Alíquota zero para importar carne, café, açúcar e massas vai baixar o preço? Economistas respondem
Por Márcia De Chiara / O ESTADÃO DE SP
Economistas ouvidos pelo Estadão consideram as medidas anunciadas pelo governo nesta quinta-feira, 6, inócuas e poucos relevantes para conter a inflação de alimentos no curto prazo. José Carlos Hausknecht, economista da MB Agro, diz que, em uma avaliação preliminar, as medidas não terão efeito significativo sobre a oferta de alimentos nos próximos meses. “Algumas não vão ter impacto nem no longo prazo”, ressalta.
Como exemplo, ele cita a zeragem da alíquota de importação da carne, do café, e do açúcar. O Brasil, observa, é o maior produtor mundial desses itens. Portanto, é muito difícil ter um volume significativo disponível para importar desses produtos no mercado, mesmo com a alíquota de importação zerada.
Em relação ao óleo de girassol, cuja alíquota de importação também será zerada, ele avalia que, além de ser um produto muito caro, é pouco consumido no País.
“Só a zeragem da alíquota de importação sobre as massas alimentícias teria algum efeito”, avalia. Também o óleo de palma, que terá uma cota de importação de 150 mil toneladas, Hausknecht diz que os preços do produto estão em alta hoje no mercado externo e, mesmo com a redução da tributação, não haveria um alívio no preço.
“As medidas são pouco relevantes”, afirma o economista Silvio Campos Neto, sócio da consultoria Tendências. Ele ressalta que a questão inflacionária da comida está ligada a fatores estruturais de oferta e demanda, cuja solução está ligada aumento da área de plantio e da produção que ocorrem o longo prazo. Além disso, lembra que fatores climáticos e do próprio ciclo de produção, no caso da carne, afetam as safras.
Estoques reguladores
Uma das medidas proposta pelo governo, o fortalecimento dos estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi avaliada por Hausknecht como ineficaz neste momento. Para formar estoques reguladores, o governo tem de entrar comprando produtos, o que eleva os preços de mercado. Num contexto de cotações em alta, isso impulsionaria a inflação. “É mais fácil falar do que fazer”, diz ele.
Já em relação ao estímulo na produção de itens da cesta básica no Plano Safra, o economista da MB Agro ressalta que os dois itens principais da cesta básica, o arroz e o feijão, estão com preços em queda no momento. Portanto, a medida seria inócua e tem o foco voltado para a próxima safra. “O Plano Safra é para o que será plantado ainda.” Também para Hausknecht, nada, à primeira vista, terá efeito significativo sobre a inflação. Campos Neto, da Tendências, acredita que esse pacote de medidas reflete muito mais as pressões que o governo vem sofrendo pela queda de sua popularidade que está sendo corroída pela alta da inflação da comida, que afeta sobretudo a população de menor renda.
‘Controle de gastos teria maior impacto’
O economista-chefe da Leme Consultores, José Ronaldo Souza Júnior, prevê impacto modesto das medidas anunciadas pelo governo.
Para ele, a solução mais efetiva contra a inflação de alimentos continua sendo o ajuste fiscal, já que, ao controlar os gastos, o governo estimula menos o consumo. Ao mesmo tempo, diz, contribui para melhorar a percepção do mercado sobre os rumos das contas públicas, levando assim a uma apreciação cambial.
“O que teria mais impacto para reduzir a inflação de alimentos seria a adoção de medidas efetivas de controle dos gastos públicos, que conteria o crescimento da demanda e ajudaria a valorizar o real”, comenta o economista, que dirigiu por mais de cinco anos o departamento responsável por estudos e políticas macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Como o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, de modo que depende pouco de importações, a avaliação é de que zerar o imposto de produtos comprados do exterior não vai contribuir de forma significativa ao objetivo de conter a inflação dos alimentos.
“As reduções de alíquotas de importação são medidas positivas, mas devem ter pouco impacto na inflação. O Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos, e nossa pauta de importações de alimentos é pequena e concentrada em poucos produtos”, diz Souza Júnior. Pelo mesmo motivo, ele não prevê perdas relevantes na arrecadação do governo. /Com Eduardo Laguna
Lula faz 1ª visita a assentamento do MST após relação de acenos e ataques; relembre
Artur Búrigo / folha de sp
O presidente Lula (PT) faz nesta sexta-feira (7) sua primeira visita a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em seu terceiro mandato.
A viagem a Campo do Meio, no sul de Minas Gerais, a 335 km de Belo Horizonte, é considerada um gesto de aproximação do presidente com o movimento após uma série de desavenças entre seus líderes com representantes do governo.
