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Operações e tumultos na cracolândia

A cracolândia já foi alvo de uma série de operações das gestões Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) nos últimos anos, mas que não conseguiram impedir a concentração de usuários de crack e a presença dominante do tráfico. Na região, Estado e prefeitura desenvolvem programas diferentes voltados aos dependentes. O programa Braços Abertos, criado em 2014 pela gestão Haddad, é baseado na redução de danos.

O dependente é incentivado, pela oferta de emprego e renda, a diminuir o uso de drogas, sem necessidade de internação. O Recomeço, instituído por Alckmin em 2013, trabalha a saída do vício com tratamentos que incluem isolamento em hospitais e comunidades terapêuticas.

A última grande operação na região, em abril de 2015, transformou o centro em uma praça de guerra e deixou dois usuários e um PM ferido. Houve bombas de gás, barricadas de fogo, furtos a pedestres e depredação de ônibus.

ação desastrosa foi resultado de uma desarticulação entre prefeitura e Estado. O então secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, dizia não ter sido avisado da iniciativa da prefeitura para desmontar a "favelinha" e atribuía os problemas na região a uma questão social, e não policial.

Já Haddad falava que as ações estavam coordenadas e que cabia à polícia a repressão ao tráfico de drogas. À época, a prefeitura comemorou os resultados, dizendo que dependentes haviam deixado a região ou aderido ao programa Braços Abertos.

Dois dias depois, no entanto, a aglomeração de usuários migrou para a quadra ao lado. Na primeira semana, o fluxo chegou a mudar três vezes de lugar. Em agosto, a "favelinha" –desta vez com guarda-sóis além dos barracos com sacos pretos, para esconder o tráfico e o uso dos cachimbos– também voltou.

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CRONOLOGIA

Jan.2012 PMs fazem operações nas ruas e desocupam imóveis abandonados que eram usados por usuários, usando inclusive bombas de gás. Dependentes que se concentravam na rua Helvétia dispersam para outros pontos da região central

15.jan.2014 Assistentes sociais e funcionários de limpeza da prefeitura retiram usuários de drogas e limpam a rua ocupada por usuários. Segundo a prefeitura, 300 pessoas foram cadastradas no programa Braços Abertos. O tráfico na região, porém, persistiu

23.jan.2014 Três policiais civis à paisana vão ao local para prender um traficante e usuários reagem com paus e pedras. A confusão aumentou com chegada de reforços e dois quarteirões foram isolados. O tumulto terminou com cerca de 30 detidos

11.mar.2014 Frequentadores da região jogam pedras contra guardas da GCM depois da prisão de duas mulheres flagradas por câmeras de monitoramento vendendo drogas na região

27.mar.2014 Depois de três pessoas serem presas por tráfico de drogas, segundo a PM, um grupo de usuários depreda quatro carros da polícia com pedras e paus. Polícia revida com bombas

18.set.2014 Policiais militares atiram bombas contra usuários de crack após dependentes jogarem pedras em guardas-civis e funcionários da prefeitura que faziam limpeza na região

6.dez.2014
Durante embate com usuários, pelo menos cinco veículos da GCM (Guarda Civil Metropolitana), segundo a prefeitura, são depredados por dependentes de crack

29.abr.2015 Uma operação desarticulada e desastrosa da prefeitura e do governo do Estado para desmontar a cracolândia transforma o centro em uma praça de guerra, com bombas de gás, barricadas de fogo, furtos a pedestres e depredação de ônibus. Dois dias depois, fluxo retornou à quadra ao lado FOLHA DE SP

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