretora. No total, são 12 mulheres na Casa – quase 30%.

 

Ao Estadão, Iracema destacou a força das mulheres na atual legislatura. “Não é somente a questão do feminismo em si, mas a competência e o potencial de cada uma delas”, afirmou. “É um pingo no oceano. Espaços de poder precisam ser conquistados e criados para o público feminino. Tive que resistir em um ambiente político predominantemente dominado por homens”, disse Iracema, que não será a única no posto.

 

Mais de três décadas após ser criada, a Assembleia Legislativa do Amapá também elegeu, pela primeira vez, uma mulher como presidente. Alliny Serrão (União Brasil) recebeu 23 dos 24 votos possíveis e superou o então comandante da Casa, Kaká Barbosa (PL), que desistiu da disputa. “Não chego aqui por favorecimento nem tampouco ungida por concessão a uma mulher”, disse.

 

Segundo a parlamentar, sua escolha foi possível graças à maturidade política de homens e mulheres, que querem mais dinamismo. “Só assim, vamos poder atender de forma mais eficaz às demandas do povo amapaense”, declarou Alliny.

FOGO DE PALHA NÃO AQUECE A ECONOMIA

Por Carlos Rodolfo Schneider / EMPRESÁRIO / O ESTADÃO

 

Desde a divulgação do resultado da eleição pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o então futuro governo concentrou a sua atenção em duas questões: revogar uma âncora fiscal (o teto de gastos, que estava na Constituição) para assegurar o direito de gastar e acomodar os diversos partidos que o apoiaram na eleição, numa demonstração explícita de falta de desprendimento desses grupos e de priorização de interesses particulares muito mais do que de um projeto para o País. Como bem apontou o economista Márcio Garcia, da PUC-RJ, “esquecendo os bons ensinamentos de 2002, o (novo) governo partiu de forma destrambelhada para o ataque, certo de que mais gasto público é o que falta ao País”.

 

A quase unanimidade entre economistas e especialistas em contas públicas de que o excesso de gastos públicos seja o principal desafio macroeconômico do País parece não sensibilizar novos grupos que chegam ao poder, mais preocupados com atender a promessas de campanha e aliados políticos. Importante lembrar que há 25 anos o governo central não gastava mais de 14% do PIB para manter a máquina pública, conseguia investir cerca de 4% e mantinha a carga tributária na casa dos 28%. Os gastos primários subiram para 20% em 2016 (em 2022 haviam caído para 18,5% em razão de contenções feitas pelo governo anterior); os investimentos, que preparam o País para o crescimento, recuaram para menos de 1%; e a carga tributária tem oscilado entre 32% e 35% do PIB. Isso significa que o Estado tem extraído cada vez mais recursos da sociedade, para ampliar políticas sociais e subsídios muitas vezes ineficientes e, especialmente, para inchar a máquina pública.

 

A escolha a ser posta não é entre Estado forte ou fraco, e sim entre ágil ou obeso. Entre eficiente ou ineficiente, entre promotor de uma economia competitiva ou de uma história de voos de galinha, que não permitem crescimento consistente. São escolhas que devem ser feitas e envolvem prioridades a serem estabelecidas. Como os recursos sempre são finitos, é imprescindível priorizar a sua alocação. E as âncoras fiscais, como o teto dos gastos, ajudam nessa disciplina, na construção do orçamento público pelo Executivo e na sua avaliação pelo Congresso Nacional. Na revisão das distorções e dos privilégios, que são uma realidade nem um pouco desprezível. E, assim, manter as expectativas de evolução sustentável da dívida pública, condição para viabilizar crescimento econômico adequado.

 

A PEC da Transição, que autorizou gastos extras em 2023 que superam os R$ 150 bilhões, certamente não é um bom indicador de responsabilidade fiscal. É muito mais um guarda-chuva que permite gastar sem priorizar. As prioridades sociais, principal pretexto para a sua aprovação, não demandariam mais que R$ 70 bilhões, recursos que, por outro lado, poderiam advir da eliminação de gastos não prioritários e do aumento da eficiência. E, se a justificativa para expandir os gastos públicos for o aquecimento da economia para gerar empregos, experiências passadas, aqui e em outros países, já mostraram que é movimento que não se sustenta. O que sustenta crescimento, sem gerar inflação, é o investimento, em infraestrutura, em pesquisa e inovação, em promoção internacional e em bons marcos regulatórios, fatores que alavancam o PIB potencial. E as sempre necessárias reformas, macro e microeconômicas.

