Sujeira ao redor dificulta defesa de Michel Temer
Num instante em que Michel Temer vende a alma para enterrar na Câmara a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República o acusa de corrupção, a Polícia Federal prendeu mais um integrante do grupo do presidente: Geddel Vieira Lima. Ele reforça o time de políticos que costumavam frequentar os jantares do Palácio do Juburu e passaram a comer as questinhas servidas na cadeia.
Profusão de ‘fatos novos’ enfraquece superioridade de Temer no Congresso
O governo de Michel Temer está na berlinda há 48 dias, desde que veio à tona o escândalo da JBS. Nesse período, ministros e aliados do presidente no Congresso repetem que só um fato novo poderia encurtar-lhe o mandato. Produziram-se tantos fatos novos que ficou difícil contá-los. O penúltimo foi a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima. O próximo deve ser a formalização do acordo de delação premiada em que o doleiro Lúcio Funaro vai aprofundar as acusações contra Temer e todo o seu staff político.
Janot: "Não é possível que, para pegar um picareta, tenha de fotografá-lo tirando carteira do bolso de outro"
Rodrigo Janot compareceu ao Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) numa nova condição. Com uma denúncia de Janot, no dia 26, Michel Temer tornou-se o primeiro presidente denunciado por corrupção. Janot, por sua vez, tornou-se um procurador com os dias contados. Temer escolheu Raquel Dodgecomo a próxima procuradora-geral da República, o que reforça em Janot a imagem de alguém com prazo de validade próxima do vencimento. Até o fim do mandato, contudo, Janot afirmou que ainda tem muita coisa a fazer. "Enquanto houver bambu, lá vai flecha", disse. "Até 17 de setembro, a caneta está na minha mão." Eis as principais afirmações de Janot:
Sobre a sucessora, Raquel Dodge:
“Dizem que sou inimigo dela. Não tenho nada contra a doutora Raquel. Nós temos divergências de entendimento".
Ministro Herman Benjamin levará caso de Pimentel a julgamento no STJ
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decide em agosto se aceita denúncia contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT-MG), acusado, entre outras coisas, de ter recebido propina da empreiteira Odebrecht. O ministro Herman Benjamin, relator do caso, deve levar seu voto à Corte Especial assim que voltar do recesso.
LINHA
Benjamin foi o relator do processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Apresentou um voto duro, em que pedia a cassação do presidente.
Aliados de Temer vão usar prisão de Geddel para reforçar tese de que o Judiciário age politicamente
O bambu e a flecha A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima será usada por aliados de Michel Temer para inflar o discurso de que o Judiciário trava uma luta política para apear o presidente do poder. Para o Planalto, a detenção revela mais uma cena do enredo que situa Temer como o eixo central de um grupo criminoso. O encarceramento jogou um balde de água fria nos que achavam que, com a saída de Rodrigo Rocha Loures da cadeia, no sábado (1º), o governo poderia suspirar aliviado.