A cerimônia desta sexta acontece na escola Eduardo Galeano, reconstruída após ser demolida em 2020, em meio a confrontos do MST com a Polícia Militar pela reintegração de posse no acampamento Quilombo Campo Grande.
Será anunciada pelo governo a entrega de 12.297 lotes em 138 assentamentos, entre eles o próprio Quilombo Campo Grande, em 24 estados do país. Outro destaque é o lançamento do Desenrola Rural, recém-lançado programa de negociação de dívidas de produtores.
"O ato no local onde existe talvez o maior conflito pela terra no país representa a retomada da reforma agrária por parte do Estado brasileiro. Isso nos coloca de novo numa relação harmoniosa com o governo, mas o MST tem sua autonomia", afirma Silvio Netto, dirigente do MST em Minas.
Ele evitou direcionar críticas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), e disse que a decisão pela troca do chefe da pasta cabe ao presidente.
Como mostrou a coluna Painel, da Folha, aliados de Lula dizem que o evento desta sexta poderá servir como uma espécie de termômetro da permanência do ministro.
Relembre ataques e acenos entre o governo Lula 3 e o MST:
Invasões a área da Embrapa
Em 2023, na primeira Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária (conhecida como Abril Vermelho) da atual gestão, o MST invadiu uma fazenda em Petrolina (PE) que pertence à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
A empresa federal é conhecida por ser uma referência em pesquisa agropecuária, e o ato gerou forte reação do governo, que optou por adiar o anúncio dos planos para a reforma agrária.
O movimento argumentou que o governo não cumpriu os compromissos para assentamento das famílias no local e invadiu a sede da Embrapa outras duas vezes, uma ainda em 2023 e outra em 2024.
Programa para reforma agrária
Em reação às invasões de abril de 2024, o presidente lançou um programa com o objetivo de ampliar e dar agilidade à reforma agrária no país e disse que não iria "pedir para ninguém deixar de brigar".
Naquele mesmo mês, Lula exonerou Wilson César de Lira Santos, primo do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do cargo de superintendente regional em Alagoas do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
A medida atendeu a pedido do MST e foi articulada pelo ministro Paulo Teixeira.
Críticas do líder do MST
O líder histórico do movimento, João Pedro Stedile, elevou o tom dos questionamentos à política do governo para a reforma agrária.
Em um podcast em 2023, disse que faltou "coragem" aos ministros, que, segundo ele, em sua maioria desconhecem a luta social e têm medo dela.
Em dezembro passado, afirmou à coluna Painel que o movimento está cansado de promessas feitas pelo governo Lula desde que tomou posse e chamou a gestão da reforma agrária de vergonhosa.
Aceno de Lula a movimento e crítica a banqueiros
Um dia após lançar o Plano Safra para 2024 e 2025 com a cifra recorde de R$ 400,5 bilhões, em julho passado, o presidente disse que "não é mais o Stédile, são os presidentes dos bancos que estão tomando terra".
"Todos os proprietários de terra que têm dívida agrária, os bancos estão tirando a terra deles", afirmou o mandatário na época.
Disputa com Teixeira
Houve guerra de versões entre líderes do movimento e o ministro do Desenvolvimento Agrário sobre as ações do governo relativas à reforma agrária.
Em reunião com Lula no Palácio do Planalto em janeiro , o dirigente João Paulo Rodrigues classificou como "ridículo" o número de 1.500 famílias assentadas por ano.
O movimento pleiteia o assentamento de 65 mil famílias. Paulo Teixeira diz que o governo se comprometeu com 30 mil famílias neste ano em um pacote de ações para acalmar cobranças do MST.
Investigação a atentado
O ataque que matou dois moradores do assentamento Olga Benário, em Tremembé (SP) em janeiro deste ano aproximou a gestão federal dos integrantes do movimento.
Membros do governo escalaram a Polícia Federal para investigar o atentado e criticaram métodos da Polícia Civil, órgão de segurança chefiado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Posse de presidente uruguaio
Em novo gesto recente de aproximação, Lula levou o dirigente João Paulo Rodrigues como convidado para acompanhar a delegação brasileira que participou da posse de Yamandú Orsi como presidente do Uruguai no último sábado (1º).
Lula conta com pacote de crédito para recuperar popularidade, mas pode colher inflação
Por Thaís Barcellos — Brasília / O GLOBO
O lançamento de um pacote de medidas de crédito é a mais nova promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter a economia crescendo bem e tentar colher os frutos para melhorar a sua popularidade.
