Efeitos de obra na relação de Bolsonaro com o NE dividem cearenses
Politicamente, a vinda do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Ceará para inaugurar o Eixo Norte da Transposição das águas do Rio São Francisco não mudou a relação de oposição com o Governo do Estado. Aliados do governador Camilo Santana (PT) avaliam que faltou diálogo e consideram que o momento para a agenda não foi tão adequado. Por outro lado, apoiadores de Bolsonaro acreditam que a entrega da obra foi importante para aproximar o presidente do Nordeste e tentar conquistar terreno em um reduto que, tradicionalmente, é de partidos de esquerda.
Na eleição presidencial de 2018, o Nordeste foi a única região do Brasil onde Bolsonaro não saiu vitorioso, ficando com 30,3% dos votos válidos. A região é a que concentra também boa parte dos governadores de oposição. Desde a campanha eleitoral, quando fala sobre o Nordeste, Bolsonaro cita que seu sogro é de Crateús, município cearense, para tentar demonstrar ligação com o Nordeste.
Na última quinta-feira (25), véspera da inauguração do Eixo Norte da Transposição, ele voltou a falar em uma ‘live’ nas suas redes sociais sobre o parentesco de sua esposa, Michelle Bolsonaro. O presidente disse que convidou Camilo Santana e outros governadores para “bater um papo e trocar ideia” no evento. “São governadores de oposição, mas nosso Governo não tem oposição. Meu sogro, inclusive, é do Ceará”, lembrou.
Convite
Camilo Santana agradeceu nas suas redes sociais ao presidente Jair Bolsonaro e a governos anteriores pela Transposição, mas disse que visitará o empreendimento “após superarmos este momento de pandemia” da Covid-19. Nem ele, nem outros governadores foram à inauguração. Aliados de Camilo se sentiram desconfortáveis de inaugurar uma obra em meio à pandemia.
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, chegou a se reunir com Camilo Santana um dia antes do evento, em um gesto de pacificação. Segundo auxiliares do governador, a reunião foi boa, mas, institucionalmente, não representou uma aproximação. Pelo contrário, repercutiu mal o fato de o convite oficial para o governador só ter chegado na véspera da entrega da obra da Transposição dentro do seu Estado.
Para o deputado estadual Guilherme Landim (PDT), aliado do governador e presidente da Comissão de Acompanhamento das Obras da Transposição na Assembleia Legislativa, a vinda de Bolsonaro poderia ter sido oportunidade de estreitar relações. Ele criticou, porém, o fato de lideranças políticas locais não terem sido convidadas para o evento de chegada das águas. “Não é da parte de um governo vir inaugurar uma obra dessa grandiosidade e não mandar convite para nenhum prefeito, para outras lideranças, para a Assembleia. Tratar da forma como tratou o Governo do Estado, mandando convite de última hora só para constar”.
Apesar disso, avalia Landim, não houve tensionamentos e a visita ficou “em um bom termo”. Mas para a deputada estadual Silvana Oliveira (PL), presente na inauguração da obra, Jair Bolsonaro não veio para abrir diálogo, e sim para “virar a página” com o povo nordestino.
“Tinha uma multidão lá que desejava que ele chegasse perto. Ele conseguiu transformar um período de pandemia em um dia alegre, festivo. Água para o cearense é vida, é saúde. Até aqui, o nosso Ceará, de presidente, teve padrasto e madrasta, agora temos um pai do Nordeste”, afirmou.
Pandemia
Já o deputado estadual Fernando Santana (PT) ponderou a visita em meio à pandemia e chamou atenção para as aglomerações no aeroporto de Juazeiro do Norte, onde o presidente desembarcou. Ele lembrou que o município está em isolamento social rígido, por conta do alto número de casos de Covid-19.
“Manifestações de apoio ao presidente são legítimas, mas em outro momento, não nesse. Não acho que ele conseguiu abrir um canal de diálogo, porque o presidente não teve diálogo com o governador, que é a maior autoridade política do Estado”, opinou.
