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POR QUE ESSA DÍVIDA É IMPAGÁVEL? – O EFEITO BOLA DE NEVE –

Até agora, vimos que os gastos do governo atingiram um ponto extremamente preocupante e vão aumentar ainda mais. Agora, pense o Brasil como uma família… Nessa família, o endividamento cresce de forma significativa ano após ano, mas estamos gastando cada vez mais e ganhando cada vez menos. No ano passado, por exemplo, as contas dessa família fecharam no vermelho, com um rombo histórico.

Fonte: O Globo

Veja bem: a meta era fechar 2015 no azul, com um superávit primário (que é a economia do governo para pagar dívida e juros) da ordem de 1,2% do PIB… Mas encerramos o ano com um DÉFICIT de quase 2% do PIB (!). Isso depois de fechar as contas de 2014 também no vermelho, quando o governo teve de mudar a lei para não incorrer em crime de Responsabilidade Fiscal. Ou seja, não estamos conseguindo reduzir a nossa dívida, mesmo com o governo defendendo a necessidade de ajuste fiscal — acabamos de ver os motivos por trás disso.

E estamos recorrendo às mesmas práticas anteriores (aumento de impostos) para tentar amenizar o rombo nas contas públicas — mas também vimos que os impostos propostos, como a nova CPMF, estão muito longe de resolver o problema.

Ainda que o discurso do governo seja de preocupação com o buraco nas contas públicas, não é o que se vê na prática.

Para 2016, mais um ano que supostamente seria de ajuste fiscal, a meta do governo é de superávit primário de 0,5% do PIB, mas com a prerrogativa (aceita pela Comissão Mista de Orçamento) de o Executivo realizar um superávit ZERO, ou seja, sem precisar fechar as contas do ano no azul.

Após contrair uma dívida desse tamanho, você estaria preocupado em acumular três anos seguidos gastando mais do que ganha? E se os juros que você paga sobre essa dívida fossem os maiores do mundo?


Qualquer chefe de família sabe o risco de se pagar juros elevados sobre uma dívida elevada — e crescente.

E sabe também que essa conta simplesmente não fecha.

Muito juro sobre muita dívida, gastando cada vez mais e ganhando cada vez menos é uma combinação que só pode acabar mal.

O desfecho aqui é um tanto óbvio: uma hora as contas dessa família irão colapsar. Ela não terá mais como pagar essa dívida. É rigorosamente a situação das contas públicas nacionais. Veja que não sou somente eu que estou fazendo este alerta. As aspas são do lendário Bill Gross, um dos maiores gestores de recursos do mundo:

Caminhamos muito rapidamente para o colapso nas contas brasileiras.

Enquanto a nossa dívida pública CRESCEU +21,7% somente no último ano, o PIB do País RECUOU -3,75% em termos reais. (guarde esse detalhe; ele será importante mais à frente)

Ao passo que a nossa dívida veio crescendo de forma expressiva nos últimos anos, o nosso PIB vem de…

2014: estagnação (crescimento de 0%)
2015: queda de aproximadamente -3,75%
2016: retração da ordem de -3,0%
2017: estagnação na melhor das estimativas

Note que essas projeções para 2016 e 2017 são conservadoras.

As estimativas da Empiricus são de retração da ordem de -4% para a economia brasileira neste ano e -1% em 2017, embora alguns agentes importantes de mercado já indiquem números bastante inferiores aos nossos e haja grande espaço para deterioração adicional…

Fonte: O Financista

Os números da economia não param de piorar:

Há certo consenso entre os economistas de que a variável-chave para o crescimento sustentável e de longo prazo, sem inflação, é o investimento.

Ao investir, o empresário aumenta sua capacidade produtiva à frente e pode responder a aumentos da demanda oferecendo mais produtos. Caso contrário, ou seja, sem investimentos, só podemos responder com aumentos de preço.

Mas a relação Investimento/PIB, que nunca foi uma maravilha no Brasil, vem caindo de maneira consistente: depois de atingir 19,5% no fim de 2010, recuou para apenas 17,7% em 2014.

Se o investimento cai, o gasto do governo aumenta.

Em 2014, a despesa primária (sem contar repasses para estados e municípios) bateu 20,1% do PIB.

Ou seja, gastamos mais para manter um governo cada vez mais inchado do que com os investimentos necessários para o País trilhar a rota do crescimento.

Somos um dos poucos países do mundo em que a despesa primária do governo supera o investimento. Mais uma proeza para não nos orgulharmos.

Pagamos cada vez mais juros sobre uma dívida que não para de crescer. E geramos cada vez menos riqueza para pagar essa dívida.

Isso pode ser verificado de maneira bastante clara na evolução do indicador de dívida/PIB.

Atenção com esse dado. Trata-se de um dos principais indicadores de solvência para um País.

Atualmente em 66%, essa relação caminha rapidamente para patamar superior a 80% do PIB, considerando o crescimento módico de nossa economia, os gastos já contratados para os próximos anos e os juros incidentes sobre a dívida brasileira.

Mais uma vez, não se trata de uma conta exclusiva da Empiricus.

Alguns dos departamentos econômicos de maior credibilidade do País projetam crescimento tão (senão mais) agressivo na relação dívida/PIB brasileira:

Fonte: Valor Econômico

É importante esclarecer que uma relação dívida/PIB acima de 80% não seria um problema por si só.

Países com economias maduras, como EUA e Japão, possuem relação dívida/PIB superior a 100%…

Há uma grande diferença, no entanto: esses países possuem taxas de juro próximas de ZERO e PIBs em trajetória condizente com a evolução de sua dívida.

Como podemos ver no gráfico abaixo, esse não é o caso do Brasil:

Fonte: Gustavo Franco; Teutônio Vilela

Vale ressaltar que esse gráfico toma por base dados de 2014. Portanto, ele traz uma situação de juros favorável ao Brasil na comparação ao retrato atual — para 2015 e 2016 a situação é bastante agravada pelo aumento das taxas de juros e pela rápida deterioração da situação fiscal.

Tomando por base o total da dívida pública brasileira reportada em 2015, de R$ 2,79 trilhões, e o gasto com juros da dívida, de R$ 367 bilhões, tivemos um custo (juros) de dívida da ordem de 15% no ano passado.

O que isso quer dizer?

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