Arthur Lira é reeleito presidente da Câmara com 464 votos
Com 464 votos, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi reconduzido para mais um mandato no biênio 2023-2024. Os deputados elegeram ainda os demais membros da Mesa Diretora: 1º e 2º vices, 1º a 4º secretários e quatro suplências.
Lira foi apoiado por um único bloco parlamentar reunindo 20 partidos, incluindo duas federações. Ele obteve a maior votação absoluta de um candidato à Presidência da Câmara, considerados os registros dos últimos 50 anos.
Em seu discurso de agradecimento, Lira afirmou que não há mais espaço no Brasil para aqueles que atentam contra os Poderes que simbolizam a democracia. "Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá o rigor da lei", afirmou.
Outros candidatos
Na disputa pela Presidência da Câmara, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), lançado pela Federação Psol-Rede, obteve 21 votos; e o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) obteve 19 votos. Houve 5 votos em branco.
No total, foram registrados 509 votos.
Bloco parlamentar
O bloco parlamentar que apoiou Arthur Lira reúne a Federação Brasil da Esperança (PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PCdoB e PV) e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Também integram o bloco: União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, Federação PSDB-Cidadania, Podemos, PSC, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, Pros, Patriota e PTB.
Demais cargos
Para os demais cargos, foram eleitos os seguintes deputados:
- 1ª Vice-Presidência: Marcos Pereira (Republicanos-SP), com 458 votos. Houve 51 votos em branco;
- 1ª Secretaria: Luciano Bivar (União-PE), com 411 votos. Outros 98 votaram em branco;
- 2ª Secretaria: Maria do Rosário (PT-RS), com 371 votos. Houve 138 votos em branco;
- 3ª Secretaria: Júlio Cesar (PSD-PI), com 467 votos. Houve 42 em branco;
- 4ª Secretaria: Lucio Mosquini (MDB-RO), com 447 votos. Outros 62 votaram em branco.
Para a 2ª Vice-Presidência houve disputa entre dois candidatos: Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) foi eleito com 385 votos. Luciano Vieira (PL-RJ), concorrente como candidato avulso, obteve 94 votos. Houve 30 em branco.
Na suplência ficaram os deputados:
- Gilberto Nascimento (PSC-SP), com 420 votos;
- Pompeo de Mattos (PDT-RS), com 398 votos;
- Beto Pereira (PSDB-MS), com 389 votos; e
- André Ferreira (PL-PE), com 382 votos;
Houve 447 votos em branco para suplentes.
Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Pierre Triboli
Fonte: Agência Câmara de Notícias
DADOS DO BANCO MUDIALMOSTRAM QUE PAULO GUEDES ESTAVA CERTO
Por J.R. Guzzo / O ESTADÃO
Saíram, afinal, os dados oficiais do Banco Mundial para o desempenho da economia em 2022 e lá está: o Brasil cresceu mais que a China, pela primeira vez em 42 anos. O ex-ministro Paulo Guedes já havia dito exatamente isso, em suas estimativas sobre a performance da economia brasileira no ano passado; foi sepultado por uma avalanche de reações indignadas por parte dos economistas de esquerda, analistas de grandes bancos e mais do mesmo, todos convencidos de que o Brasil não iria crescer nada, ou algo assim. Não só erraram na previsão; previram o contrário do que aconteceu. É claro que nenhum deles fará qualquer esforço sério para entender o que houve, e isso garante que a qualidade das suas análises continuará a mesma de sempre. Fazer o que? O mundo das previsões econômicas é assim mesmo. A vida continua.
