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Pesquisa com Lula tem valor?

Por Helio Gurovitz

 

A pesquisa Datafolha divulgada ontem traduz a dificuldade de medir a preferência do eleitor num cenário em que o PT insiste na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sabendo que ele, condenado em segunda instância e preso em Curitiba, deverá ser impedido de se candidatar.

 

A esta altura, as principais candidaturas já estão definidas: Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT). Mas a insistência do PT em registrar a candidatura Lula distorce o resultado e embaralha a leitura dos dados.

Numa corrida eleitoral padrão, ganharia força neste momento a leitura da pesquisa estimulada, em que o entrevistado é instado a escolher entre os nomes que estarão de fato na cédula. Mas não dá para levar em conta uma pesquisa estimulada em que o mais provável é o nome na liderança (Lula, com 30%) não estar entre os concorrentes.

Os cenários simulados sem Lula acabam sofrendo indiretamente com a indefinição petista. Em todos eles, a quantidade de eleitores que afirma não saber em quem votar ou diz votar nulo ou em branco, entre 33% e 34%, supera as intenções de voto em qualquer candidato.

É preciso reconhecer que não há uma solução trivial para o dilema imposto pelo PT, já que há valor jornalístico e científico em medir a influência eleitoral de Lula. Mas os pesquisadores deveriam encontrar uma forma de fazer isso mais próxima da realidade. Incluí-lo entre as opções de voto certamente não é a melhor.

Prova disso está na principal novidade entre os números divulgados ontem: na pesquisa espontânea, em que o entrevistado simplesmente diz em quem pretende votar sem ser apresentado às opções, Lula despencou desde a condenação em janeiro. Caiu para 13% depois da prisão, e para 10% na semana passada. O único outro candidato que aparece com destaque na espontânea é Bolsonaro. Desde janeiro, cresceu de 10% para 12% – e ultrapassou Lula.

A pesquisa espontânea também revela – e isso não é supresa – o enorme grau de indefinição no eleitorado. Chega a 70% a quantidade de eleitores que ainda não sabem em quem votar ou afirmam votar nulo ou em branco. A última opção cresceu desde janeiro de 17% para 23%, provavelmente também como resultado do caso Lula. g1

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