 

Se, por um lado, é necessário reconhecer os importantes avanços havidos nos dois últimos governos, como o teto dos gastos, a reforma trabalhista, o fim da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a minirreforma política que restabeleceu a cláusula de barreira, a reforma da Previdência, a independência do Banco Central, a privatização da Eletrobras, a Lei de Liberdade Econômica, entre outros, também é necessário lembrar as pendências. Especialmente, a reforma administrativa, que visa a tornar o Estado mais eficiente e menos caro, condição para poder reduzir a carga tributária, que é a mais alta entre os países em desenvolvimento; e a reforma tributária, que pode tirar um peso das costas das empresas, com a simplificação do nosso manicômio de impostos.

 

Ter preocupação com a política social e com o crescimento econômico para a geração de empregos é proposta legítima de um plano de governo. A forma de promover as duas coisas é que faz toda a diferença. Experiências de diversos países demonstraram que a via do aumento de gastos alimentado por aumento de tributos tem gerado resultados muito mais tímidos e de alcance curto que a via da redução de gastos alicerçada em aumento de sua eficiência. A primeira alternativa é a mais fácil, mas alimenta a inflação, reduz a competitividade da economia e o crescimento econômico e fecha um círculo vicioso que prejudica os mais pobres.

 

Os atalhos sempre parecem a solução mais simples, mas, se quisermos preparar o País para um crescimento mais robusto e consistente, temos de estar dispostos a pavimentar o nosso caminho.

 

O vice-presidente Geraldo Alckmin conhece muito bem tudo isso e certamente não é afeito a fogo de palha. Quando governador de São Paulo, foi importante apoiador do Movimento Brasil Eficiente (MBE), que congregou diversos governadores e dezenas de entidades empresariais e da sociedade civil organizada na busca de um modelo de crescimento sustentável e consistente, apoiado por um Estado forte pela eficiência, e não pesado pela obesidade. Foi um movimento que, com a contribuição de Alckmin, ajudou a construir a consciência da eficiência pública que a sociedade brasileira tem demonstrado não desprezar mais. Esperamos poder continuar contando com o seu apoio.

Flerte de Lula com a reeleição é pura estupidez.

Josias de Souza / UOL

 

Sabia-se que Lula mentia quando disse que, eleito, seria "presidente de um mandato só". O que não se imaginava é que Lula deflagraria a campanha pelo quarto mandato apenas um mês depois de ter iniciado o terceiro. Para o brasileiro comum, que rala duro e torce por uma vida melhor, a única ambição que Lula precisaria cultivar no momento seria o desejo de trabalhar. A antecipação do debate sucessório vai em sentido oposto. O gabinete presidencial deixa de ser um ambiente de trabalho. Vira uma trincheira...

 

Antes de subir a rampa do Planalto, os candidatos costumam dizer que são contra a reeleição. Aconteceu com Fernando Henrique, Lula e Bolsonaro. Todos mudaram de ideia. O Poder deforma personalidades. Como o ego é algo que vaza para cima, alguma coisa sempre sobe à cabeça de quem se senta no trono. O que surpreende na entrevista em que Lula diz que pode disputar a re-re-re-reeleição em 2026 se houver "uma situação delicada" e se ele estiver bem de saúde é a pressa. Em matéria de apetite eleitoral, Lula bate o recorde de Bolsonaro.

 

O ego do Bolsonaro vazou numa entrevista em que celebrava o aniversário de 100 dias do seu governo. Ele disse: "A pressão está muito grande para que, se eu estiver bem, que me candidate à reeleição". O instituto da reeleição foi arrancado do Congresso por Fernando Henrique, em 1997, numa votação tisnada pela compra de votos. Com 25 anos de atraso, ele reconheceu que foi um "erro". Disse que é "imaginar que os presidentes não farão o impossível para ganhar a eleição é ingenuidade".

