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Município de Graça fecha escolas em nove localidades

00:00 · 10.05.2017 por Marcelino Júnior - Colaborador / DIARIOPNORDESTE

Graça. A dona de casa Regina Dantas Santos, moradora da localidade de Sangrador, neste Município da Zona Norte do Estado, está preocupada desde que o filho Guilherme (13), estudante do 9º Ano na Escola Antônio Jerônimo, teve de se transferir para a sede, a cerca de nove quilômetros. O motivo, é que a antiga escola onde o menino estudava não oferecerá mais a série que Guilherme e mais trinta e três outros alunos cursam. A determinação da Secretaria de Educação do Município entrou em vigor no dia 10 de abril. Desde essa data, o estudante tem seguido de bicicleta até o ponto onde passa o transporte escolar, que, segundo ele, já vem lotado com alunos de outras localidades e segue, até chegar à escola, recolhendo outras crianças.

Atraso

Por conta das sucessivas paradas, o filho de Regina tem chegado atrasado para as primeiras aulas. Segundo o estudante, vez ou outra, ele e colegas são repreendidos pela demora. A volta para casa tem sido outro problema. A sua aula termina às 16h30, mas o menino tem que esperar o término da aula das outras turmas, por volta das 17h30, se quiser pegar o mesmo transporte, quase à noite, quando ele desce no ponto onde deixou guardada a bicicleta e pedala até onde mora. Aborrecida, Regina e outras duas mães buscaram apoio do Ministério Público, para solicitar, da Secretaria de Educação, a ampliação do serviço de transporte escolar.

O Termo de Reclamação, expedido pela Promotoria de Justiça da Comarca de Graça, afirma que, "aos pais foi prometido, pela Secretaria de Educação, que os alunos removidos para outra escola teriam transporte adequado e exclusivo à sua região, mas até hoje isso não ocorreu, tendo os mesmos que dividir espaço com turmas do Ensino Médio, em transportes lotados, chegando, até mesmo, a fazer o trajeto em pé". O documento também cita a demora dos estudantes no retorno às suas casas, "ficando, os mesmos ociosos, até o acesso ao transporte". As mães, que aguardam a resposta da Justiça, também fizeram um abaixoassinado pedindo por mais segurança para os filhos na ida à escola.

"Desde que foi tomada essa decisão, meu filho fica apreensivo, na ida e na volta da escola. Sei que ele e os amigos de turma não vão estudar mais perto de casa, mas queríamos que a Secretaria de Educação providenciasse o transporte, como prometeu", diz a mãe de Guilherme.

Fechamento

O município de Graça, até o mês de abril, contava com 22 escolas em pleno funcionamento e fechou nove escolas na zona rural. Na localidade de Maracajá, 82 estudantes, sendo 47 da Educação Infantil e 35 da Educação de Jovens e Adultos, tiveram a escola fechada. Em Caraúbas foram 52; Pirituba, outros 45 da Educação Infantil; na localidade de Sabiá, mais 27 ficaram sem escola, assim como os alunos de Buíra (38); Sítios Verdes (24); o anexo da localidade de Corredores (39); e a comunidade Campo de Dentro (22); além do Ginásio Pedro Neudo Brito, na Zona Urbana, fechado para reforma, no mês passado, quando cerca de 300 alunos foram transferidos para outra escola; e as localidades de Vermelho e Taquari, que tiveram um turno fechado em cada uma de suas escolas.

Os alunos foram transferidos para outras comunidades ou distribuídos em escolas da sede, em distâncias que vão de sete a nove quilômetros de percurso feito por ônibus ou Kombi.

Pouca demanda

Para a secretária de Educação de Graça, Maria Ingred Silva, as escolas fechadas não atendiam às exigências do Município para se manterem em pleno funcionamento. Algumas estariam com reduzido número de alunos. A secretária diz que reavaliou as rotas dos transportes escolares para readequar, da melhor forma possível, os estudantes, que não ficaram fora de sala de aula. "Todos os estudantes estão sendo transportados em carros fechados, com a melhor qualidade possível", disse. Quanto ao caso dos alunos do 9º Ano, como o Guilherme, citado no início da matéria, "essa turma teve de dar espaço a outras que chegaram, por conta do remanejamento necessário. E a situação daqueles estudantes é provisória, quanto ao carro da rota, que circula por outras comunidades. Aguardamos, para breve, o transporte, que ficará permanentemente naquele itinerário", ressaltou.

Dívida

A questão financeira também pesou. Segundo levantamento da Secretaria, somente a Escola Vitorino Felipe de Maria, da comunidade de Caraúbas, com 11 alunos, teria um custo anual de R$ 115 mil, o que, segundo o Procurador Geral do Município, Raimundo de Alcântara Azevedo, seria inviável para a atual situação financeira.

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"Falta transporte que atenda às crianças que precisam estar na escola. Tem menino que ainda está em dificuldade de conseguir transferência e está sem estudar. Isso trouxe prejuízo para nossos filhos"

Josué Antônio dos Santos
Aposentado

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"O transporte atrasa e as crianças, muitas vezes, vão em pé. Sem falar que as idades dos estudantes são variadas, o que acaba prejudicando os mais novos. A zona rural perde muito em termos de aprendizado"

Rivaldo Barros da Silva
Estudante

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