Técnicos da equipe econômica e especialistas, porém, têm ressalvas em relação ao timing dos anúncios, mesmo em relação a iniciativas consideradas estruturalmente positivas, como a reformulação do consignado privado.
Isso porque o incentivo ao mercado de crédito vai na contramão do esforço do Banco Central (BC) para esfriar a economia e controlar a inflação — um dos problemas que têm minado as avaliações positivas do governo. O risco é o pacote de crédito gerar mais inflação e juros, frustrando as expectativas do Planalto.
Além do crédito, o governo editou uma medida provisória (MP) liberando recursos travados no FGTS, o que terá um impacto de R$ 12 bilhões.
Lula falou em três medidas de crédito, mas só uma é conhecida: a repaginação do consignado para trabalhadores formais do setor privado. A iniciativa, que pode ser enviada ao Congresso depois do carnaval, é considerada estruturalmente positiva, porque vai destravar essa modalidade de crédito com o aprimoramento da garantia da operação.
O empréstimo consignado permite o desconto diretamente na folha de pagamento, o que reduz risco de inadimplência e permite juros mais baixos. Essa modalidade é pouco usada no setor privado, sendo mais comum no setor público e entre aposentados do INSS.
Atualmente, a linha é subutilizada pois depende de um convênio entre os empregadores e os bancos, o que limita o acesso a trabalhadores de grandes empresas. Ainda assim, há receio das instituições financeiras, já que a pessoa pode ser demitida ou sair da empresa.
Crédito pode triplicar
O governo vai montar uma plataforma dentro do eSocial, sistema do governo em que as empresas registram as informações de seus funcionários. Dessa forma, as instituições financeiras vão se conectar à plataforma e ter acesso a algumas informações para melhorar a análise de crédito.
Atualmente, o consignado privado tem taxa média de juros mais baixa do que o crédito pessoal: 40,8% ao ano contra 103,4%. A previsão é que os juros caiam mais na nova versão, mas fiquem acima do consignado do INSS e do setor público, de 21,9% e 23,8%, respectivamente.
A expectativa é que o estoque de crédito do consignado privado triplique com a mudança, chegando a R$ 120 bilhões. Esse salto pode impulsionar a atividade, como quer Lula, o que representaria um movimento na direção contrária ao esforço do BC para controlar a inflação.
Executivos do setor financeiro avaliam que deve haver migração de linhas mais caras para o consignado privado, considerando que a proposta vai ter um incentivo para essa troca. Mesmo esse movimento de migração, contudo, já pode aumentar o saldo devedor, uma vez que haverá menos juros e mais prazo, avalia um interlocutor do setor bancário.
Mesmo que em menor escala, há também expectativa de um avanço das concessões em geral. Nesse caso, o executivo do setor bancário avalia que seriam as pessoas que não têm dependência de crédito, mas com boas condições para poderem decidir pegar um empréstimo para fazer uma viagem ou reformar a casa.
- Veja o passo a passo: Como ativar o Pix por aproximação no seu celular
Há ainda um terceiro movimento esperado que é abrir espaço na carteira não consignada por aqueles que migraram para o novo modelo.
Foco na inflação
Para o interlocutor, a medida tem potencial, mas seu sucesso depende de ambiente econômico estável, senão os bancos podem se retrair. Para Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria, a medida faz sentido para dar as mesmas condições dos aposentados e do funcionalismo público aos trabalhadores do setor privado. Para ela, a nova versão tende a segurar um pouco mais a desaceleração do crédito prevista para 2025.
Sem a medida, a Tendências espera que as concessões do consignado cresçam 2,2% este ano, contra um avanço de 16,1% em 2024. Para o crédito a famílias, a expansão esperada é de 1%.
— Uma medida como essa pode fazer com que essas concessões sejam mais fortes. Em vez de 2,2% para o consignado, pode chegar a 3% — disse a economista. — A medida em si faz sentido para ter nova possibilidade de crédito com condições atraentes para tomador. O timing é delicado nesse esforço do BC de trazer inflação mais para baixo.
Um técnico do governo avalia que a nova versão do consignado privado pode ser particularmente importante para os trabalhadores com carteira assinada de baixa renda, como alternativa à antecipação do saque-aniversário do FGTS, já que essa parcela da população costuma ter um saldo menor no fundo. A antecipação do saque-aniversário tem baixo custo, de 1,8% por mês (23,9% ao ano).