 

No caso de Lula, os mais ingênuos imaginaram que a idade conteria o ego. Ele próprio havia declarado que alguém que chegue à boca da urna com 81 anos não deveria pensar em reeleição. Normalmente, o flerte com a reeleição 32 dias depois da posse seria apenas uma derrapagem. O deslize vira estupidez quando um político com a experiência de Lula rasga o discurso pacificador, chama os adversários para a briga antes da hora e reduz sua frente ampla a um projeto individual.

Lula contra os moinhos de vento

Por Alvaro Gribel / O GLOBO

 

A cruzada de Lula contra o Banco Central lembra a cena clássica do livro “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes. Após fugir de casa em busca de aventuras, Quixote confunde 30 moinhos de vento com terríveis gigantes e parte para o confronto, ignorando os apelos de seu fiel escudeiro Sancho Pança, que o alerta sobre o engano, em vão. O BC, neste momento, pode ser tudo para Lula, menos um inimigo. Ao contrário, a confiança que Roberto Campos Neto e sua diretoria passam aos agentes econômicos — não só ao mercado financeiro — vem ajudando a manter o dólar e as expectativas de inflação sob controle, a despeito dos equívocos de discurso que Lula tem cometido na área.

 

Se existe um problema na economia, ele não está na política monetária. Os juros altos são a consequência dos desequilíbrios, e não a sua causa. A inflação subiu porque houve dois choques externos de oferta, um pela pandemia, outro pela guerra na Ucrânia, mas no Brasil eles são agravados pela forte indexação e pela crise fiscal crônica que permanece no país desde o segundo governo Dilma.

 

“Na prática, o que Lula faz é contratar mais inflação”, me relatou de forma precisa um economista que passou pelo Banco Central. Isso já pode ser visto nas expectativas de mercado, que servem de parâmetro para as decisões do Copom. Como mostra o gráfico, nas últimas quatro semanas, as projeções deram um salto de 2023 a 2027. Em economês, isso se chama “desancoragem de expectativas”. Em linguagem coloquial, “a pasta de dente saiu do tubo e será difícil colocá-la de volta”.

 

Com as expectativas em alta, o Banco Central alertou que poderá manter a Selic em 13,75% por mais tempo, podendo até elevar a taxa, em um cenário extremo. No mercado futuro, onde os investidores compram e vendem títulos do governo, os papéis com vencimento em 2050 atingiram o maior patamar desde 2016. Se esse cenário permanecer, os investimentos de longo prazo na economia real serão afetados, porque a renda fixa ficará atrativa. Um paraíso rentista.

 

Como já escrevi neste espaço, a equipe de Haddad tem feito um enorme esforço para passar credibilidade e ganhar confiança entre empresários e investidores. Em evento de um grande banco em São Paulo esta semana, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, reforçou a importância do ajuste fiscal, disse que ele será feito com controle de despesas e que a ideia de mudança nas metas de inflação não partiu da Fazenda.

 

Com suas falas sem filtro e improvisadas, Lula está plantando para todo o seu mandato aumentos de preços e juros, e, consequentemente, menor crescimento do PIB e da renda. Há muitos alertas sendo feitos, como os de Sancho Pança. Resta saber se, ao contrário de Dom Quixote, Lula dará ouvidos aos apelos antes que o estrago aumente.

 

Nem Freud explica

Depois de cair para R$ 4,96 durante o pregão de quinta-feira, o dólar disparou 2% para fechar em R$ 5,14, ontem. Pesaram sobre o real as falas de Lula, em entrevista à Rede TV!, e os dados de criação de vagas nos EUA, que vieram mais fortes do que o esperado. Até aqui, o Brasil vem se beneficiando de um forte fluxo de entrada de dólares em países emergentes, pela visão do mercado de que o ciclo de alta dos juros nos EUA está perto do fim. Quem entende de câmbio diz que o dólar poderia facilmente estar cotado entre R$ 4,60 e R$ 4,80, não fossem os ruídos de comunicação. Quais seriam os ganhos para a popularidade de Lula se o dólar tivesse despencado nos primeiros 30 dias de governo?

