Lula ficou mais perto da cadeia do que da urna
A condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro é um marco do Brasil pós-Lava Jato. Lula poderia ter sido uma espécie de Nelson Mandela brasileiro. Mas optou por entrar para a história como parte do detrito que transformou a política numa gincana de ineditismos. No instante em que a Câmara analisa o caso de Michel Temer, o primeiro presidente da história denunciado por corrupção no exercíco do cargo, Moro empurra para dentro da biografia de Lula um título vergonhoso: primeiro ex-presidente da história sentenciado como corrupto.
Lula e Temer não enxergam vilões no espelho
Lula e Temer tornaram-se dois personagens inéditos, do tipo “nunca antes na história desse país”. Um virou o primeiro ex-presidente a receber sentença de corrupto. Outro está pendurado nas manchetes como o primeiro presidente denunciado por corrupção no cargo. Os dois têm algo mais em comum: não conseguem enxergar vilões no espelho.
Em nota oficial, o PT escreveu que a condenação de Lula a 9 anos e 6 meses de cadeia representa um “ataque à democracia”. Em discurso, Temer insinuou que a denúncia contra ele é “uma injustiça que se faz com o Brasil”. Nessas versões, Sergio Moro atenta contra o regime democrático. E Rodrigo Janot faz mal ao país.
'Lula não é inocente. No mínimo, foi promíscuo'
Acho que Lula sobrevive a essa condenação de Sergio Moro, continuando detentor da admiração e do carinho de boa parte do nosso povo, notadamente dos mais pobres. Chamar o eleitor de Lula de analfabeto político, pelo baixo nível de escolaridade, não resolve a equação. Ou é politizado o eleitor de Jair Bolsonaro, em sua maioria com curso superior? Os dois, estranhos objetos de desejo em campos opostos, diga-se, carregam ideias fortes, falsas ou não, que têm grande audiência no coração dos brasileiros.
Condenação de Lula: uma imensidão de provas
A condenação do ex-presidente Lula estava sendo aguardada, pelo decorrer do processo e pelas declarações, inclusive do empresário Leo Pinheiro, dono da OAS, de que dera o apartamento a Lula em troca de benefícios que a empreiteira recebeu no governo dele. O que muda um pouco a discussão é a justificativa do juiz Sergio Moro, porque a defesa de Lula dizia nõ haver provas de que o triplex era do ex-presidente. Mas em sua decisão, Moro demostra que existe uma imensidão de provas: além da delação de Leo Pinheiro, vários outros depoimentos comprovam a propriedade, e também há provas documentais e indiciárias, que formam o conjunto probatório. O GLOBO
Condenação de Lula é símbolo no combate à corrupção
Em uma fase da vida pública repleta de fatos históricos, por inéditos, ocorre mais um, com a condenação de Lula, a primeira de um ex-presidente. E numa coincidência inaudita: ao mesmo tempo em que um presidente no cargo, Michel Temer, é denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Ambos por corrupção, e, no caso de Lula, punido também por lavagem de dinheiro. Coincidência feliz, porque reflete um forte enfrentamento deste crime de colarinho branco pelo Estado.
'Lula traiu o país duas vezes', por Pedro Doria
Percorrendo na batida a história da República, não nos sobra muito na categoria grandes presidentes. Não são muitos os nomes memoráveis, que tenham sido capazes de transformar o país. Dentre os tecnocratas da Primeira República há homens honestos, até alguns bem-intencionados, mas os grandes nomes como o barão do Rio Branco e Ruy Barbosa não chegaram à presidência. Dos militares, tampouco há um marcante e, se os lembramos, é pelos piores motivos. Entregaram um país menor ao sair.
Lula poderia ter sido grande. Escolheu ser pequeno.