Vale a pena registrar, em todo caso, que os números do Banco Mundial colocam mais um prego no caixão em que está enterrada eterna desculpa de Lula quando assume a presidência da República – a de que recebeu uma “herança maldita” do seu antecessor. Em todas as vezes que disse isso, a realidade dos fatos era precisamente a oposta. Na verdade, Lula recebeu um país muito bem arrumado do ponto de vista econômico, levando-se em conta as circunstâncias mundiais e o efeito devastador que dois anos de covid e de “fique em casa” tiveram no sistema de produção do Brasil. A inflação, abaixo de 6% ao ano, é menor que a da Europa e dos Estados Unidos. A taxa de desemprego, em 2022, recuou para cerca de 8% – o melhor índice desde 2014. As reservas internacionais estão acima de 320 bilhões de dólares. As exportações bateram mais um recorde. Os índices de miséria, segundo o mesmo Banco Mundial, são os menores em vinte anos. As empresas estatais, que segundo Lula estão “destruídas”, lucraram mais de 250 bilhões de reais no ano passado. (Quem levou a Petrobras à beira da falência foram os governos de Lula e Dilma.) Vem, agora, a confirmação do crescimento econômico – 3,1% em 2022, um dos mais altos do mundo num momento ruim para todos.
“Herança maldita”? Onde? Herança maldita, na vida real, foi a que os governos do PT deixaram para Michel Temer em 2016 – uma economia em ruínas, com a maior recessão que este país já teve em sua história. Temer, denunciado como “golpista” por Lula, simplesmente reconstruiu o Brasil destruído por Lula e Dilma; fez o contrário, precisamente, do é acusado de ter feito. Os números reais, de qualquer maneira, não vão desaparecer só porque Lula inventa uma situação que não existe. Ficarão aí para sempre – e logo mais, queira ele ou não queira, começarão a ser comparados com os números do seu governo. A população brasileira terá, então, a oportunidade de ver com os seus próprios olhos o que o novo presidente tem a apresentar no mundo das realidades.
'3º turno' no Senado desmoraliza o Legislativo.
Lesiva teimosia
Por José Renato Nalini* O ESTADÃO
Conforme se esperava, o Censo 2022, que deveria ter sido realizado em 2020, vai se mostrar um prejuízo de quase dois bilhões e meio. Algo perfeitamente evitável, se o IBGE não fosse tão retrógrado e se utilizasse do censo permanente realizado pelos serviços extrajudiciais do Registro Civil das Pessoas Naturais, presentes em qualquer vilarejo brasileiro.
A constatação dessa "tragédia absoluta" foi feita por Roberto Olinto, que foi diretor de pesquisas e em 2017 assumiu a presidência do IBGE, onde permaneceu até final de 2018. Ele propõe uma auditoria dos dados para verificar se eles são válidos, se é preciso realizar um trabalho adicional ou, em caso extremo, se é o caso de elaborar um novo Censo.
Algo que está perfeitamente comprovado é que um atraso de dois anos evidencia despreparo da máquina. Por que o período decenal para apuração de dados que são atualizados diariamente pelo conjunto de delegatários que registra os nascimentos, os casamentos e as mortes de todos os brasileiros?
Essa rede confiável, presente na totalidade do território brasileiro, está sob permanente fiscalização e rígido controle por parte dos Juízes Corregedores Permanentes, da gloriosa Justiça Estadual, presente em todos os municípios do país. As correições locais - ordinariamente realizadas ao menos uma vez por ano e extraordinariamente a qualquer tempo - passam pelo filtro dos Corregedores Gerais de Justiça, desembargadores integrantes dos vinte e sete Tribunais de Justiça do Brasil. Por último, o sistema se submete à poderosa Corregedoria Nacional do CNJ, o Conselho Nacional de Justiça. Este órgão do Poder Judiciário criado pela Emenda Constitucional 45/2004 é onipresente. Proveu os serviços extrajudiciais de todos os instrumentos para bem cumprir sua missão. Tanto que os antigos "cartórios" dispararam em eficiência e utilização das modernas tecnologias da Quarta Revolução Industrial, encontrando-se hoje muito à frente do sistema Justiça estatal. Ainda sob os tacões da burocracia, do excessivo formalismo e até de uma insuperável lentidão, expressão da ineficiência que acomete o serviço público direto, em quase todas as suas esferas, a Justiça - costumeiramente - recorre à agilidade e presteza do setor extrajudicial para enfrentar vários de seus problemas.