Outro interlocutor da equipe econômica reconhece que o desenho da medida é positivo, mas afirma que o foco principal neste momento não deveria ser a redução do risco de crédito, e sim a inflação. Por isso, considera que a medida não deveria ser anunciada neste momento, com risco de o BC ficar “enxugando gelo” na política monetária.
Endividamento preocupa
A taxa Selic está subindo desde setembro e passou de de 10,75% a 13,25% ao ano, com a perspectiva de chegar a 14,25% em março. Com o movimento, o BC busca reduzir o ritmo de crescimento da economia para levar a inflação, hoje acima do limite superior da meta (4,5%), para o alvo de 3%.
Consultado, o Ministério da Fazenda afirmou que o modelo a ser adotado ainda está em fase de elaboração interna, por isso não fará comentários neste momento.
Rafael Schiozer, professor da FGV-SP, diz que é preciso ter atenção ao desenho da modalidade, para que o “feitiço não vire contra o feiticeiro” em termos de endividamento da população. O endividamento das famílias vem caindo desde o pico em 2022 (49,9%), mas continua em nível alto (48,2% em novembro de 2024):
— O crédito como motor da economia tem um papel limitado. Não consegue sozinho fazer a economia crescer por muito tempo de maneira sustentada. Em 2015-2016, foi um dos fatores que levou à recessão. Tudo depende da oferta de crédito adicional. Se for excessiva, vamos observar o que aconteceu em 2014.
Juliana Tomaz, gestora de crédito da Asset Management Warren, concorda.
— Para mim, o momento de lançar esse tipo de medida não parece o mais adequado.
Lula recorre a tudo o que tem de pior sempre que fica incomodado com a realidade
Por J.R. Guzzo / O ESTADÃO DE SP
O governo do presidente Lula está fazendo o que talvez seja a última tentativa de sobreviver à sua própria ruindade: trocar uns ministros de incompetência comprovada por outros de incompetência presumida, e fazer com que todos saiam por aí distribuindo dinheiro à “população”, na esperança de conseguir voto para a eleição de 2026. Está confirmando o apronto, como se dizia antigamente no turfe. Sempre que fica incomodado com a realidade, Lula automaticamente recorre a tudo o que tem de pior.
Nunca se viu, nos 40 anos de vida política do presidente, um único gesto de grandeza, um pelo menos que fosse, diante de alguma dificuldade. Ao contrário: seu instinto o carrega sempre para a defesa intransigente do seu interesse pessoal. É inevitável, desse jeito, que se torne um homem pequeno. Tem menos a ver com política e mais com psicologia, possivelmente. Lula padece de um desses desvios compulsivos de personalidade que o impedem de pensar, a sério, que existam outras pessoas no mundo.
Brasil? Responsabilidade? Interesse público? O presidente nunca pensou no Brasil em sua vida, é irresponsável e não reconheceria o que é interesse público se trombasse com ele no meio da rua. Lula só é capaz de pensar e de agir em defesa de si próprio – e num momento de tempo ruim como o que está rolando, a última coisa que lhe passa pela cabeça é trabalhar com honestidade na tentativa de resolver qualquer dos problemas que o Brasil tem na sua frente.
A maioria desses problemas é fruto direto da inépcia sem limites da atuação de seu governo até agora – que está a caminho de ser o pior da história do Brasil. Os problemas que não foram fabricados por Lula ficaram piores com a sua gestão; os que ainda não existiam foram criados pelo Lula-3, o Retorno. Mas é impossível para o presidente, materialmente, achar que há alguma ligação entre os problemas e as decisões que toma. Em vez de mudar, ele só faz mais do mesmo.
Uma reforma ministerial como essa, que supostamente se destina a melhorar alguma coisa, só tem sentido se os novos ministros forem nomeados com instruções para fazer o contrário do vêm fazendo os ministros vencidos. Não está dando tudo errado? Que tal, então, fazer de outro jeito? Mas o presidente parece convencido de que as coisas estão indo para o diabo porque os ministros ora em processo de moagem não têm feito suficientemente mal o serviço que lhes foi atribuído. Lula quer mudar, é verdade – mas mudar para pior.
Na área da política, por exemplo, havia um ministro horrível; Lula pôs em seu lugar uma ministra horrível ao quadrado. É impossível imaginar algum problema, qualquer problema, que possa diminuir com a presença da ministra Hoffmann no governo. Pois é justo essa que Lula escolhe. O resto é um vale a pena ver de novo, mas rodado ao contrário – é igual ao que você já viu, só que pior. A questão nem é com os nomes em si. É com o vírus, resistente a qualquer vacina, que infecciona todo o organismo dos governos Lula.
