Conspiração das urnas: debate sobre voto impresso avança no Congresso Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/conspiracao-das-urnas-debate-sobre-voto-impresso-avanca-no-congresso/
Para justificar seu medo de voar, Tom Jobim dizia que o avião, além de ser mais pesado que o ar, havia sido inventado por um brasileiro.
A piada do compositor funciona pelo seguinte motivo: por força das limitações do país e mesmo de alguns preconceitos, inovações desenvolvidas ou adotadas em larga escala por aqui com um certo pioneirismo carregam algum tipo de desconfiança.
Esse mecanismo de negação costuma servir de combustível a teorias conspiratórias e lançar sombras de dúvida até sobre ferramentas consagradas. É o que acontece agora com as urnas eletrônicas, colocadas injustamente na posição de alvos em esforço para questionar sua confiabilidade.
A “solução” apresentada pelos críticos é uma volta ao passado, com a exigência da impressão do voto dado pelo sistema atual. Tal movimento faz vistas grossas ao fato de que as eleições digitais resolveram justamente o problema crônico de fraudes dos tempos das velhas cédulas em papel.
Enquanto nessa época os cambalachos eram comuns, nos 25 anos de experiência com as urnas eletrônicas nunca houve uma denúncia séria sobre qualquer falcatrua. Com isso, por incrível que pareça, o Brasil virou um exemplo de eficácia, rapidez e transparência na apuração de eleições.
O dado mais espantoso dessa história é que o principal ideólogo do movimento destinado a pôr em xeque o sistema atual é um político que só se beneficiou dele. Jair Bolsonaro venceu ao longo da carreira cinco eleições seguidas a cargos no Legislativo e chegou ao Palácio do Planalto consagrado pelas votações nas urnas eletrônicas.
Ignorando prioridades do país no momento (a começar pela catástrofe de quase meio milhão de mortos pela Covid-19), o capitão não perde hoje oportunidade de trazer à baila sua velha teoria conspiratória de que lhe teriam roubado a vitória em primeiro turno em 2018.
Ele nunca trouxe nenhuma prova disso, tampouco explicou a óbvia incoerência da tese: se havia mesmo um plano para prejudicá-lo, como explicar sua vitória no segundo turno da mesma eleição? Os fraudadores se contentaram apenas com o primeiro turno? VEJA
A Fiocruz recebe mais um carregamento de IFA
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu mais um carregamento com ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção de vacina contra a covid-19. A matéria-prima para produção de vacinas da AstraZeneca chegou no final da tarde de ontem (12) no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
Os insumos vieram do laboratório Wuxi Biologics, na China. De acordo com a Fiocruz, a entrega dessa remessa permitirá a continuidade da produção da vacina e garantirá entregas semanais ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) até 10 de julho.
Na sexta-feira (11), a Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), entregou 2,7 milhões de doses da vacina de covid-19 ao PNI.
“Com esta remessa, a fundação atinge cerca de 53,8 milhões de doses entregues ao PNI. A pedido da Coordenação de Logística do Ministério da Saúde, as entregas semanais se manterão às sextas-feiras e não seguirão para o almoxarifado em São Paulo, conforme previsto anteriormente”, informou a Fiocruz. ISTOÉ COM AGÊNCIA BRASIL
Fiocruz recebe mais um carregamento de IFA
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu mais um carregamento com ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção de vacina contra a covid-19. A matéria-prima para produção de vacinas da AstraZeneca chegou no final da tarde de ontem (12) no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
Os insumos vieram do laboratório Wuxi Biologics, na China. De acordo com a Fiocruz, a entrega dessa remessa permitirá a continuidade da produção da vacina e garantirá entregas semanais ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) até 10 de julho.
Na sexta-feira (11), a Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), entregou 2,7 milhões de doses da vacina de covid-19 ao PNI.
“Com esta remessa, a fundação atinge cerca de 53,8 milhões de doses entregues ao PNI. A pedido da Coordenação de Logística do Ministério da Saúde, as entregas semanais se manterão às sextas-feiras e não seguirão para o almoxarifado em São Paulo, conforme previsto anteriormente”, informou a Fiocruz. ISTOÉ COM AGÊNCIA BRASIL
Os 15 minutos dos imbecis
Teria Andy Warhol vislumbrado a internet e a cultura dos conspiracionistas? Ou pensava apenas nas subcelebridades instantâneas e deu a deixa para Umberto Eco ampliar o escopo da profecia, de modo a incluir a infâmia?
A palavra “imbecil”, em sua origem, designava “o que não se aguenta de pé”. Por extensão, foi aplicada aos tolos, àqueles cujas ideias não se sustentam. Isso antes de o insustentável ganhar fama e um megafone virtual para apregoar suas elucubrações.
