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Trecho da Transnordestina no Ceará ameaçado de parar

Trabalhadores dos lotes 1, 2 e 3 do trecho da linha férrea no Ceará que liga os municípios de Missão Velha a Iguatu estão de sobreaviso ( Foto: ELIZÂNGELA SANTOS )

As obras da ferrovia Transnordestina correm risco de enfrentar uma nova paralisação, o que pode atrasar ainda mais a entrega do empreendimento, já adiada por vários anos. Desde ontem, trabalhadores dos lotes 1, 2 e 3 do trecho da linha férrea no Estado que liga Missão Velha a Iguatu estão de sobreaviso com relação a uma possível interrupção e têm sido desmobilizados por falta de pagamento às construtoras responsáveis pela obra.

No Ceará, a ferrovia terá, ao todo, aproximadamente 526 quilômetros (Km) de extensão, entre o município de Missão Velha e o Porto do Pecém, distribuídos em 11 lotes. Uma fonte ligada ao projeto informou à reportagem que existem parcelas do pagamento atrasadas desde novembro de 2015.

Caso a paralisação das obras nos três lotes seja confirmada, os empregos de mais de 3,5 mil trabalhadores, entre os quais 1,5 mil diretos e 2 mil indiretos, estarão em risco. Outro efeito da interrupção dos serviços será o atraso ainda maior da entrega da ferrovia que, atualmente, está com cerca de 55% de execução e expectativa de conclusão até junho de 2018. Inicialmente, a entrega da linha férrea era prevista para 2010.

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O empreendimento, gerido pela empresa Transnordestina Logística S.A (TLSA), da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), possui seis fontes de financiamento, entre públicas e privadas. São eles: CSN; Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.; Fundo de Investimento do Nordeste (Finor); Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE); Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE); e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Despesas

Devido à contenção de despesas do governo federal devido ao atual cenário de retração econômica do País, as liberações de recursos provenientes do Finor e do FDNE, ambos administrados pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), têm sido feitas com muito atraso, atrapalhando, assim, o cumprimento do cronograma do projeto da linha.

Em agosto do ano passado, o presidente da Transnordestina Logística S.A (TLSA), o ex-ministro Ciro Gomes, havia informado serem necessários R$ 3,7 bilhões até junho de 2018 para concluir o trecho do Ceará (de Missão Velha ao Porto do Pecém), conforme matéria publicada pelo Diário do Nordeste no dia 25 daquele mês.

Atraso

Quando anunciadas em 2006, as obras da Nova Transnordestina, que liga os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, tinham previsão de conclusão em 2010. Ao longo de quase dez anos desde o anúncio, a implantação da linha férrea sofreu com diversas paralisações. O ritmo das obras, classificado rotineiramente como lento, foi impactado por quebra de contrato da construtora e greve dos operários do canteiro. Ao longo dessa trajetória, iniciada em 2006, o valor orçado para o empreendimento foi atualizado quatro vezes, partindo do orçamento inicial de R$ 4,5 bilhões para R$ 11,2 bilhões, em 2014.

Quando concluída, a linha férrea terá relevante papel para o escoamento, principalmente, de minério e grãos. A estimativa é que a ferrovia tenha capacidade para transportar 30 milhões de toneladas por ano.

Dos 1.753 km de extensão da ferrovia, 526 km são no Ceará, 750 km em Pernambuco e 395 km no Piauí. A Transnordestina passará por 28 municípios cearenses, 35 cidades pernambucanas e 18 localizadas no Piauí, ligando dois portos, o do Pecém (CE) e o de Suape (PE).

Sem resposta

Ao longo desta sexta-feira (1º), a reportagem entrou em contato, por diversas vezes, com a Transnordestina Logística a fim de obter um posicionamento da empresa sobre a possível paralisação das obras no Ceará. No entanto, até o fechamento desta edição, a empresa não se pronunciou sobre o assunto.

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