Janot: "Não é possível que, para pegar um picareta, tenha de fotografá-lo tirando carteira do bolso de outro"
Rodrigo Janot compareceu ao Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) numa nova condição. Com uma denúncia de Janot, no dia 26, Michel Temer tornou-se o primeiro presidente denunciado por corrupção. Janot, por sua vez, tornou-se um procurador com os dias contados. Temer escolheu Raquel Dodgecomo a próxima procuradora-geral da República, o que reforça em Janot a imagem de alguém com prazo de validade próxima do vencimento. Até o fim do mandato, contudo, Janot afirmou que ainda tem muita coisa a fazer. "Enquanto houver bambu, lá vai flecha", disse. "Até 17 de setembro, a caneta está na minha mão." Eis as principais afirmações de Janot:
Sobre a sucessora, Raquel Dodge:
“Dizem que sou inimigo dela. Não tenho nada contra a doutora Raquel. Nós temos divergências de entendimento".
Sobre o generoso acordo de delação que firmou com o empresário Joesley Batista:
"Como alguém chega, lhe apresenta altas autoridades da República praticando crime em curso e você não faz nada? Não aceitou fazer acordo com essa pessoa? Você deixou que o crime continuasse a ser praticado".
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Sobre os fundamentos para denunciar uma autoridade por corrupção:
"Não é possível que, para pegar um picareta, tenho de tirar fotografia do sujeito tirando carteira do bolso do outro. Esse tipo de prova é satânica, quase impossível".
Sobre os fundamentos para o pedido de prisão do ex-deputado Rocha Loures, homem da mala de Temer:
"A mala já diz tudo".
Sobre o ministro do STF Gilmar Mendes, com quem tomou posse no Ministério Público, em 1984:
"Éramos do mesmo grupo. A vida foi encaminhando cada um para o seu lado".
Sobre os últimos dias na PGR:
"No dia 18, entrego a caneta e a cadeira. Até lá, a caneta está na minha mão e vou continuar nesse ritmo em que estou". ÉPOCA