A verdade pode ser enunciada de forma límpida. A mentira, para convencer, precisa ser cheia de cantinhos. Daí as teorias da conspiração serem tão elaboradas: quanto mais estapafúrdias, mais poderosas. Elas consistem num sistema dotado de razoável coerência, em que se estabelece um encadeamento lógico entre (falsas) causas e (discutíveis) consequências — ou vice-versa. E são tão caras aos imbecis por lhes dar a ilusão de deter conhecimento — diferentemente do pensamento mágico, que não exige muita coordenação motora dos neurônios. O até então in bacillum (literalmente, “sem cajado”) se sente apoiado por um arremedo de razão.
O Sapiens — ensinou Yuval Harari — é capaz de se unir em tribos graças à ficção partilhada. A conspiração tem o mesmo propósito: congregar os imbecis em torno de coisas “que só eles sacaram”: a Nova Ordem Mundial, a Big Pharma, os reptilianos, a existência de fascistas no armário e de comunistas embaixo da cama.
Algumas conspirações são inócuas (o terraplanismo, os teóricos dos antigos astronautas), mas é por causa dos “antivax” que sarampo e poliomielite — quase erradicados — estão voltando. E que a Covid-19 faz mais vítimas do que seria de esperar numa época em que se sabe tanto de virologia e infectologia. Negar a doença continua sendo o mecanismo de defesa preferido por quem não consegue lidar com a angústia que ela provoca.
Há hoje excesso de informação e escassez de compreensão. Sabemos que o cientista tem crenças e expectativas — por isso, experimentos precisam ser replicáveis e estudos passam por revisão. Há um método, que valida — ou não — o que a ciência produz. O imbecil tem ligação emocional com a conclusão. Tudo é arquitetado para confirmar sua hipótese. O que não convém é adulterado ou descartado.
Quem cria notícia falsa ou teoria conspiratória desconstrói os fatos e os rearranja numa narrativa que lhe seja favorável. Quem compartilha — sem verificar as fontes — tem consciência, intimamente, dessa falsidade. Acredita na mentira que é de seu interesse. Desmascarado, cria nova conspiração contra os mecanismos de checagem de conteúdo.
A internet, segundo Eco, “promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade” — do seu simulacro de verdade, agora com audiência amplificada. Resta saber quanto tempo ainda vão durar — e a que custo — esses 15 minutos de fama.
Por Eduardo Affonso / O GLOBO
INSS libera 2ª parcela do 13º salário de aposentados neste mês; veja calendário
A segunda parcela do 13º salário dos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estará disponível a partir do dia 25 de junho. O período para os depósitos vai do dia 25 de junho a 7 de julho.
A iniciativa é uma medida emergencial do governo para reduzir a crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19.
As duas parcelas do 13º salário do INSS estão sendo antecipadas para os meses de maio e junho. O pagamento deve ocorrer nas mesmas datas dos depósitos de aposentadorias, pensões por morte e demais benefícios do órgão, conforme decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A ordem em que os beneficiários são distribuídos no calendário é definida pelo número final de benefício, sem considerar o dígito que fica após o traço. Veja o calendário completo abaixo.
VEJA CALENDÁRIO COMPLETO DE PAGAMENTOS DO MÊS DE JUNHO
QUEM TEM DIREITO
Por lei, tem direito ao 13º quem, durante o ano, recebeu benefício previdenciário de aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão. Na hipótese de cessação programada do benefício, prevista antes de 31 de dezembro de 2020, será pago o valor proporcional do abono anual ao beneficiário.
Aqueles que recebem benefícios assistenciais (Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social – BPC/LOAS e Renda Mensal Vitalícia – RMV) não têm direito ao abono anual.
IMPACTO DE R$ 50 BILHÕES
O impacto da antecipação do 13º é de R$ 50 bilhões, conforme explicou o Ministro da Economia, Paulo Guedes. "Vamos proteger os mais vulneráveis, e os idosos, nessa segunda grande guerra contra o coronavírus”, afirmou, acrescentando que a medida não gera impacto fiscal extra, pois se trata apenas de um adiantamento de despesas já previstas.
Este recurso já foi utilizado em 2020, quando o 13º dos aposentados e pensionistas foi pago nos meses de março e maio.
ATRASO NA ANTECIPAÇÃO DO BENEFÍCIO
A medida, segundo integrantes do governo, deve injetar cerca de R$ 52,7 bilhões na economia. Os recursos já seriam pagos aos aposentados e pensionistas no segundo semestre, mas a ideia é acelerar esse processo diante da crise da Covid-19.
A antecipação do 13º a aposentados e pensionistas chegou a ser prometida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo ministro Paulo Guedes (Economia) ainda em março, mas, por causa do atraso na sanção do Orçamento, a medida foi adiada.
