Previdência: Bolsonaro e governistas tentam contornar crise com Maia
As indicações de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está irritado com o governo e pretende deixar a articulação pela aprovação da reforma da Previdência tiveram repercussão imediata entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus principais auxiliares.
Na quinta-feira 21, Maia avisou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que deixará a articulação política pela reforma após ter se irritado com um post do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) com fortes críticas a ele.
O filho do presidente compartilhou nas redes a resposta do ministro da Justiça, Sergio Moro, à decisão de Maia de não dar prioridade agora ao projeto que prevê medidas para combater o crime organizado e a corrupção – Maia também havia se irritado com a postura do ex-juiz. “Há algo bem errado que não está certo!”, escreveu Carlos no Twitter.
Os aspones marajás de Dilma
Durante umas das sessões da CPI da Petrobras, em 2015, que apurou o esquema de desvios de recursos da estatal, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi enfático ao ser confrontado com o ex-engenheiro Renato Duque, ex-diretor de Serviços da companhia. “Fico impressionado com a ‘cara de pau’ do PT”. Na época, Paulinho criticava a desfaçatez do PT no assalto aos cofres da Petrobrás por meio de esquemas de desvios de recursos que até hoje desafiam os investigadores da Operação Lava Jato.
Cara de pau parece ser mesmo um requisito que de fato sobra no perfil petista. Mesmo depois de ter sido deposta em um processo de impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff conseguiu a proeza de ser a campeã entre os ex-presidentes brasileiros de despesas de seus assessores com viagens, passagens aéreas e diárias. Dados obtidos com base na Lei de Acesso à Informação revelam que Dilma gastou, somente no ano passado, mais de meio milhão de reais com o pagamento de diárias e passagens, combustível e demais despesas acessórias dos servidores que a acompanham.
A resposta da Lava Jato
As expressões “Estado Policial” e “jacobinismo de toga” frequentaram, nos últimos anos, o vocabulário dos maiores críticos da Operação Lava Jato. Eles, na maioria das vezes, não tinham razão. Mas ao mudar, na última semana, o padrão das prisões – antes assentadas em provas – para a perigosa escala da espetacularização e da tolerância zero, a própria Lava Jato começa a fornecer combustível aos seus detratores e àqueles interessados em implodir com o necessário combate à corrupção no País. O viés messiânico da Lava Jato nunca esteve tão exposto como agora. Senão vejamos.
Ao mandar para trás das grades na quinta-feira 21 o ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro Moreira Franco e o assessor Coronel Lima, apontado como o operador financeiro na “organização criminosa”, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, simplesmente esqueceu-se do essencial: fundamentar a prisão. Reza a lei, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal, que para ser preso, Temer & cia teriam de: ou estar condenados, ou criando embaraços às investigações ou em delinquência continuada – o que não se aplica ao caso.
O Ministério Público Federal argumenta, em seu favor, que o ex-presidente Temer montou um sistema de contra-inteligência dentro do próprio MP para acompanhar as investigações que pesam sobre ele, apagar eventuais rastros e coibir o surgimento de testemunhas capazes de encalacrá-lo ainda mais. Ocorre que, em sua peça de 46 páginas, Bretas sequer menciona esses elementos. Há que se distinguir as acusações dos procuradores das provas necessárias ao pedido de prisão. É o que marca, por exemplo, a diferença entre as detenções de Temer e do ex-presidente Lula.
O retiro de Alckmin
O devoto Geraldo Alckmin ainda carrega um velho terço de madeira no bolso direito da calça. Mas desapareceu das missas de domingo na Paróquia Santo Antônio do Caxingui, próxima à sua casa, no Morumbi. O padre Alfredo Cezar da Veiga atesta: “Tenho encontrado apenas a Dona Lu (sua esposa) em visitas e orientações espirituais”. O amplo escritório alugado por Alckmin no sofisticado bairro do Itaim Bibi parece consumido pela poeira. Pudera. Está desativado.
A abastada comitiva de campanha foi reduzida a pouquíssimos assessores. Desde a malograda campanha presidencial, Alckmin submergiu. Nos últimos tempos, alterou substancialmente sua rotina e refugiou-se no silêncio – este quebrado raríssimas vezes. Uma delas na última segunda-feira 18, quando o presidente nacional do PSDB – sim, ele ainda comanda o tucanato, ao menos formalmente – concedeu uma palestra sobre a Reforma da Previdência, num hotel na região de Moema, em São Paulo. Mais recluso, admitiu à ISTOÉ: “Eu já me arrependi de discursos que fiz, mas nunca do meu silêncio”, afirmou num tom ainda mais baixo do que o normal. “Ele é muito analítico e espiritualizado. Achava, como todo mundo, que tinha chance de ganhar a eleição. Acredito que está refletindo sobre todos esses acontecimentos”, elucubrou o pároco Alfredo Cezar, que jacta-se de conhecer o tucano como poucos.
Prisão de Temer "fere a Constituição", diz Ciro Gomes
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta sexta-feira (22) que a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) afronta o direito e fere a Constituição brasileira. Na declaração, publicada em uma rede social, o ex-governador argumenta ainda que o posicionamento parte de uma "consciência de cidadão".
"Se tem alguém na política brasileira que sabe o quanto Michel Temer merece ser condenado e preso, acredito que sou eu. Me exasperei quando vi o lulopetismo colocá-lo na linha de sucessão brasileira por pura irresponsabilidade eleitoreira, denunciei publicamente muitas vezes, fui processado pelo mesmo Temer mais de uma vez", escreveu o ex-candidato à presidência da República.
Governo vai propor que estados e municípios recebam parte dos recursos do fundo social do pré-sal
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
O governo vai propor que parte dos recursos do fundo social do pré-sal sejam direcionados aos estados e municípios, informou nesta sexta-feira (22) o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Júnior. O fundo social do pré-sal é formado por royalties e participações especiais de uma parcela dos recursos do pré-sal que cabem ao governo.
O secretário não detalhou como vai ser feita a partilha dos recursos do fundo no desenho elaborado pelo governo Jair Bolsonaro. Atualmente, a União não precisa compartilhar o dinheiro do pré-sal.