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'Absurdo', diz OAB sobre grávida presa ao quebrar vidro em unidade de saúde

Vidro foi quebrado durante a confusão no atendimento em unidade de saúde em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

A Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (OAB) em Ribeirão Preto (SP) considerou absurda a prisão de uma vendedora grávida de 5 meses, após uma confusão que terminou com um vidro quebrado em uma unidade de saúde na noite de terça-feira (23). Na delegacia, sem dinheiro para pagar a fiança de R$ 900 estipulada pelo delegado, a mulher acabou sendo presa. Ela foi levada para a Cadeia Feminina de Cajuru (SP). Para o coordenador da comissão, faltou sensibilidade às autoridades envolvidas para resolver o problema.

Em nota, a Delegacia Seccional de Ribeirão Preto informou que a mulher foi tratada conforme a lei em vigor. O advogado da vendedora disse que o caso foi encaminhado ao Ministério Público.

Confusão e vidro quebrado
Funcionários alegaram que a vendedora Fabíola Bigliato procurou atendimento na Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) do bairro Vila Virginia, mas que se recusou a receber a medicação prescrita. Nervosa, ela teria quebrado um vidro da recepção ao arremessar uma bolsa. Os estilhaços feriram o rosto de um idoso de 63 anos que aguardava na recepção. Fabíola foi levada ao plantão policial e o delegado arbitrou a fiança de R$ 900 para que ela fosse liberada. Como não tinha o dinheiro, foi presa.

A gestante negou ter quebrado o vidro de propósito e disse que tudo não passou de um acidente. "Eu já estava passando mal, nervosa, pensando que só estava ali para ser medicada, aí eu quis sair de lá. A minha bolsa tem uma bíblia, uma harpa da igreja e um livro de autoajuda, então ficou pesada. A hora que fui sair de lá a fechadura estava quebrada e eu tentando abrir a bolsa quebrou um vidro." 

Ela também negou que não quisesse receber a medicação e alegou demora no atendimento. "O médico que me atendeu disse para eu sair e ir para a sala de medicação, que eu iria entrar direto. Chegando, ela [enfermeira] pegou meu papel, falou para eu aguardar e nada. Estava no papel que eu estava grávida, elas não viram."

O idoso ferido não quis prestar queixa, mas um boletim de ocorrência foi registrado por dano ao patrimônio público, o que gerou a fiança.

O gerente da unidade de saúde, Guilherme Gonçalves Conceição, disse que o atendimento foi feito em 30 minutos.

'Falta de bom senso'
O coordenador da comissão da OAB, Anderson Polvorel, considerou que faltou bom senso aos envolvidos no caso. “Imagine uma grávida que procurou a unidade de saúde por atendimento, comete às vezes um ato considerado ilícito para proteção da sua saúde e da criança e ainda é levada presa. De forma nenhuma ela deveria ter sido levada presa”, afirmou.

Polvorel também destacou que a prisão é um exagero porque em uma eventual condenação, Fabíola só seria submetida a penas alternativas. “Essa pessoa jamais teria como pena a prisão. Ela teria uma pena que permite à pessoa ser reeducada pelo ato que ela cometeu.”

A mãe de Fabíola lamentou a prisão da filha. “É muito triste você ver uma filha saindo algemada e passando na sua frente parecendo bandida. Sei que ela é uma pessoa explosiva, mas estava o dia inteiro passando mal e resolveu ir sozinha. Chegou lá aconteceu tudo isso. Vou esperar a ajuda do povo e de Deus porque é a única coisa”, disse Luzia Bigliato.

Vidro foi quebrado durante a confusão no atendimento em unidade de saúde em Ribeirão Preto (Foto: Reprodução/EPTV)

 

 

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