Já o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL), também da base aliada do presidente, defendeu a inauguração da obra, porque “ia atrasar a água onde deve chegar”, justificou “Ele obedeceu o lockdown (em Juazeiro do Norte), só foram convidadas autoridades, e o mínimo possível para não fazer enxame”.
O deputado federal André Figueiredo (PDT) discorda e também acha que a visita presidencial deveria ter sido adiada para outro momento, por causa da pandemia. “Não é momento de termos aglomerações. A visita deveria ter sido considerada dentro da normalidade, não fosse a situação que o Brasil vivencia diante de evitar aglomerações”, disse o líder da oposição na Câmara.
O evento contou com a presença de parlamentares cearenses: os deputados federais Dr. Jaziel (PL), Capitão Wagner (Pros), Domingos Neto (PSD), Pedro Bezerra (PTB) e Danilo Forte (PSDB); deputados estaduais André Fernandes (PSL), Delegado Cavalcante (PSL) e Silvana Oliveira (PL), além da vereadora de Fortaleza Priscila Costa (PSC). O deputado federal licenciado, Roberto Pessoa (PSDB) e o ex-deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB) também estiveram lá.
Aproximação
Para Capitão Wagner, a inauguração de obras importantes como a Transposição é positiva para o presidente, porque beneficia diretamente a população da região. Para ele, se a economia melhorar depois da pandemia, a popularidade do Governo pode aumentar.
“Se a economia voltar a crescer, emprego voltar a ser gerado. Na medida em que obras sejam entregues, projetos que beneficiem a região Nordeste como esse (da Transposição do São Francisco), tenho certeza que vai ter maior penetração dele na região. O que vai tornar o nome dele maior aqui é o pós-pandemia”.
Para Jaziel Pereira (PL), a inauguração da Transposição foi um passo “excelente” de aproximação do presidente com o Nordeste. Assim como Wagner, o parlamentar acredita que só por meio de investimentos na região Bolsonaro vai conquistar espaço.
“A oposição ao presidente no Nordeste influencia muito no comportamento do povo, é uma barreira. Bolsonaro tem que usar de estratégias para estar presente no Nordeste, levar ações federais (à região). Pegar essas obras que estão paradas e concluir, entregar para o povo. Só dessa maneira ele ganha confiança e o povo se volta para o presidente”. diarionordeste
observação pessoal. NÃO DEIXARAM A REPORTER COLOCAR UMA FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE NO ATO DA INAUGURAÇÃO DO EIXO NORTE. EU O FAÇO PARA FICAR PERPETUADO NA HISTORIA DA PASSAGEM DO NOSSO PRESIDENTE JAIR MESSIAS BOLSONARO NO CEARÁ.
Mais cinco municípios cearenses entrarão em isolamento rígido, anuncia Camilo
Mais cinco municípios cearense entrarão no modelo de isolamento rígido como forma de combate à propagação do novo coronavírus. Iguatu, Crato, Barbalha, Brejo Santo e Tianguá se juntam a Sobral e Juazeiro do Norte e passam a adotar medidas mais rígidas de isolamento a partir desta segunda-feira (29).
A informação foi confirmada pelo governador Camilo Santana durante uma transmissão ao vivo pelas redes sociais. Ele comentou que a decisão foi baseada na análise dos especialistas da área da saúde e que deverá reduzir o ritmo de contágio da Covid-19 em cada região.
Camilo também destacou que a medida deverá dar mais tempo para o Governo do Estado ampliar a rede de atendimento hospitalar no Interior para garantir que os casos mais graves da doença possam ser tratados.
"Vamos recomendar que todos os municípios ao redor de Tianguá possam adotar medidas mais rígidas. E faremos isso com as outras cidades ao redor desses outros municípios. O objetivo é diminuir o ritmo de avanço da doença e nos dar tempo para ampliar a rede de atendimento hospitalar", disse.
A Capital continua na segunda fase do plano de retomada da economia, enquanto outros municípios da Região Metropolitana de Fortaleza seguirão na primeira fase. Outras regiões do Estado seguem na fase de transição.