O presidente só tem uma ideia para o Brasil, e essa ideia está errada. Está convencido, e se considera absolutamente certo na sua convicção, de que existe apenas uma maneira, e não mais que uma, para se resolver qualquer problema deste País: socar “investimento público” em cima. Não há nada, nunca, de investimento que faça sentido – só há mesmo despesa. Lula diz que é o contrário: que ele “investe” e não gasta. Não muda nada.
Não há governo que consiga fazer algo de útil para os governados com esse vírus comendo solto dia e noite – sobretudo quando se leva em conta que o vírus não é bobo, e sempre sabe o que está fazendo. O dinheiro público é “investido” de duas formas, basicamente. A primeira é forrar o bolso dos amigos e do sistema que dá sustentação ao governo. É o maior programa de concentração de renda em execução hoje no mundo. O segundo é dar uma parte do que sobra em esmolas. É o maior programa de incentivo ao desemprego do mundo.
O Brasil do presente regime criou uma nova realidade. O sujeito quer ficar rico, ou mais rico? Não crie nada; seja um amigo do governo, ou “amigo do amigo”. O sujeito não quer trabalhar? Entre no Bolsa Família, que já passou dos 55 milhões de pensionistas; trabalhar para que, se o governo paga para você não fazer coisa nenhuma? Lula acha que só não está dando certo porque o governo precisa gastar mais.
O “projeto de país” da esquerda é esse: um governo que cria imposto e imagina que está criando riqueza, e depois imagina que vai acabar com a pobreza distribuindo a riqueza que não foi criada. Aí não há “reforma ministerial” que resolva – nem o novo ministro da Imagem, nem o novo presidente do Banco Central, nem as performances de Janja. Nada resolve.
Jornalista escreve semanalmente sobre o cenário político e econômico do País
Estado decreta ponto facultativo na segunda e terça-feira de Carnaval, anuncia Elmano
O governador Elmano de Freitas decretou, nesta quarta-feira (26), ponto facultativo para os servidores e empregados públicos do Estado na segunda e terça-feira de Carnaval (dias 3 e 4 de março). Em documento publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), foi determinado ainda que o expediente só retornará na quarta-feira de cinzas (5), a partir das 13h.
O decreto assegura o funcionamento das atividades essenciais à população, em áreas como saúde, segurança pública, abastecimento d’água, entre outras.
"Funcionam normalmente os atendimentos médico-hospitalares, como de ambulatórios médicos especializados com consultas previamente marcadas; o serviço pré-hospitalar do Samu Ceará; o Sistema de Licitações, por meio da Procuradoria Geral do Estado; além das atividades vinculadas à rede de comunicação de dados da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), da Central de Atendimento Telefônico da Ouvidoria e os pontos fiscais da Secretaria da Fazenda do Ceará", diz o documento.
Carnaval
O Carnaval acontece entre os dias 1º a 5 de março em 2025. Apesar de tradicional, a data não é considerada feriado nacional no País, então muitos estados e municípios decretam ponto facultativo para prolongar a folga dos foliões.
É importante destacar, ainda, que o ponto facultativo destinado a servidores públicos só pode ser decretado pelo Poder Público, como governador (nível estadual) e prefeitos (municipal).

Prefeito de Aquiraz se torna réu por contratações irregulares durante a pandemia
O prefeito de Aquiraz, Bruno Gonçalves (PRD), tornou-se réu em ação penal no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) por supostas contratações irregulares de servidores em 2021, durante a pandemia de Covid-19. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Estado (MPCE), por meio da Procuradoria dos Crimes contra o Patrimônio Público (Procap), e é por suposto cometimento de Crime de Responsabilidade. A defesa do prefeito nega qualquer irregularidade.
A decisão foi proferida pela desembargadora Vanja Fontenele, que analisou o caso e concluiu que há elementos suficientes para o prosseguimento da ação penal. O MP sustenta que o gestor cometeu crime de responsabilidade ao autorizar a admissão de 470 servidores sem respaldo legal, descumprindo a Lei que proibia o aumento de despesas com pessoal no período pandêmico.
Relembre o caso
Como noticiado por esta coluna em maio de 2023, a denúncia contra Bruno Gonçalves teve origem em uma representação feita à Câmara Municipal de Aquiraz, que, ao constatar indícios de irregularidades, encaminhou o caso ao Ministério Público. Segundo a acusação, as contratações ocorreram em diversas secretarias, incluindo 56 nomeações no gabinete do prefeito e 242 na Secretaria de Infraestrutura, além de outras admissões em diferentes pastas.
