14 dos 20 candidatos à reeleição nas capitais declararam patrimônio menor
Dos 20 prefeitos de capitais que são candidatos à reeleição em 2016, 14 apresentaram declaração de bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com valores inferiores aos informados em 2012. Os outros seis declararam aumento de patrimônio. A maioria justifica a variação pela correção de valores de bens e correções monetárias. A reportagem do UOL comparou os dados das declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral neste ano com os dados das declarações apresentadas por eles em 2012, ano das últimas eleições municipais. Os valores de 2012 foram atualizados com base na variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) entre agosto de 2012 e julho de 2016, o que representa uma valorização de 34,8%.
Entre as reduções, a maior foi a do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), que declarou R$ 879 mil (em valores corrigidos) em 2012 e R$ 160,7 mil neste ano. Procurada, a assessoria do candidato informou que houve um erro na declaração de Imposto de Renda dele, o que já teria sido corrigido junto à Receita Federal. "Essa correção será levada à Justiça Eleitoral para alteração nos dados relativos aos seus bens". O novo valor, porém, não foi informado à reportagem até o fechamento deste texto.
O segundo nesse ranking é o prefeito de Edivaldo Holanda (PDT), de São Luís, que reduziu o valor de seus bens em mais de 51%: de R$ 395,7 mil, em 2012, para R$ 193 mil. Holanda não explicou à reportagem o porquê da redução do patrimônio e se limitou a declarar: "vejo a política como uma missão e, não, como instrumento para aumentar patrimônio".
Outro que teve queda no valor dos bens declarados foi o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), que viu seu patrimônio ir de R$ 972 mil, em 2012, para R$ 490,5 mil, em 2016. A assessoria do prefeito não respondeu ao pedido da reportagem para que comentasse a variação.
Já o patrimônio do prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT), 4º no ranking, apresentou variação de - 43,2%. Ele alega que se desfez de bens imóveis nos últimos quatro anos. Em Rio Branco, Marcus Alexandre (PT) também declarou patrimônio significativamente menor do que o declarado em 2012: - 35,5%. O UOL tentou por diversas vezes contato com a assessora do prefeito, com o diretório do PT do Acre e com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Rio Branco, mas não conseguiu falar com ninguém da campanha.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também apresentou declaração com redução de 29,3% nos valores entre 2012 e 2016. A assessoria dele informou que a variação é compatível com a atividade, e todos os bens dele estão declarados ao TSE.
Roberto Cláudio (PDT), de Fortaleza, também apresentou declaração com redução nos valores: 23,9%. "A variação diz respeito, apenas, à atualização de um financiamento habitacional que tenho junto à Caixa Econômica Federal", afirmou.
Em Boa Vista, Teresa Surita (PMDB) declarou patrimônio com variação de 21,9% para menos em relação ao declarado em 2012. A prefeita informou que não iria comentar o assunto.
O prefeito de Macapá, Clécio Luís (Rede), também figura nesse ranking, e os valores declarados apresentaram variação negativa de 21,4%. A assessoria do candidato foi contatada nos dias 25 e 26 de agosto, mas não enviou comentário até a publicação da reportagem.
Em Teresina, Firmino Filho (PSDB) declarou bens em valores que ficam 15% abaixo dos declarados na eleição passada. A assessora do candidato foi contatada nos dias 25 e 29 de agosto, mas não respondeu. Entre 2012 e 2016, a declaração de bens de Doutor Mauro (PSB), de Porto Velho, apresentou redução de 21%. Ao UOL, a assessoria do candidato informou que ele não comentaria a variação de valores do patrimônio.
Carlos Amastha (PSB), de Palmas, declarou patrimônio com variação negativa de 13,8% entre 2012 e 2016. Em entrevista ao UOL, ele atribuiu a redução ao fato de ter deixado a atividade de empresário. "Diminuiu e vai diminuir mais ainda. Se [eu] governo, não trabalho mais nada. Era empresário da área de shopping e de educação. No final de novembro de 2012, vendi o shopping que tinha e não tenho nenhuma atividade econômica", afirmou.
Os valores do patrimônio declarado de Gustavo Fruet (PDT), de Curitiba, apresentaram diminuição de 2,9%. Segundo sua assessoria de imprensa, "o patrimônio em relação ao período entre 2012 e 2016 está adequado e condizente com sua renda pessoal, rendimento de suas aplicações e com índice da inflação do mesmo período".
Alcides Bernal (PP), de Campo Grande, foi quem teve a menor variação, de 0,7% para baixo. O prefeito justificou, por meio de sua assessoria, que "nesse tempo em que ficou na prefeitura sua dedicação foi praticamente exclusiva à gestão [e não ao aumento de patrimônio]".
Seis candidatos declararam aumento
Entre os candidatos que declararam valores maiores aos da eleição passada, a maior alta percentual foi do prefeito de Aracaju, João Alves (DEM): 210,6%. Segundo informou sua assessoria, os dados informados na eleição passada estavam errados e foram corrigidos --embora o site do TSE não tenha sido alterado.
A assessoria apresentou o número de protocolo com que pediu a alteração (petição no cartório da 2ª Zona Eleitoral conforme protocolo de número 25050 do dia 11 de julho de 2012) e afirmou que "onde se lê R$ 358.075,96, o correto será R$ 1.183.288,39". Em valores corrigidos, então, o patrimônio seria de R$ 1,5 milhão, exatamente o mesmo o valor de 2016.
Na lista elaborada pela reportagem, Luciano Cartaxo (PSD), de João Pessoa, apresentou aumento de 87% no valor dos bens declarados ao TSE --de R$ 605 mil para R$ 1,1 milhão. Segundo nota, "a evolução do patrimônio se deve à construção, com financiamento da Caixa Econômica Federal, da casa onde Luciano reside hoje e cujo valor foi integralmente declarado no Imposto de Renda Pessoa Física 2015. Na declaração de 2012, não constava o valor integral da casa em função de estar ainda em construção".
O candidato mais rico entre os prefeitos de capitais que disputam a reeleição é ACM Neto (DEM), de Salvador. E ele apresentou uma declaração de bens com aumento de valores que saiu de R$ 18 milhões para R$ 27,9 milhões (55,2%).
Por meio de sua assessoria, ACM Neto informa que o aumento no valor declarado do patrimônio "se deve a ações de empresas da família das quais ele tem participação societária e do recebimento de dividendos dessas mesmas empresas, além de rendimentos decorrentes das aplicações financeiras de sua titularidade ao longo dos últimos quatro anos".
Outros dois candidatos tiveram alta dos valores do patrimônio declarado: Rui Palmeira (PSDB), de Maceió (18%) e Zenaldo Coutinho(PSDB), de Belém (18,5%). Palmeira afirmou que "trata-se de evolução natural devido à renda recebida e declarada à Receita Federal, estritamente e de acordo com meus rendimentos financeiros no período". A reportagem não obteve respostas de Coutinho, apesar das tentativas de contato entre os dias 25 de agosto e 5 de setembro.