Garimpo em Terra Indígena

Somente nos três primeiros anos do governo Bolsonaro, até 2021, as áreas de garimpo dentro de Terras Indígenas dobraram. O crescimento foi de 102%. Eram 9,7 mil hectares em 2018, e agora são 19,6 mil hectares, segundo o Instituto Escolhas. O Banco Central prometeu há seis meses a criação de um grupo de trabalho para monitorar a entrada de ouro ilegal no mercado financeiro. Mas, até agora, nada.

Sem surpresas

Terminou sem surpresas a eleição para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, com Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) reconduzidos aos respectivos postos de comando.

Prevaleceu o pragmatismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que optou por uma estratégia de baixo risco. Escaldado com fracassos do passado, o presidente da República abriu mão de apoiar candidaturas petistas em ambas as Casas legislativas e aderiu aos dois favoritos.

Por motivos distintos, contudo, o resultado não garante a Lula vida tranquila no Congresso: não se dará de forma automática a aprovação de pautas relevantes para o Executivo, assim como o presidente não pode se considerar a salvo de surpresas oriundas do Legislativo.

Não que tenha sido uma vitória de Pirro. Mas a reeleição de Pacheco, obtida por 49 a 32, mostra que subsiste no Senado uma parcela expressiva interessada em atrapalhar os projetos do Planalto.

Sobretudo porque o segundo colocado, Rogério Marinho (PL-RN), apoiado pelo bolsonarismo, só não amealhou mais simpatizantes porque o governo Lula atuou para estancar a sangria, com tradicionais promessas de espaço —cargos e verbas— na administração.

Na Câmara, em contrapartida, a disputa não demandou do Planalto nenhum tipo de intervenção. Lira alcançou o placar recorde de 464 dos 508 votos registrados, superando com folga seu próprio resultado anterior (302), ou o do famigerado Eduardo Cunha (267) em 2015, à época no MDB-RJ.

Mas Lira, um dos melhores resumos da geleia fisiológica conhecida como centrão, está longe de ter com o PT alguma afinidade ideológica. Sua base, construída sobre os pilares das emendas ao Orçamento, fala por si: começa entre os aliados de Lula e termina entre os do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nada há de confortável para Lula nesse arranjo. No Senado, Pacheco somou a quantia exata de votos necessários para aprovar uma proposta de emenda à Constituição; na Câmara, a maioria folgada de Lira é antes dele do que do governo.

Se o Executivo quiser aprovar sua agenda no Legislativo, precisará negociá-la —o que é bem-vindo, desde que os termos desse acordo sejam republicanos.

Num gesto positivo, Lula telefonou a Pacheco e Lira e os parabenizou pela vitória, enquanto os dois, em seus discursos, admoestaram os golpistas que depredaram Brasília. Essa cordialidade e o respeito à democracia é o mínimo que se deseja dos chefes dos Poderes.

Espera-se agora que, com o início dos trabalhos legislativos, o governo dê andamento a uma agenda que tem como prioridades mais evidentes a reforma tributária e o controle da dívida pública.

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LULA PEDE EMPENHO DOS ALIADOS PARA APROVAR AUMENTO DETRIBUTAÇÃO SOBTRE OS RICOS

Por Mariana Carneiro / O ESTADÃO

 

Lula se reuniu com 13 vice-líderes do governo na Câmara nesta quinta (2) e pediu empenho na reforma tributária, principalmente na parte sobre tributação da renda dos mais ricos. O presidente disse considerar injustiça social a cobrança do IR hoje. A parte da reforma que já avançou no Congresso, porém, se concentra na tributação do consumo, não da renda.

 

NAMORO. O líder José Guimarães (PT-CE) aguarda as indicações de Republicanos e PP para fechar a lista de vice-líderes do governo. A aprovação de Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) para o TCU com o apoio do PT ajudou a estreitar os laços.

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