Lupi acende alerta no Judiciário ao negar déficit da Previdência
Juliana Braga / FOLHA DE SP
Autoridades do STF (Supremo Tribunal Federal), TCU (Tribunal de Contas da União) e do BC (Banco Central) acenderam um alerta após o ministro Carlos Lupi (PDT) negar a existência do déficit da Previdência.
Segundo relatos, houve intensa troca de mensagens entre eles nesta terça-feira (4), mostrando preocupação com sinais equivocados emitidos pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar da tensão, houve uma avaliação de que é normal a primeira semana ser atípica porque provavelmente os ministros se pronunciaram ainda sem um ajuste fino de discurso com o Palácio do Planalto.
Ministros do governo foram procurados após a declaração para reforçar a preocupação com a austeridade fiscal. Como colaboração, foi enviado o relatório de uma auditoria do TCU de 2018 feito dos dados da Previdência.
Integrantes do Judiciário ressaltaram que estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional) mostram que a despesa futura com aposentadorias cresceu de 150% do PIB para 30% do PIB. Antes era a segunda maior do mundo; agora está no mesmo patamar de outros países emergentes.
Ao tomar posse nesta terça-feira (3), Lupi afirmou que os recursos utilizados para o pagamento do BPC (Benefício de Prestação Continuada) estão alocados no Orçamento do Tesouro da União e não deveriam ser contabilizados na Previdência.
"E colocam esse encargo na Previdência para dizer que ela é deficitária. A Previdência não é deficitária. Vou provar isso a cada dia. Vou provar isso com números."
Lula marcou a primeira reunião ministerial para a manhã da próxima sexta-feira (6). O convite foi enviado para os 37 titulares das pastas por Oswaldo Malatesta, chefe de gabinete adjunto da agenda de Lula. O encontro ocorrerá às 9h30, no Palácio do Planalto.
Segundo Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil, o objetivo é alinhar que qualquer proposta só será encaminhada após ser submetido ao crivo do presidente.