Durante as investigações, a Procap realizou diligências in loco na sede da prefeitura e constatou um incremento de 26,32% nas despesas municipais em apenas um mês. Os gastos com pessoal teriam saltado de R$ 10,3 milhões para R$ 13 milhões entre março e abril de 2021.
Defesa contesta denúncia
Bruno Gonçalves nega as acusações e alega que a denúncia não individualiza sua conduta. Em sua defesa, sustenta que as contratações seguiram as exceções previstas em lei e que não houve criação de novos cargos, mas sim reposição de vagas já existentes. O gestor também argumenta que os atos administrativos foram realizados pelo setor de contabilidade do município, e não diretamente por ele.
Evandro Leitão anuncia decreto que permite o uso de armas de fogo para toda a guarda municipal de Fortaleza
O prefeito de Fortaleza Evandro Leitão (PT) anunciou que assinará um decreto que permite o uso de arma de fogo para todos os agentes da Guarda Municipal. A informação foi confirmada pelo gestor nesta quarta-feira (26), durante a cerimônia de posse de 254 novos guardas municipais aprovados no último concurso da categoria.
Leitão afirmou que já há armamento disponível para todos os agentes, mas que o processo será realizado de forma gradual e com o devido treinamento dos profissionais.
"À medida que avançarmos na preparação dos guardas, conseguiremos treinar e habilitar todo o efetivo para o uso de armas de fogo nas ruas, garantindo um patrulhamento mais eficiente e uma maior proteção à população. Já temos armamento disponível para todos, mas esse processo será realizado de forma gradual, com treinamento adequado e a devida autorização da Polícia Federal", declarou.
A prefeitura afirmou que, além da posse realizada nesta quarta-feira, outros 254 guardas serão convocados no início de 2026, totalizando os 508 aprovados no último concurso.
Novos pelotões
O gestor municipal reafirmou o compromisso de implementar pelotões nos bairros, medida anunciada no início do mês, para fortalecer a segurança nas 12 regionais da Capital.
"Nós devemos, nos próximos 60 dias, iniciar a implementação dos pelotões nos bairros de Fortaleza. Esse é um compromisso que assumimos na campanha e que iremos cumprir. Esse reforço, somado aos 254 novos guardas municipais que convocamos, ajudará a garantir mais proteção à população fortalezense. Eles estarão presentes nos bairros, nas localidades, nos postos de saúde, nos equipamentos educacionais e nas escolas, levando mais segurança à cidade", disse o prefeito.
Reforço nas Areninhas
As Areninhas de Fortaleza receberam o reforço da Guarda Municipal por meio da Operação Areninha Segura. Realizada pela Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec), a ação tem o objetivo de proporcionar mais tranquilidade para a população que frequenta os espaços esportivos e incentivar o uso desses ambientes.
O patrulhamento preventivo acontece no horário de 16h às 22h e, de acordo com a prefeitura, acontece nas 12 regionais, o que compreende os 110 equipamentos da cidade.
O que dizem as últimas pesquisas sobre a popularidade de Lula? Compare os números
Por Rayanderson Guerra / O ESTADÃO DE SP
RIO – A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu a pior marca do início do terceiro mandato do petista. Ao menos três pesquisas divulgadas neste ano – Datafolha, CNT/MDA e Quaest – indicam uma piora na avaliação da gestão do chefe do Executivo e aumentam a pressão de aliados e opositores sobre as ações do governo federal.
Entre os fatores que explicam a queda na avaliação do petista, segundo os institutos, estão o impacto da “crise do Pix” e a alta no preço dos alimentos. Essas questões teriam afetado especialmente a base eleitoral de Lula, incluindo eleitores que tradicionalmente apoiam o PT, como pessoas de menor renda e moradores do Nordeste.
Como mostrou o Estadão, a queda na avaliação do governo precipitou a reforma ministerial. Lula buscará novos ministros com o objetivo de imprimir marcas à gestão a tempo das eleições de 2026.
Genial/Quaest (26/02)
A desaprovação do governo Lula cresceu acima dos dois dígitos desde dezembro em Pernambuco e Bahia, Estados que historicamente são base eleitoral do petista. Segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 26 de fevereiro, a taxa de reprovação do presidente ultrapassa 60% nos outros seis Estados onde foram realizadas entrevistas: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
Lula era desaprovado por 33% dos eleitores baianos em dezembro do ano passado. O índice cresceu 18 pontos desde então e chegou a 51%. A aprovação caiu de 66% para 47% no mesmo período. Outro 2% não souberam ou não responderam.