Preocupação
No entanto, Camilo reforçou o pedido para que a população e as empresas respeitem as medidas de isolamento social. Ele comentou que a Secretaria de Saúde vem registrando o aumento na procura por equipamentos hospitalares e isso pode gerar preocupações.
"Fortaleza, que já está na primeira semana da segunda fase, continuará nessa etapa, que é a abertura de mais algumas atividades econômicas. Os números de Fortaleza continuam bem, mas já acende uma luz de alerta com relação à procura de equipamentos de saúde na Capital", afirmou.
Durante a live, Camilo também confirmou que a nova remessa de 300 respiradores comprados na China já chegou ao Aeroporto Internacional de Fortaleza. com diarionordeste
Bolsonaro vai até Minas Gerais e provoca aglomerações
Equipe BR Político
Moro ironiza ‘desculpas’ de Lula sobre corrupção
Equipe BR Político
São Paulo só tem uma escola no top 10 do Enem de 2019
27 de junho de 2020 | 05h00
O Estado de São Paulo só teve uma das dez escolas com melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2019, desconsiderando a nota da redação. Os microdados da prova foram divulgados na sexta, 26, pelo Ministério da Educação (MEC) e tabulados pela startup Evolucional. Entre as maiores notas, todas são de instituições particulares e estão concentradas no Ceará e em Minas. Há ainda uma do Piauí.
No ranking que considera a redação há três escolas de São Paulo (confira sua escola neste link). O levantamento analisa apenas os dados dos alunos que cursaram o 3.º ano do ensino médio em 2019 e não tiraram nota zero em nenhuma prova objetiva do Enem.
Depois, a média das escolas foi consolidada considerando as instituições de ensino que tiveram pelo menos 10 alunos participantes. Alunos de educação especial e de Educação de Jovens e Adultos (EJA) foram considerados.
Segundo o diretor de inovação Pedagógica da Evolucional, Vinícius Freaza, são os mesmos critérios utilizados pelo Inep até 2016 – ano em que a instituição parou de elaborar esses levantamentos para evitar “rótulos”. Pelo quarto ano consecutivo, a escola Farias Brito, em Fortaleza (CE), está na liderança, isso considerando os dois cenários: com e sem a nota da redação. Se considerada apenas a nota das provas objetivas, a escola teve uma média de 716,37 pontos. Já se a nota da redação for acrescida à conta, a média é de 760,18 pontos. Em nota publicada no site oficial, a escola comemorou com uma piada. “É tetra.”
Freaza explicou que as posições das mais bem colocadas podem variar conforme os anos, mas elas geralmente dividem os lugares entre si. Para ele, as escolas que conseguem o melhor desempenho são as que incorporaram a “cultura de dados” à sua gestão pedagógica. “Isso significa fazer várias avaliações durante o ano não somente para julgar os alunos, mas para construir o planejamento de estudos e revisão de conteúdos.” Os microdados do Inep permitem uma análise profunda da prova.
Há, no entanto, educadores que consideram que muitas escolas passam a focar seu ensino apenas no desempenho dos estudantes no Enem, o que pode ser prejudicial para a formação geral do aluno. O ranking do exame se tornou nos últimos anos uma das principais maneiras de colégios se divulgarem e atrair alunos. Só na décima primeira posição está um colégio federal de Viçosa, de Minas. Já a primeira escola estadual aparece no ranking somente na 82.ª posição. Trata-se de um colégio em Ijuí, no Rio Grande do Sul.
São Paulo
Em São Paulo, o Colégio Objetivo Integrado – criado pelo Objetivo com seus melhores alunos – ficou em primeiro lugar. “É motivo de muita alegria esse primeiro lugar na cidade e no Estado, o terceiro lugar nacional é ótimo resultado. Parabenizamos nossos alunos, que são muito dedicados”, disse a diretora do colégio, Maria Luiza Guimarães.
