O exército de pinóquios
“Estão entregando dinheiro na mão de terrorista!”, dizia o vídeo publicado no dia 26 de janeiro pelo site Gospel Prime, um portal de notícias focado no público evangélico com média de quase 2,8 milhões de leitores ao mês. De acordo com a denúncia do site, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Michel Temer estavam tentando desviar dinheiro de uma obra, por meio de uma Medida Provisória de ocasião, para financiar terroristas palestinos. No Facebook, o líder da bancada evangélica na Câmara dos Deputados, o pastor Takayama (PSC-PR), gravou outro vídeo com um comentário que teve cerca de 4 mil visualizações. “Estão nos comunicando que muito do que é enviado para a Palestina é para patrocinar terrorismo”, disse, grave.
Há uma Medida Provisória que busca liberar, sim, dinheiro para a Palestina. Mas a doação visa reformar quatro das 50 colunas da Basílica da Natividade, igreja construída sobre o ponto considerado local de nascimento de Jesus, que consta como patrimônio histórico mundial na lista da Unesco. Se é apropriado ou não gastar dinheiro público em tal iniciativa, é uma discussão longa. O intrigante era por que o próprio Takayama — que já havia até pedido vista do projeto quando este foi examinado por uma comissão do Congresso — replicava uma notícia errada, falsa e inventada envolvendo dois potenciais candidatos à Presidência em ano eleitoral.
Se é falsa, não pode ser notícia
A língua, por ser viva, presta-se por vezes a imprecisões e distorções que refletem ações e pensamentos de seus usuários. Repete-se, com frequência, o uso da expressão fake news, as chamadas notícias falsas. Por princípio, se são falsas, não podem ser chamadas de notícias. Notícia é uma produção técnica, submetida a princípios universais de precisão, verificação e comprovação, para citar alguns dos requisitos essenciais.
Arthur Virgílio sugere trocar Alckmin por Tasso
Num instante em que a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin desperta na cúpula do PSDB o entusiasmo de um velório, Arthur Virgílio, o prefeito tucano de Manaus, inaugurou no partido um movimento em favor da troca do candidato. Passou a defender que o tucanato escolha para representá-lo na sucessão de 2018 não o ex-governador de São Paulo, mas o senador cearense Tasso Jereissati.
“Tasso talvez não ganhe a eleição. Mas conduzirá a refundação do partido”, disse Virgílio ao blog na noite deste sábado. “E não está descartada a hipótese de o Tasso surpreender aos que esperam do PSDB um Alckmin comportadinho e derrotadinho.”
Em novembro do ano passado, quando ocupava a presidência do PSDB interinamente, Tasso falava em “refundar” o ninho. Foi destituído por Aécio Neves, então presidente licenciado do partido. Na sequência, Alckmin foi entronizado no comando partidário. Na última terça-feira, depois que Aécio virou réu no Supremo, Alckmin dedicou-se a chutar cachorro morto. Declarou que ficou “evidente” que Aécio perdeu as condições de pedir votos em 2018, seja para que cargo for.
Para Virgílio, o eleitor já não distingue o PSDB do PMDB, o que é muito ruim. Mas ele acha que há males que vêm para pior: “Se distinguisse seria muito pior para nós, por que o PMDB nunca despertou a esperança que o PSDB inspirou um dia.” Nesse cenário, declarou o prefeito, o tucanato precisa admitir que o risco de derrota é real. De resto, defende a adoção de providências imediatas para reduzir os danos.
Ele homologou delações fajutas; tem de anulá-las e demora porque tem medo; Batistas anteveem cadeia e podem retaliar
O ministro Edson Fachin, relator do caso JBS no Supremo, está no que pode ser uma encalacrada. Ele homologou, sem restrições, as delações mais fajutas da história. E não tem como. Terá de anulá-las, o que ainda não fez. Está sentado sobre a questão desde setembro. E não é só essa: também a homologação da delação de Sérgio Machado tem de ser revista. Sabe-se que o homem é corrupto. Ele confessou. Ficou decidido que tem de devolver R$ 70 milhões aos cofres públicos — não sei se já o fez. Até agora, as histórias que contou não se confirmaram.
Doação de R$ 110 milhões foi feita a partidos, não a Aécio; dizer que a doação legal é corrupção não é denúncia, é lava-jatismo
De repente, a imprensa foi invadida por uma nova avalanche de notícias contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, obviamente, está fragilizado. É a hora em que a imprensa passa a atuar como um braço do “Partido da Polícia”. Alguém poderia perguntar: “Ah, mas vai deixar de noticiar?” Que se noticie. Mas que as circunstâncias, então, da notícia sejam devidamente explicitadas. O caso de Aécio é um emblema do mecanismo de terror em que se transformou a Lava Jato. E um pouco de bom senso explica por quê.
Ao chamar anúncio da Jovem Pan-BH de “pensão”, Joesley barbariza e faz o jogo do MPF; contra Aécio, vale qualquer coisa
Notem que a falsa informação da doação de R$ 110 milhões a Aécio Neves — tratou-se de doações eleitorais a partidos, com notas e recibos (ver post acima) — vem a púbico logo depois de o Supremo ter aceitado a denúncia contra o senador, oferecida pela Procuradoria Geral da República, e antes de Edson Fachin, relator das delações de Joesley Batista e sua turma, tomar a decisão sobre o destino que dará às ditas-cujas.