Gasto com publicidade não é ‘passível de pressões’, diz ministro
05 de abril de 2019 | 21h42
BOSTON – O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, não se mostra disposto a, diante da mudança na Secretaria de Comunicação, alterar radicalmente a diretriz de gastos com publicidade do governo.
As torneiras foram bastante fechadas em relação aos governos anteriores, e começa a haver pressão interna para que se liberem investimentos em campanhas de divulgação das ações da gestão Jair Bolsonaro. Se depender do ministro, não será tão fácil.
“O problema com gastos de publicidade é que tem de tomar muito cuidado para não ser irresponsável. A maior questão relacionada ao dinheiro público é a responsabilidade no gasto. Você não pode ser passível de pressões para liberar ou não liberar. Você gasta de acordo com a necessidade, e não de acordo com o gosto”, disse ele ao Estado nesta sexta-feira, 5, em Boston, nos Estados Unidos, onde participa da Brazil Conference, promovida por alunos da comunidade universitária brasileira.
Conservadores tentam capturar agenda da esquerda
07 de abril de 2019 | 05h00
O casebre de João Paulo Maia e Darlene Rosa é um dos primeiros a despontar na estrada de terra que se desenrola por 60 quilômetros do centro do município goiano de Cavalcante até o povoado quilombola de São Domingos. Cercados pelas paredes de tijolo de barro e sob o teto de zinco e palha, eles criam Tarles, de 8 anos; Rixon, de 6 anos; e Elismax, que chegou há seis meses. Na cozinha, separada do quarto por um lençol, o fogão trabalha quando há dinheiro para o gás. Um pequeno isopor ajuda a manter o que é possível comprar. Não costuma ser muito.
O almoço quase sempre é arroz, feijão e chuchu. Não há banheiro na casa. A energia elétrica ali ainda não chegou. Falta muito. Mas não sonhos. “É tanta coisa que a gente precisa”, diz João Paulo, que tenta fazer bicos em obras ou no roçado para encorpar a renda do casal, que vive dos R$ 212 que chegam do Bolsa Família. O avô, João Francisco Maia, de 74 anos, mora com a família. “Já tive vontade de sair daqui, mas pensei: é nossa terra natal, temos que gostar”.
O desafio urgente da pobreza
Puxada pelos preços da comida, a inflação dos mais pobres está mais alta que a dos brasileiros de outras classes de renda. Não se trata só de números, mas de drama vivido no dia a dia. Quem ganha pouco usa uma parcela maior de seus ganhos para comer e para alimentar a família. Pouco sobra, quando sobra, para outras despesas, como saúde, habitação, vestuário e transporte.
Quando se levam em conta esses dados, fica mais claro o desastre provocado pela crise econômica dos últimos anos. Segundo o Banco Mundial, entre 2014 e 2017 mais 7,3 milhões de brasileiros caíram na pobreza e passaram a viver com renda mensal de até US$ 5,50 por dia, algo equivalente, pelo câmbio atual, a cerca de R$ 635 por mês. Com a economia fraca e ainda travada por muitas incertezas, há pouca esperança de retorno em um ano ou dois ao nível de atividade, já baixo, de 2014.
Apesar de crise em articulação política, apoio à reforma cresce na Câmara
BRASÍLIA - Mesmo com o “apagão” da articulação política, o governo conseguiu ampliar nas últimas semanas o apoio na Câmara à reforma da Previdência. A dez dias de a proposta passar pelo seu primeiro teste – a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) –, o Placar da Previdência, feito pelo Estado, aponta que 198 deputados votariam a favor do texto no plenário. Desses, 69 afirmaram que dariam sim à reforma com o mesmo teor que foi enviado ao Congresso, e 129 condicionaram a aprovação a ajustes.
O número representa um aumento em relação ao levantamento publicado no dia 21 de março, quando 180 deputados se mostraram dispostos a aprovar o texto, desde que fossem feitas mudanças, principalmente nas regras propostas para concessão de aposentadoria rural e do benefício assistencial pago a idosos de baixa renda (BPC). Para que as novas regras de concessão de aposentadoria e pensões comecem a valer, é preciso o aval de três quintos da Câmara (308 votos) e do Senado (49 votos), em dois turnos.
100 dias de barulho
07 de abril de 2019 | 05h00
E na quarta-feira o governo de Jair Bolsonaro completa 100 dias. Quem fizer o exercício de tentar listar os fatos mais marcantes corre o risco de encontrar mais “caneladas”, como gosta de dizer o presidente, que feitos concretos.
As iniciativas virtuosas vieram dos dois ministros sobre os quais havia mais expectativas e de um que estava fora do radar, mas se destacou nos três primeiros meses. Paulo Guedes enviou a reforma da Previdência ao Congresso ainda em fevereiro. Sérgio Moro fez o mesmo com o pacote anticrime, no mesmo tempo. E o “ministro revelação” é Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, que já tem uma bela cartela de realizações para ajudar no balanço que Bolsonaro fará.
Os militares cumpriram o que se esperava deles: foram a voz da sensatez nas crises e nas controvérsias que tinham potencial de se tornar crises, mas sua ascendência sobre o presidente se mostrou menor do que se esperava: muitas vezes eles perderam a queda de braço para os filhos ou para a tal ala anti-establishment, capitaneada à distância e aos berros e palavrões por Olavo de Carvalho.