Movimento similar ocorreu em Pernambuco. A desaprovação do presidente cresceu 17 pontos percentuais, saindo de 33% para 50%, enquanto a aprovação caiu de 65% para 49% – 1% não soube ou não respondeu.
O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 23 de fevereiro. Os oito Estados onde foram realizadas as entrevistas correspondem a 62% do eleitorado brasileiro. Foram entrevistadas 1.644 pessoas em São Paulo, onde a margem de erro é de dois pontos percentuais — nas demais unidades, a margem é de três pontos.
Goiás, Paraná e Pernambuco tiveram 1.104 entrevistados cada, enquanto a Bahia teve 1.200 entrevistas, o Rio de Janeiro, 1.400, Rio Grande do Sul, 1.404, e Minas Gerais, 1.482. O nível de confiança é de 95%.
CNT/MDA (25/02)
De acordo com a pesquisa CNT/MDA, a reprovação ao governo Lula atingiu a pior marca desde janeiro de 2023. Para 32% dos entrevistados, o governo do petista é “péssimo”, enquanto 12% avaliam a gestão federal como “ruim”.
A soma das avaliações “péssimo” e “ruim” é de 44%, tendo crescido 13 pontos porcentuais desde a rodada anterior do levantamento, em novembro de 2024. A avaliação positiva a Lula é de 28,7%. Para 19,4% dos entrevistados, o governo do petista é “bom”, enquanto 9,3% avaliam a gestão como “ótima”.
A pesquisa CNT realizou 2.002 entrevistas presenciais em 137 municípios do País entre os dias 19 e 23 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais.
A imagem de Lula é rejeitada por 55%, enquanto 40% aprovam o presidente e 5% não responderam. O índice de reprovação à imagem de Lula subiu nove pontos porcentuais desde novembro de 2024.
Pesquisa Datafolha (14/02)
A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a uma marca inédita: em dois meses, caiu de 35% para 24%, atingindo o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada no último dia 14, a reprovação do governo do petista também é recorde, passando de 34% para 41%.
A “crise do Pix” e a alta no preço dos alimentos ajudam a explicar a queda da popularidade do presidente, que tem apostado na comunicação do governo para reverter a imagem ruim.
Segundo o instituto, 32% acham que o governo está regular, três pontos porcentuais a mais do que em dezembro do ano passado, na penúltima pesquisa. Foram ouvidas 2.007 eleitores entre os dias 10 e 11, em 113 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Na série histórica da pesquisa, que avaliou os outros dois mandatos que o petista esteve no poder, Lula nunca chegou a um patamar tão baixo de aprovação.
O pior índice havia sido no final de 2005, quando o PT atravessava o escândalo do mensalão, e chegou a 28% de avaliação “bom e ótimo”. Na penúltima pesquisa, em dezembro, foi o auge da avaliação ruim, com 34%.
Quaest (27/01)
Pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 27 de janeiro mostrou que 49% dos entrevistados desaprovam o trabalho que o presidente Lula está fazendo, e 47% aprovam. Foi a primeira vez na série histórica do levantamento que a avaliação negativa superou a opinião positiva. As porcentagens se encontram dentro da margem de erro, de um ponto porcentual. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos e entrevistou 4,5 mil pessoas presencialmente, entre os dias 23 e 26 de janeiro.
Na última pesquisa Genial/Quaest, realizada em dezembro do ano passado, a aprovação do trabalho de Lula estava em 52%, e a desaprovação, em 47%. Ou seja, enquanto a desaprovação subiu dois pontos, a aprovação do governo caiu cinco pontos. Em ambos os casos, os movimentos foram acima da margem de erro da pesquisa. O intervalo de confiança do levantamento é de 95%.
A mesma conclusão é possível quando a pergunta é sobre a avaliação do governo – e não só do trabalho do presidente. De dezembro para cá, o porcentual dos que avaliam o governo de forma negativa subiu de 31% para 37%, superando pela primeira vez a avaliação positiva. Esta caiu de 33% para 31%. Já os que avaliam o governo de forma “regular” eram 34% em dezembro, e agora são 28%.
