VITÓRIA NO PERIMEIRO TURNOÉ TÃO INCERTA QUANTO AO TERCIERO LUGAR
Eliane Cantanhêde / O ESTADÃO
As eleições chegam ao seu dia D com os dois principais candidatos, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, procurando ganhar no grito, ou na narrativa, ou no imaginário popular, produzindo demonstrações de força, sejam elas reais ou apenas para inglês, ops!, eleitor ver. É a derradeira busca pelo voto, especialmente pelos 13% de eleitores indecisos ou pelos que podem mudar de candidato na última hora. No caso de Ciro Gomes, 46%. No de Simone Tebet, 38%.
Lula ostenta troféus, com listas diárias de adesões em setores-chave, que influenciam eleitores e podem puxar votos, como artistas, atletas, intelectuais, economistas, ex-candidatos à Presidência, ex-ministros principalmente do tucano Fernando Henrique Cardoso e ex-presidentes do Supremo.
São eles Joaquim Barbosa, Celso de Mello, Ayres Britto, Nelson Jobim (que foi ministro de Lula) e, sem necessidade de notas ou declarações, Sepúlveda Pertence. Só Ellen Gracie, consultada pela campanha petista, preferiu não manifestar voto. E, mais uma vez, já fora do STF, Marco Aurélio Mello, é voto vencido: é o único pró-Bolsonaro.
Já Bolsonaro coleciona imagens de comícios e motociatas com multidões, quando a velha militância aguerrida do PT não pareceu muito animada. E, além das fotos e vídeos reais, a campanha do presidente distribui descrédito contra as pesquisas mais respeitadas do País.
A ansiedade no QG lulista é para fechar a eleição no primeiro turno, temendo um adversário poderoso, a abstenção, que atinge os segmentos em que o petista é mais forte: mais pobres, menos escolarizados, mulheres, Nordeste. O foco é convencer esse eleitor a ir votar.
No QG bolsonarista, o esforço é para garantir a realização do segundo turno, quando seus estrategistas acham que haverá tempo e material suficiente para reverter a desvantagem para Lula. Citam que a população poderá então saber e usufruir da melhora da economia, com recuo do desemprego e da inflação abaixo dos 10% e gasolina mais barata.
Além da guerra entre Lula e Bolsonaro, que se enfrentaram ontem no debate da TV Globo, até a madrugada de hoje, há também uma disputa, ponto a ponto, pelo terceiro lugar. Ou pelo pódio. Na reta final, há expectativa de Tebet ultrapassar Ciro, como já começou a acontecer dias antes do pleito em São Paulo. Além disso, Tebet poderá ser a candidata mais votada à Presidência da história do MDB.
Se houve uma sólida estabilidade ao longo de toda a campanha, uma coisa é certa: emoção irá até o último minuto. Assim como o Datafolha deixou o debate de ontem ainda mais eletrizante, também jogou uma grande interrogação no domingo: vai ter ou não segundo turno?