A média do Objetivo Integrado foi de 708.8 pontos, se considerada apenas a prova objetiva. Mas, se a redação for levada em consideração, a média fica em 740,77 pontos. A prova objetiva e a redação são avaliadas com critérios diferentes. A nota das questões alternativas envolve TRI, sigla para Teoria de Resposta ao Item. Por meio dela, as notas são dadas a partir de uma padrão de respostas do candidato para perguntas consideradas fáceis, médias e difíceis. Já a redação considera uma grade com cinco competências específicas. / COLABOROU GILBERTO AMENDOLA
Pressão do STF sobre Centrão surte efeito e eleição deve ser adiada
Está próximo o consenso da Câmara em torno do adiamento das eleições municipais por causa da pandemia. Os últimos focos de resistência à PEC aprovada no Senado, que agora precisa ser referendada pelos deputados federais, estavam no PL, de Valdemar Costa Neto, e em partidos nanicos, como o PTC. Mas a pressão interna e externa, principalmente do STF, enquadrou a turma do Centrão. A expectativa dos líderes é de bater logo o martelo nas datas (primeiro turno em 15 novembro próximo e o segundo no dia 29 do mesmo mês).
Se liga. O STF e Rodrigo Maia apertaram o Centrão sob argumento de que eles iriam instalar o caos eleitoral num país colapsado.
Sem riscos. Defensores no Congresso do adiamento das eleições municipais acreditam que, se o Centrão não se contentar com a compensação a ser recebida (recursos para prefeitos), o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, deve tomar medida para garantir a realização do pleito em novembro ou dezembro.
Sem fronteiras. O Direitos Já prepara novo ato virtual em defesa da democracia e do meio ambiente no dia 15 de setembro. A meta é internacionalizar o movimento, com a participação de “estrelas” estrangeiras.
Pedágio. O ato suprapartidário de sexta-feira (26/6) foi considerado “sucesso”. Porém, causou mal-estar (entre democratas que respeitam decisões da Justiça) a fala de Fernando Haddad defendendo Lula. Todos entenderam como um agrado desnecessário do ex-prefeito ao chefe.
CLICK. A primeira dedicatória do recém-lançado livro de Tabata Amaral (SP) sobre sua trajetória da periferia à Câmara foi para a mãe, Maria: “Fonte de inspiração”.
Na veia. A bancada do PSB na Câmara apresentou requerimentos de informação sobre a “fuga” de Abraham Weintraub. Quer saber se ele foi em missão oficial, qual passaporte usou para sair do País, se foi em avião da FAB e se solicitou ao Planalto autorização para a viagem aos Estados Unidos.
Futuro. Para quem ainda não entendeu as recentes pesquisas: o caso Queiroz é antigo e só deverá abalar a popularidade de Bolsonaro se surgirem as delações.
Xi. O bolão de apostas no Congresso: até quando Jair Bolsonaro sustentará o personagem do “santinho”?
SINAIS PARTICULARES.
Jair Bolsonaro, presidente da República
Filme… Não está nada fácil a vida do segmento cultural no Brasil da pandemia, alvo constante do bolsonarismo: 42% dos que de alguma forma tiram seu sustento do setor tiveram receita afetada na totalidade. Desses, 57% são organizações e 35%, pessoas físicas.
…de terror. Dentre os que viram sua renda despencar durante a crise, os que trabalham com música foram os mais afetados (24%), seguido do pessoal de teatro (9%), da dança (4%) e dos realizadores de feiras e festivais (3%).
Quem… Os números estão na pesquisa “Percepção dos Impactos da Covid-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil”, parceria entre Unesco, FFLCH-USP e secretarias e fundações de 11 Estados do País.
… faz. A pesquisa foi lançada online no dia 10 e os números, apesar de impactantes, ainda são preliminares: vai até 16 de julho.
PRONTO, FALEI!
Fernando Guimarães, sociólogo e coordenador do Direitos Já: “A construção de uma frente ampla pela democracia não é uma tarefa dos partidos políticos para a sociedade, é dos partidos com a sociedade.”
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG E MARIANNA HOLANDA
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