A recuperação da Petrobrás
O Estado de S.Paulo
10 Maio 2018 | 03h00
Ao alcançar seu maior valor de mercado, graças sobretudo ao desempenho econômico e financeiro que vem apresentando, a Petrobrás dá um claro exemplo de que, se gerida com competência técnica e responsabilidade, produz resultados altamente positivos para seus acionistas e para o País. Um dia depois de anunciar seu resultado financeiro do primeiro trimestre do ano, a empresa atingiu a cotação recorde de R$ 312,5 bilhões em bolsa. É uma demonstração de que sua imagem – corroída por anos de funcionamento de um amplo esquema de pilhagem que nela foi instalado pelas administrações lulopetistas – vem sendo pacientemente reconstruída, e com grande êxito, pela diretoria presidida por Pedro Parente, que a conduz desde junho de 2016, logo após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Livre da sujeição a uma política de controle de preços, marca da desastrosa gestão de Dilma Rousseff, seguindo uma política prudente de venda de ativos para reequilibrar suas finanças e beneficiada pelo aumento do petróleo, a Petrobrás conseguiu aumentar os lucros ao mesmo tempo que reduziu os custos não voltados à sua atividade principal. No primeiro trimestre, seu lucro alcançou R$ 6,96 bilhões, 57% maior do que o de um ano antes. É o melhor resultado dos últimos cinco anos, o que permitirá à empresa voltar a remunerar seus acionistas. Houve ainda uma importante redução da dívida em proporção ao resultado operacional.
Diante dos resultados agora alcançados, podemos imaginar o que seria a Petrobrás não fossem os danos causados pela sanha da tigrada que anunciou planos mirabolantes de produção e se locupletou com o petrolão.
Há pouco mais de dez anos, o ex-presidente Lula da Silva, hoje preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, anunciou com festa que o País havia sido contemplado com um “bilhete premiado”: a Petrobrás havia descoberto enormes jazidas de petróleo na camada do pré-sal, a até 7 km de profundidade. Um único poço de petróleo na camada de pré-sal é capaz de produzir até 40 mil barris por dia, volume equivalente ao de campos inteiros do pós-sal. Uma vez superadas as limitações tecnológicas e feitos maciços investimentos em infraestrutura, o pré-sal tornaria o Brasil tão competitivo no mercado de óleo e gás quanto países do Oriente Médio.
O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), na cidade de Itaboraí, região metropolitana do Rio, seria um dos maiores símbolos dessa histórica virada de página se não houvesse se tornado um monumento à incúria, um símbolo da corrupção desbragada que marcou a aventura lulopetista, incluindo os seus associados, como o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
O Comperj foi projetado para processar o petróleo e o gás do pré-sal. No início das obras, em 2008, seu custo total foi estimado em US$ 6,1 bilhões, cerca de R$ 22 bilhões. Quando as obras foram suspensas em 2015, o Tribunal de Contas da União (TCU) estimou que as perdas com o projeto haviam chegado a US$ 12,5 bilhões, cerca de R$ 45 bilhões. O ministro do TCU Vital do Rêgo, responsável pelo relatório sobre a obra, afirmou que foram identificados “indícios de gestão temerária caracterizada por decisões desprovidas das cautelas necessárias”.
As investigações da Operação Lava Jato mostraram que o mau planejamento da obra serviu para ensejar, deliberadamente, aditivos contratuais que mais que dobraram o custo final do Comperj. O objetivo foi promover o enriquecimento ilícito de uma quadrilha de empresários e políticos. O escândalo ficou conhecido como petrolão.
A aventura lulopetista continua a onerar a empresa. Reportagem do Estado revelou que, mesmo com as obras paralisadas, o Comperj consumiu mais R$ 2,7 bilhões da Petrobrás. O valor se refere aos custos de desmobilização e de encerramento de diversos contratos. Estas garantias são previstas nos contratos de grandes obras como forma de resguardar os investidores. Mas, em tese, são recursos que não precisam ser usados em obras bem planejadas.
Mesmo diante dos abissais prejuízos com o Comperj – além de perdas como a da malfadada compra da refinaria de Pasadena, no Texas –, a Petrobrás vem conseguido se reerguer graças a uma gestão profissional.