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Dilma e as empreiteiras - OPOVO

Da Coluna Política, no O POVO deste sábado (4), pelo jornalista Érico Firmo:

A semana política foi desmoralizante para quem estabelece maniqueísmo entre partidos. A polarização de forças costuma difundir a ideia, em simpatizantes de ambos os lados, de que todo o mal está nos adversários. Nada mais inocente.

A crítica ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) ganha adesões e argumentos. Com justa razão. Isso de forma alguma elimina os erros da presidente. Inclusive possíveis crimes. Dilma, por exemplo, foi pega dizendo algo que não é verdade. Em entrevista publicada domingo, disse à Folha de S.Paulo sobre encontros com Marcelo Odebrecht. “Muito poucos. Eu não recebi nunca o Marcelo no (Palácio da) Alvorada”.

A agenda da presidente afastada mostra, porém, que ela recebeu pelo menos duas vezes o dono da maior empreiteira do Brasil na residência oficial. Claro que isso não é prova nenhuma de culpa. Mas expõe tentativa de negar informação que é facilmente desmentida. Quando a presidente afastada é tão categórica sobre algo que não é verdade, sua palavra fica sob suspeita. E a mentira foi sobre algo muito grave. Tentou demonstrar distanciamento na relação com empreiteira enrolada até o pescoço em corrupção.

Por mais que tenha havido as mais diversas motivações para o impeachment — das oficiais às mais inconfessáveis — é fato que o governo Dilma foi desestabilizado pelos escândalos resultantes de relações promíscuas com empreiteiras. A relação entre público e privado favoreceu políticos e empresas, a prejuízo do interesse coletivo. E Dilma esteve enrolada em negociações. Vale lembrar que, em diálogos gravados por Sergio Machado, José Sarney dizia que Dilma se envolveu diretamente em negociações para pagar o marqueteiro João Santana

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