PMDB marca reunião para decidir sobre rompimento com o governo Dilma-Lula
O PMDB decidiu marcar a reunião do diretório nacional que irá votar a proposta de rompimento do partido com o governo Dilma Rousseff, agora reforçado pela presença de Lula. Previsto inicialmente para o dia 12 de abril, o encontro será antecipado. Ocorrerá dentro de 11 dias, em 28 de março.
As assinaturas exigidas para a convocação já foram recolhidas. Eram necessárias as rubricas de pelo menos nove presidentes de diretórios estaduais do partido. Foram obtidos, por ora, 12 subscrições. Entre os diretórios que se juntaram para precipitar o movimento de desembarque está o de São Paulo, ao qual pertence Michel Temer, vice-presidente da República e presidente do PMDB.
Informado nesta quinta-feira sobre a coleta das assinaturas, Temer deu sinal verde para a organização do encontro do diretório. A intenção inicial era a de realizar a reunião no dia 25 de março. Trata-se, porém, de uma Sexta-feira Santa. Por isso o encontro foi transferido para a segunda-feira seguinte, dia 28.
Reunida no último domingo em Brasília, a convenção nacional do PMDB havia transferido para o diretório a decisão sobre o rompimento com o governo. O partido se autoconcedeu um prazo de “até 30 dias''. Esse prazo expiraria em 12 de abril. Mas a deterioração do cenário político precipitou os movimentos.
A decisão de Dilma de nomear o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para o cargo de ministro da Aviação Civil ajudou a impulsionar a articulação rumo ao desembarque. A convenção do PMDB também havia aprovado moção proibindo os filiados da legenda de aceitarem cargos enquanto não fosse decidido o futuro das relações da legenda com o governo.
a mautenção do convite de Dilma a Mauro Lopes foi recebida como uma “afronta'' pelo grupo dissidente do partido, favorável ao impeachment da presidente. Também Michel Temer ficou aborrecido. A tal ponto que se absteve de comparecer à cerimônia coletiva de posse dos novos ministros do governo, entre eles Lula e Mauro Lopes.
O PMDB prepara a expulsão de Mauro Lopes dos seus quadros. Nesta sexta-feira, reúne-se em Brasília a comissão de ética do partido. Será aberto o processo de expulsão. Em 48 horas será nomeado um relator. Na sequência, o novo ministro será instado a apresentar sua defesa.
O PMDB é o maior partido do condomínio governista. Confirmando-se a ameaça de rompimento, crescem as chances de aprovação do pedido de impeachment da presidente da Republica. Uma das missões do superministro Lula era manter o partido de Temer no bloco aliado.
Substituto constitucional de Dilma, Temer deve se encontrar com Lula na semana que vem. Mas encontrará um cenário muito próximo do fato consumado. JOSIAS DE SOUZA