Busque abaixo o que você precisa!

Collor vê governo em 'ruínas' e diz que alertou Dilma sobre erros

O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL) afirmou nesta quarta-feira (11), em discurso durante a sessão do Senado que decidirá sobre a abertura do processo de impeachment, que o atual governo encontra-se em "ruínas" e que alertou, em vão, auxiliares da presidente Dilma Rousseff sobre os erros cometidos no mandato. Sem declarar como votará no processo, o senador também criticou o atual modelo de governabilidade.

"Jamais o Brasil passou por uma confluência tão clara, tão entrelaçada e aguda de crises na política, na economia, na moralidade e na institucionalidade. Chegamos ao ápice de todas as crises, chegamos às ruínas de um governo, às ruínas de um país", afirmou.

A expressão "ruínas de um governo", lembrou, foi usada também no processo de impeachment que ele próprio sofreu em 1992, a partir de uma obra do jurista, político e escritor Rui Barbosa (1849-1923). Durante seu discurso, Collor não declarou como votará no processo contra Dilma.

"Não foi por falta de aviso. Desde o início desse governo fui ao longo dos anos a diversos interlocutores da presidente para mostrar os problemas que eu antevia e que desembocaram nesta crise sem precedentes. Falei dentro da minha convicção dos erros na economia, na excessiva intervenção estatal, nas imprudentes renúncias fiscais, falei da falta de diálogo com o Parlamento", afirmou.

"Nos raros momentos com a presidente, externei minhas preocupações, especialmente após a sua reeleição, quando sugeri a ela uma reconciliação de seu novo governo com seus eleitores e com a classe política. Sugeri que fosse à televisão pedir desculpas por tudo que se falou na campanha eleitoral, desmentido depois por seus próprios atos, nos primeiros meses do atual mandato. Alertei-a sobre a impossibilidade de sofrer impeachment, mas não me escutaram".

Tempo para a saída de Collor e processo de Dilma
Durante o discurso, Collor também comparou o processo que sofreu com o enfrentado agora por Dilma.  Ele lembrou que durou menos de quatro meses o período entre a denúncia e sua renúncia do cargo, enquanto que o atual processo já passa dos oito meses. Collor também recordou que entre a decisão da Câmara e o seu afastamento se passaram 48 horas; com Dilma, o intervalo durou 23 dias. O relatório do Senado, contra ele, tinha meia página; o parecer sobre Dilma, 128.

“O rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor não. […] O tempo é outro. Em 1992, fui instado a renunciar na suposição de que as acusações contra mim fossem verdadeiras”, afirmou.
Em boa parte da fala, com exatos 15 minutos (tempo dado a cada senador), Collor fez uma reflexão sobre a constante instabilidade política do país desde a adoção do sistema presidencialista na República.

“Lá se vão 127 anos de crises e insurreições, de revoltas e conflagrações, de golpes e revoluções. Suplantada a aristocracia imperial, superarmos a oligarquia republicana. Convivemos com o estado de sítio, com o estado de exceção. Enfrentamos ditaduras, civil e militar. E, ainda hoje, estamos em processo de redemocratização”, afirmou.

A crítica se voltou sobretudo para o chamado “presidencialismo de coalizão”, modelo de governabilidade pelo qual o presidente tem de repartir o governo entre vários partidos para obter apoio no Congresso para aprovar suas políticas.

"Sob o presidencialismo usufruímos tão somente de espasmos de democracia. Não há mais como sustentar um sistema anacrônico, contaminado e deteriorado em sua essência, em sua prática e nos exemplos traumáticos de nossa República. […] Os partidos, mais do que votar, precisam formular políticas”, disse. PORTAL G1

O senador Fernando Collor (PTC-AL) discursa na sessão da votação do processo de impeachment da presidente Dilma no Senado, em Brasília (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)O senador Fernando Collor (PTC-AL) discursa na sessão da votação do processo de impeachment da presidente Dilma no Senado, em Brasília (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)
O senador Fernando Collor (PTC-AL) conversa com colegas no plenário do Senado em sessão que vota o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)O senador Fernando Collor (PTC-AL) conversa com colegas no plenário do Senado em sessão que vota o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Compartilhar Conteúdo

444