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IDH já detecta retrocesso social

O crescimento econômico não pode ser um fim em si mesmo. Felizmente, ficou para trás, com a ditadura militar, o tempo em que o regime justificava a expansão do PIB em alta velocidade enquanto persistiam mazelas sociais, argumentando que era preciso “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo". O conceito tem lastro na teoria econômica, mas, à época, na década de 70, a falta das liberdades democráticas permitia ao regime deixar o bolo crescer indefinidamente. Na redemocratização, com a estabilização conseguida pelo Plano Real, passou a ser possível crescer e distribuir renda sem distorções, objetivos que não são excludentes. O PIB precisa se expandir para melhorar a qualidade de vida da população. Não se pode é contrariar princípios básicos de equilíbrio fiscal e outros.

O último ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), das Nações Unidas, referente a 2014, em que o Brasil caiu uma posição, de 74º lugar para 75º, é prova cabal de que políticas criadas em nome do combate à pobreza, da erradicação da miséria e da distribuição de renda resultam no oposto se não forem bem formuladas, se obedecerem apenas ao voluntarismo dos poderosos de turno. Desde 2010, o país não caia neste ranking, de 188 nações, baseado em indicadores de Saúde, Educação e renda. O retrocesso refletiu a virtual estagnação do Brasil em 2014, quando o PIB cresceu irrisório 0,1% e a inflação, de 6,41%, voltou a se aproximar do teto da meta de 6,5%.

Foi o bastante para que a renda per capita dos brasileiros caísse ligeiramente de US$ 15.288 para US$ 15.175. O IDH do Brasil chegou a subir um pouco, de 0,752 para 0,755, mas outros países tiveram ganhos maiores, e o país caiu uma posição. As perspectivas são péssimas. Pois, quando o IDH de 2015 for calculado, espera-se que o Brasil desabe no ranking. Afinal, ele contabilizará uma recessão de 3,5% e uma inflação de dois dígitos, acima de 10%.

A irresponsabilidade fiscal do lulopetismo — o descuido, por preconceitos ideológicos, com regras comezinhas de administração macroeconômica — ameaça jogar no lixo as conquistas sociais iniciadas com o Plano Real.

O PT deu sequência, no início do primeiro mandato de Lula, à política econômica sensata da era FH — que não é patrimônio de partidos, mas resultado do bom senso. Porém, a partir do final daquele governo, passou a adotar o programa econômico do velho PT. O resultado pode ser a trágica perda de uma década em estabilidade econômica e avanços sociais. Já em 2013, com Dilma no Planalto, como revelou o “Valor”, técnicos do Tesouro alertaram, em documento, o secretário Arno Augustin para o risco da política fiscal desregrada e do uso de manipulações estatísticas, e previram o que aconteceu: perda do selo de bom pagador pelo Brasil e dezenas de bilhões de um buraco não contabilizado. O IDH captou em 2014 o início da debacle social. Só tende a piorar. O GLOBO

 

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