Jovem da periferia que se formou em Harvard é eleita deputada federal em SP
Tábata Amaral conversa com eleitor durante a campanha — Foto: GloboNews/Reprodução
A jovem Tábata Amaral, de 24 anos, foi a sexta candidata a deputada federal mais votada em São Paulo. A paulistana é de Vila Missionária, periferia da Zona Sul de São Paulo, se candidatou pelo PDT e conseguiu mais de 264.450 votos.
Tábata estudou em escola pública até o 8º ano. Aos 12 anos, começou uma carreira como "atleta" do conhecimento. Ao todo, colecionou mais de 30 medalhas em olimpíadas de física, química, informática, matemática, astronomia, robótica e linguística.
Com o destaque nas olímpiadas de matemática, ela ganhou uma bolsa em uma escola privada. O colégio também bancou moradia e alimentação da estudante porque sua casa ficava distante, e os pais não podiam arcar com a despesa. Lá viu os horizontes se alargarem e ouviu pela primeira vez sobre a possibilidade de fazer faculdade fora do país.
A raiva venceu. Apertará confirmo dia 28?
Para parafrasear um slogan que se tornou viral, como se diz hoje, oresultado do primeiro turno pode ser lido como a raiva venceu a esperança (ou qualquer outro sentimento positivo).
Pensando bem, não é que a raiva venceu no domingo. Na verdade, ela já vinha vencendo antes, desde pelo menos 2013, o ano dos grandes protestos contra, basicamente, tudo o que está aí. O brasileiro que foi às urnas, conforme mostrou o Datafolha uns dias antes, estava na maioria com raiva (68%), triste (79%), desanimado (78%) ou inseguro (88%).
Eleitor brasileiro tocou fogo no circo da política
Dizer que o 7 de outubro de 2018 foi o mais eloquente recado enviado pelas urnas à oligarquia política desde a redemocratização do Brasil é pouco. Houve algo bem mais grave: o eleitor tocou fogo no circo. Foi como se quisesse deixar claro que não tem vocação para palhaço. As urnas carbonizaram parte do elenco que reagia à Lava Jato com malabarismo verbal, trapezismo ideológico e ilusionismo.
A velha política está em chamas. Tomado pelas proporções, o incêndio lembra aquele que consumiu o acervo do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Salvaram-se múmias como Renan Calheiros, Jader Barbalho, Ciro Nogueira e Eduardo Braga. Mas viraram carvão as pretensões eleitorais de peças como Dilma Rousseff, da sessão de paleontologia. Reduziram-se a cinzas mandatos do porte dos de Romero Jucá, Eunício Oliveira e Edson Lobão, da ala dos invertebrados.
Convém saber que segundo turno é uma outra partida; ela carrega apenas o saldo moral de gols.
Na Câmara, o antigo centro político — Como? Você não gosta dessa ideia? Ok! — foi miseravelmente atropelado. O PMDB tem hoje uma bancada de 51 deputados e passará a contar com prováveis 33. O PSDB, que agoniza, terá apenas 29. Aquilo a que se chama “Centrão” (PP, PR, PRB, DEM e SD) deve reunir 137 membros, e o PP deve ser o mais bem aquinhoado, com 37.
Nordeste resiste à onda bolsonarista e se torna último reduto da esquerda
RIO — Se candidatos como Wilson Witzel (PSC), que surpreendeu e obteve 40% na corrida pelo governo do Rio, e Romeu Zema (Novo), que vai para o segundo turno em Minas Gerais após conseguir 43% dos votos, surfaram na candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência e dispararam nas urnas, contrariando as pesquisas, a guinada à direita não chegou ao Nordeste, desde o começo da campanha tido como um bastião da esquerda, onde se concentrava uma grande fatia de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu partido, o PT. Petistas como Camilo Santana, no Ceará, e Rui Costa, na Bahia, além de nomes de partidos mais à esquerda como Flávio Dino — o único governador do PCdoB, do Maranhão — e Paulo Câmara (PSB-PE) venceram suas eleições no primeiro turno.
Câmara dos Deputados tem a maior renovação dos últimos 20 anos
RIO - A Câmara dos Deputadosterá, em 2019, o maior número de deputados federais estreantes dos últimos 20 anos. Foram eleitos, no último domingo, 243 parlamentares que nunca tinham passado pela casa legislativa. O número representa47,3% das 513 cadeirasdisponíveis e é maior que o da eleição de 2014, quando 198 pessoas foram eleitas pela primeira vez para a casa legislativa. Há duas décadas, nas eleições de 1998, o total de vagas renovadas foi de 183. Se incluídos os 19 deputados que já tinham feito parte de legislaturas anteriores, a taxa de renovação da Câmara sobe para 51,1%.