Transição de Bolsonaro é regida pelo improviso
Durante a campanha, Jair Bolsonaro prometeu fazer uma lipoaspiração no organograma do governo. Em vez dos atuais 29 ministérios, sua administração teria apenas 15 pastas. Imaginou-se que tudo já estivesse devidamente planejado. Engano. Desde que foi inaugurada a fase de transição, o capitão redesenha a sua Esplanada dos Ministérios em cima do joelho. O improviso começa a assustar.
Entre idas e vindas, surgiram nas últimas 72 horas algumas novidades tóxicas. Uma delas pode resultar na criação de subministros. Bolsonaro planejava criar um superministério da Infraestrutura para entregar ao general Oswaldo Ferreira. Agora, cogita manter separadas as pastas dos Transportes e de Minas e Energia, submetendo os seus titulares à coordenação do general Ferreira, que seria um superministro lotado no Planalto. A chance de um arranjo como esse dar certo é nula.
Surgiu a Central Única das Togas do Supremo
O Supremo Tribunal Federal ganhou a aparência de uma instituição meio sindicato, meio delegacia de polícia. Sindicalistas de si mesmos, os ministros da Corte empurraram para dentro do bolso do contribuinte um auto-reajuste de 16,39%. No papel de xerifes, ameaçam reverter no início de 2019 a regra que permitiu a prisão de larápios condenados na segunda instância. Sob penúria fiscal e com a corrupção a pino, a combinação das duas coisas coloca em risco o mais raro dos tesouros que um magistrado pode acumular: a reputação imaculada.
Com uma mão, os ministros da Suprema Corte elevam seus próprios contracheques de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil mensais. Com a outra, ameaçam libertar os corruptos com sentença de segundo grau —gente como Lula, Eduardo Cunha, Sergio Cabral e Eduardo Azeredo. O patrão das togas é você, caro contribuinte. Chamado a opinar, você talvez negasse o reajuste. Se pudesse, provavelmente enviaria certos ministros para o olho da rua.
Bolsonaro abandona linguajar de candidato e adota estilo conciliador de político profissional
Amanda Almeida / O GLOBO
BRASÍLIA — Eleito presidente,Jair Bolsonaro desembarcou emBrasília, na última terça-feira, convencido de que sua missão agora é desfazer a imagem do candidato agressivo, que entrou em conflito com integrantes dos Três Poderes durante a campanha. Trocou críticas ao presidente Michel Temer e ao Supremo Tribunal Federal (STF) por declarações deconciliação. Conselheiros dele dizem que, “político experimentado”, Bolsonaro sabe que precisará ser “pacificador”, em nome da governabilidade.
— Ele está dando um recado para aqueles que falavam que ele seria um ditador, um tirano. Não. Ele está começando a transição de forma harmônica e democrática, com discurso conciliador. Isso é sabedoria política — diz o cientista político Antônio Flávio Testa, integrante da equipe de transição de Bolsonaro.
Previdência: Bolsonaro estuda alíquota maior para servidor e fim de benefício integral
BRASÍLIA — Na tentativa de fazer avançar no Congresso a reforma da Previdência ainda este ano, o presidente eleito Jair Bolsonarocomeçou a discutir, nesta quinta-feira, um conjunto de mudanças no INSS e no regime próprio dos servidores públicos por meio de projetos que não impliquem alterações constitucionais. Isso tornaria mais rápida a tramitação das propostas, que não exigiriam um quórum tão elevado para passarem no Congresso. E não seria necessário suspender a intervenção federal no Rio. As mudanças previstas incluem elevar a alíquota de contribuição para servidores públicos (que, no limite, poderia chegar a 22%) e dificultar a aposentadoria integral, que só seria obtida após 40 anos de contribuição.
Erros e acertos
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
O aumento dos salários dos ministros do Supremo foi a primeira derrota imposta pelo Senado ao governo Jair Bolsonaro, antes mesmo da posse, mas o tiro saiu pela culatra. O aumento atiçou a irritação popular contra o Congresso e os partidos. Bolsonaro ficou do “lado certo”, os políticos, do “lado errado”.
Dinheiro para saúde, educação, saneamento, cultura e infraestrutura não há, mas para marajá do serviço público nunca falta. E o aumento do Supremo tem um efeito cascata que inunda todos os poderes e unidades da federação, com impacto danoso num déficit já pavoroso e no estado fiscal lamentável dos estados.
Derrota de Bolsonaro? Ou derrota do Brasil, do contribuinte, dos investimentos, da responsabilidade fiscal, do Congresso? O presidente Michel Temer, que poderia corrigir o erro, não pode nem o fará, porque já vinha negociando o aumento há meses com o presidente do STF, Dias Toffoli.
PF prende Joesley e vice-governador de Minas na Operação Capitu
Fausto Macedo e Julia Affonso
09 Novembro 2018 | 07h58
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 9, o empresário Joesley Batista e o vice-governador de Minas Gerais Antônio Andrade (PMDB) na Operação Capitu. A ação mira um suposto esquema que atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A Operação Capitu tem o apoio da Receita. Estão sendo cumpridos 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.