O IBGE parece algo superado, principalmente quando depende dos maus humores de governantes esdrúxulos. Enquanto isso, as delegações extrajudiciais são permanentes. Mostraram o quão valiosas para a busca e divulgação da verdade, ao fornecerem os dados a respeito da Covid-19. O governo, completamente aturdido e com pessoas ineptas em cargo-chave, ficou atarantado e imóvel. Foram os registradores civis das pessoas naturais que forneceram os dados para que governos estaduais e municipais pudessem vacinar, criar leitos especiais, organizar o atendimento aos milhões de brasileiros que contraíram o vírus. Não fora isso e teríamos muito mais do que os setecentos mil patrícios contabilizados, ceifados à vida por incúria governamental.
Ora, como pretender realizar um censo, contratando duzentos e cinquenta mil pessoas leigas, jejunas e que, por estarem desempregadas, aceitariam qualquer função remunerada, independentemente de preparo? Foram treinados por cinco dias. A confusão instaurada, conta Roberto Olinto, houve atraso nos pagamentos, erros no valor. Os recenseadores leigos debandaram.
Para quem conhece o sistema, é o caso de Roberto Olinto, o censo de 2022 não é confiável. Imputou dados para quase 20% da população. Isso significa: não tenho dados para um quinto da população, então me utilizo de um processo que não pode ultrapassar 2% dos habitantes. Daí as distorções. Cidades que viram diminuir sua população e já judicializaram a questão.
Por que não se valer da experiência acumulada dos Registradores Civis, da seriedade com que a Justiça Estadual os fiscaliza, orienta, corrige e fazer com que o Censo Permanente seja incumbência do Poder Judiciário, sob a supervisão do CNJ? O Brasil tem saudável experiência com a Justiça Eleitoral, a Justiça que funciona, e poderia - contando com a boa vontade de serventuários que são recrutados mediante severíssimo concurso realizado pelos Tribunais de Justiça, manter atualizado o quadro geral da população brasileira. Algo essencial para o Planejamento das políticas públicas. Sem as contingências observadas nesta catástrofe que o IBGE proporcionou, algo que o ex-Presidente Roberto Olinto deixou muito claro em sua entrevista a Idiana Tomazelli. Vamos nos servir do que já existe e funciona bem. Chega de improvisações e de gastos desnecessários.
*José Renato Nalini é diretor-geral da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras
Demarcação da Terra Indígena Yanomami teve expulsão de garimpeiros e mobilização internacional
A demarcação da Terra Indígena Yanomami, em 1992, foi o capítulo final de uma temporada de operações que incluíram explosão de pistas de pouso clandestino e até troca de tiros entre polícias militares e federais.
No entanto, antes que o decreto fosse publicado pelo então presidente Fernando Collor em 25 de maio daquele ano, a situação drástica dos yanomamis já corria o mundo, especialmente após os contatos com brancos por causa da empreitada militar da Calha Norte nos anos 1970 e da invasão de garimpeiros na década seguinte.
"A tragédia vem de longe, e a ideia era ocupar a Amazônia com população, dentro de uma estratégia de criar uma barreira humana contra invasões ou avanços na porção norte", diz o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, 63.
Ele havia tomado posse como procurador da República em 1987, e foi designado dois anos depois pelo subprocurador-geral da República da época, Carlos Victor Muzzi, para liderar o inquérito civil público que investigaria a situação, junto com a procuradora Deborah Duprat.
O trabalho inicial consistia em avaliar as denúncias e entender o que se passava com os Yanomami, devastados por doenças, drogas, estupros e prostituição, além dos efeitos deletérios do garimpo para a saúde das pessoas e do meio ambiente. As investigações culminariam numa ação declaratória, anos depois, para a demarcação do território.
