Temer sabe que o impeachment é golpe, diz Lula em ato em Fortaleza
Em discurso realizado durante manifestação em Fortaleza neste sábado (2), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao atual vice-presidente Michel Temer (PMDB) e disse que voltará a ser ministro da Casa Civil do governo Dilma "se tudo der certo".
"O Temer é um constitucionalista, ele é professor de direito, ele sabe que o que estão fazendo é golpe. E isso, ele sabe, que vão cobrar é pra o filho dele, para o neto dele amanhã, porque a forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar imputar o mandato, dar o golpe numa mulher da qualidade e seriedade da presidenta Dilma Rousseff", afirmou.
Ele pediu que os deputados da Comissão Especial de Impeachment que não votem contra a presidente Dilma. "Eu tava pensando que eu ia descansar minha vida. Mas não vou permitir que haja golpe e queria fazer, nesta praça, um apelo aos deputados federais, que estão na comissão: esta não é a melhora maneira de chegar ao poder."
Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação | ||
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato contra o impeachment, em Fortaleza |
A posse de Lula no ministério foi suspensa pelo ministro Gilmar Mendes no último dia 18.
"Na próxima quinta-feira, se tudo der certo, se a Corte Suprema aceitar, eu estarei assumindo o ministério. "Eu volto para ajudar a companheira Dilma, ajudar de verdade, andar de mão dada com ela e com vocês", disse.
No pronunciamento, o ex-presidente voltou a se defender das acusações de que é dono de um tríplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia. "Eles inventam que eu tenho tudo isso", ironizou ao dizer que, se fosse verdade, convidaria "todos vocês" para irem lá –em referência aos manifestantes presentes no ato.
Em um discurso rápido, sob chuva intensa, ele não mencionou a Operação Lava Jato ou as novas investigações que ligam o petrolão ao mensalão e ao caso do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002.
O ex-presidente reagiu ainda a outdoors que foram espalhados pela cidade de Fortaleza contra sua presença, como o do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec). "Eu soube que ontem, nessa cidade, encheram de outdoor contra o Lula. Eu não fico com ódio. Aos 70 anos, estou pensando que o homem (Deus) quer me chamar. Então não quero brigar. O dinheiro que essas pessoas gastaram com outdoor para falar mal de mim, deviam ter vergonha e fazer outdoor pelo que fiz pelo Nordeste e pelo Ceará", disse.
De acordo com a Secretaria de Segurança e Desenvolvimento Social do Ceará (SSPDS), entre 10 mil e 12 mil pessoas estiveram no "Ato por mais democracia", na praça do Ferreira. Já para a organização do evento, coordenado pela Frente Brasil Popular, foram 50 mil pessoas. folha de sp