Lula e Sidônio desprezam o ‘macro’, mas vão colher aumento da inflação com a agenda micro
Por Alvaro Gribel / O ESTADÃO DE SP
O Banco Central tem um novo obstáculo para levar a inflação à meta. Trata-se de Sidônio Palmeira, o marqueteiro que agora chefia a comunicação do governo e que vem ampliando os seus tentáculos sobre a política econômica. Desde o anúncio da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, no final de novembro, quando Fernando Haddad foi obrigado a passar pelo constrangimento público de anunciar uma benesse no meio de um pacote fiscal, Palmeira passou a ser figura-chave nas decisões que deveriam caber exclusivamente ao ministro da Fazenda.
Não há mais anúncio na economia que não tenha o dedo do marqueteiro e que não tenha como foco exclusivo recuperar popularidade para as eleições do ano que vem. Sidônio defende que o governo precisa de uma “marca” e por isso a agenda microeconômica vem ganhando destaque, com anúncio de medidas em série e direito a pronunciamento do presidente em rede nacional. A última proposta chegou de surpresa, com a liberação do saque-rescisão do FGTS para quem já havia optado pela modalidade de saque-aniversário.
A medida tem o potencial de injetar R$ 12 bilhões na economia e vai estimular o consumo das famílias em um contexto de inflação acima do teto da meta. Vem no momento em que o Banco Central eleva a taxa Selic justamente para esfriar o nível de atividade.
O governo também aposta na ampliação do Auxílio Gás e no programa pé de meia, que são prioritários mas não têm recursos no Orçamento, como bem pontuou o colunista Carlos Andreazza, além da mudança no consignado para o setor privado e outras medidas para o crédito.
Só para constar: a concessão de crédito livre para as famílias brasileiras cresceu 14,6% em 2024, com aumento de 33,9% para a aquisição de veículos e 28,1% na aquisição de outros bens. Se há um problema na popularidade de Lula, ele não está na concessão de empréstimos.
Lula esta semana desprezou a teoria macroeconômica, que, segundo ele, seria uma “bobagem”. Isso talvez explique por que o presidente cogita a adoção de medidas absurdas, como a ideia de taxar a exportação de alimentos, para forçar a queda de preço dos produtos. O resultado – ao contrário do que se pensa – seria uma redução da oferta no médio prazo, pelo desestímulo à produção dado pelo governo.

Genial/Quaest: no radar do governo Lula como áreas sensíveis, violência e saúde são os problemas locais mais citados
Por Rafaela Gama e Luis Felipe Azevedo— Rio / O GLOBO
Áreas no radar do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a violência e a saúde são as mais citadas pelos entrevistados como problemas mais graves dos seus respectivos estados, segundo pesquisa Genial/Quaest. O Rio de Janeiro, governado por Cláudio Castro (PL), e a Bahia, comandada pelo petista Jerônimo Rodrigues, destoam quando o assunto é segurança. São 71% os entrevistados no Rio que apontam o tema como o maior desafio enfrentado em nível estadual hoje. O índice chega a 44% no eleitorado baiano.
Na área da saúde, é Goiás, de Ronaldo Caiado (União), que tem índice acima da média. São 40% os que veem o tema como o principal problema, enquanto apenas 9% destacam a violência.
Nos demais estados, os índices ficam mais pulverizados. Em São Paulo, estado que é governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), 34% citam a violência como maior desafio, que é seguida pela saúde (19%) e pelas enchentes (12%). Em Pernambuco, de Raquel Lyra, que vai se filiar ao PSD, o quadro é parecido: 32% mencionam a insegurança, enquanto 25% apontam a saúde como o problema mais grave.
Em Minas, estado governado por Romeu Zema (Novo), o funcionamento da estrutura médica e hospitalar aparece à frente (25%) da pauta da segurança (15%), assim como no Paraná (26% a 19%), de Ratinho Júnior (PSD), e no Rio Grande do Sul (27% a 11%), de Eduardo Leite (PSDB). No último estado, onde fortes chuvas geraram um rastro de destruição no ano passado, as enchentes (14%) aparecem praticamente empatadas com a violência (11%).
Busca por vitrines
A percepção interna de que o governo federal precisa avançar na criação de marcas na área da saúde levou Lula a demitir esta semana a ministra da pasta, Nísia Trindade. Ela será substituída pelo petista Alexandre Padilha no início de março.
Na segurança, a principal aposta é uma proposta de emenda à Constituição (PEC) elaborada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob comando de Ricardo Lewandowski (leia mais na página 15). O texto, que amplia o papel da União no combate ao crime organizado e constitucionaliza o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), está sob análise do Ministério da Casa Civil e ainda será encaminhado ao Congresso.