A situação também vinha sendo denunciada desde os anos 1970 pela Comissão pela Criação do Parque Yanomami, coordenada pela fotógrafa suíça Claudia Andujar, 91, que viveu por anos entre a etnia e registrou seu cotidiano e seus problemas.
O governo militar, na época, chegou a sugerir, por meio da Funai, a criação de 21 "ilhas" de preservação, descartando a criação de uma faixa contínua de terra.
Em 1979, a Survival International, ONG britânica com sede em Londres, fez as primeiras tentativas para convencer o governo brasileiro a reconhecer os direitos dos yanomamis. Nos anos seguintes, fez denúncias sobre a situação na OEA (Organização dos Estados Americanos) e na ONU (Organização das Nações Unidas), além de protestar em embaixadas contra as "ilhas" para os indígenas.
"Foi quando decidimos convidar o Davi [Kopenawa] a aceitar, em nome da Survival, um prêmio. Isso daria plataforma ao Davi na Suécia. E organizamos no parlamento britânico, em Londres, para o Davi falar aos governos europeus da situação, junto à Claudia Andujar. Esse foi o momento chave", diz Fiona Watson, 62, diretora de pesquisas da Survival International.
A visita foi em 1989, mesmo ano em que o então senador Severo Gomes (PMDB), lançou, com a Comissão de Ação Pela Cidadania, um movimento pela preservação da Amazônia, apoiado por Ulysses Guimarães.
lula 3 x lula 1
Por Felipe Moura Brasil / o estadão
As frases mais verdadeiras de Lula são de 2003, antes do mensalão, do petrolão, do uso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a favor de ditaduras socialistas, das fraudes fiscais e da crise econômica nos governos do PT.
“Quando a gente é de oposição, pode fazer bravata porque não vai poder executar nada mesmo. Agora, quando você é governo, tem de fazer; e aí não cabe a bravata.”
Em 22 de abril, ele reconheceu também:
“Nós não somos vítimas de nada. Somos vítimas da nossa competência ou da nossa incompetência.”
No mesmo dia, ele ainda sentenciou:
“Como dizia Lampião em 1927, neste país, quem tiver 30 contos de réis não vai para a cadeia.”
Vinte anos depois, Lula é o exemplo máximo de que (1) ricos podem até ir para a cadeia no Brasil, mas lá não ficam; (2) todas as formas de incompetência e malícia podem ser transformadas em narrativas vitimistas; e (3) não há limites para a continuidade, no governo, das bravatas vociferadas como oposição.
Quando ele declarou, na Argentina, que o impeachment de Dilma Rousseff foi um “golpe de Estado” e, no Uruguai, que Michel Temer é “golpista”, lembrei os discursos de 2016 da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre o afastamento da petista do cargo.
“O devido processo legal foi observado. Golpe? Não! Isso se chama democracia. Os fatos existiram: os decretos e as pedaladas. A autoria se faz presente da senhora presidente da República, por ação e por omissão dolosa”, disse Tebet na tribuna do Senado Federal. “Por todo o mal que causou e está causando à população brasileira, eu voto a favor do impeachment”, declarou a então senadora emedebista.
Quando Lula, ainda no exterior, prometeu retomar o modelo de financiamentos que rendeu calotes de Cuba e Venezuela no BNDES, recorri aos dados do próprio banco estatal para expor o tamanho do acinte com os contribuintes brasileiros, ao que a Secom lulista veio a público como Ministério da Verdade fingir que não há risco de prejuízo nos empréstimos jamais quitados.
Ninguém, no entanto, refuta Lula melhor que Lula. Já que ele não vai mais para a cadeia, a única chance de seu governo dar certo para o nosso povo, seria ele aceitar que o PT não foi vítima de nada e que, quando é governo, tem de fazer mais do que falar.