A aprovação do Orçamento era necessária porque os gastos obrigatórios estavam sendo feitos de forma provisória na proporção de 1/12 por mês em relação ao estimado na proposta orçamentária, como autoriza a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Pagar o 13º mais cedo que o habitual elevaria essa proporção.
Dessa forma, o dinheiro para esses pagamentos já estava previsto nas contas do ano, mas, com receio de descumprir regras fiscais, técnicos do time de Guedes defenderam que a liberação aguardasse a sanção do Orçamento. DIARIONORDESTE
Desacreditar de tudo - Daniel Martins de Barros*, O Estado de S.Paulo
“A verdade, meu amor, mora num poço. É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz”, canta a letra do samba Positivismo, de Noel Rosa. O verso faz referência à pergunta de Pôncio Pilatos para Jesus – “Que é a verdade?” –, já naquela época questionando se seria possível encontrar a exata correspondência entre as versões dos fatos e a realidade.
Essa formulação remete a Aristóteles, cuja filosofia ensinava que dizer a verdade era dizer sobre o que é, que é, e sobre o que não é, que não é. Parece simples. E pode ser que em algum momento da nossa história tenha sido possível verificarmos pessoalmente a verdade das coisas. Mas depois da descoberta da agricultura, da invenção do dinheiro, da criação das cidades e do desenvolvimento tecnológico tornou-se impossível para qualquer um de nós checar tudo o que nos é apresentado como verdade.
Para chegar onde chegamos nós precisamos construir uma sociedade que se baseasse numa cadeia de verificações tão complexa e extensa que àqueles na ponta só resta acreditar se quiserem se inserir na vida comum. Quando monto meu prato num restaurante por peso, imagino que ali os padrões de higiene sejam seguidos. Isso porque acredito que tenham autorização para funcionar. E claro que é necessário crer que haja fiscalização adequada. Crendo-se ainda que os parâmetros fiscalizados são os mais adequados para minha saúde. Na primeira porção de arroz que coloco no prato, começa tudo de novo, dessa vez com relação ao fornecedor daquele alimento. Enfim, deu para pegar a ideia: se eu quisesse verificar por mim mesmo todas as afirmações que estão por trás de um simples prato de comida, levaria alguns meses antes de dar a primeira garfada.
Expanda o raciocínio para a vida como um todo, do nascimento à morte, e veremos que nossa realidade é baseada muito mais em pressupostos do que em conhecimento. Eu presumo que o diploma da professora dos meus filhos seja verdadeiro. Que o cinto de segurança do carro foi testado. Que o remédio que estou tomando não seja placebo. Presumo muito mais do que sei.
Raça imperfeita que somos, não é possível confiar cegamente em tudo, porque sempre haverá quem queira aproveitar da nossa confiança. Para isso existe fiscalização. Oficial, promovida pelo governo. Não oficial, feita pela sociedade – na figura da imprensa, por exemplo. Acadêmica, quando os cientistas são fiscalizados pelos pares. Eles podem também ser fiscalizados, claro, mas nesse processo igualmente é preciso pressupor algumas coisas: uma foto de satélite só serve como prova se acreditarmos que veio do espaço. Podemos perguntar para o técnico para ter certeza, mas aí temos de acreditar em sua resposta. Ou, se ele mostrar algum documento, confiar em sua legitimidade. E assim por diante.
É aí que entra a estratégia política de desacreditar de tudo. O alvo é toda forma de verificação da verdade. Não é por acaso que minam a credibilidade da imprensa, dos cientistas, dos órgãos fiscalizadores. Sabendo ser impossível verificarmos pessoalmente a maioria das coisas, enfatizam a possibilidade de estarmos sendo enganados. Com um objetivo muito simples: uma vez rompido o pacto de confiança construído ao longo da história da civilização, fica fácil questionar qualquer verdade que lhes seja inconveniente.
A economia está ruim? Não acredite em números mentirosos. Surgiu um escândalo? Desconfie dos jornais. Os dados são prejudiciais? Não confie em cientistas. Perdi as eleições? Foi fraude. A ofensiva contra as urnas eletrônicas é só mais um capítulo. Não é por as urnas serem eletrônicas, mas para desde já retirar a confiança no processo eleitoral. Por acaso Trump precisou de urnas eletrônicas para alegar fraude em sua derrota? Não nos iludamos: a única forma de termos uma sociedade em que tudo é verificável individualmente é voltando a morar em cavernas, abrindo mão de um avanço por vez. Primeiro os votos eletrônicos, depois os de papel, chegará a hora de abrirmos mão desse complicado avanço chamado democracia.
*É PROFESSOR COLABORADOR DO DEPARTAMENTO E INSTITUTO DE PSIQUIATRIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FMUSP)