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Jucá sugere que Ministério dos Transportes incorpore Aviação e Portos .

O presidente do PMDB, Romero Jucá - Pedro Kirilos

SÃO PAULO - O senador Romero Jucá, presidente do PMDB, sugeriu que o Ministério dos Transportes incorpore as secretarias da Aviação Civil e dos Portos (ambas com status de ministérios) como forma de cortar gastos em uma eventual presidência de Michel Temer. Em entrevista na noite desta segunda-feira ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, ele não revelou nomes da possível reforma ministerial e também questionou a eficiência da totalidade dos programas sociais do governo, ressalvando que Temer não haverá cortes no “Minha Casa, Minha Vida” nem no “Bolsa Família”.

 Jucá reiterou ainda não é a favor da volta da CPMF, como já havia afirmado em entrevista ao GLOBO no último domingo.

- Descarto CPMF, pois não se pode entrar aumentando impostos. O governo tem 800 programas (sociais). Será que todos funcionam bem? Não vamos cortar Bolsa Família nem Minha Casa. Será que precisa de 32 ministérios? Não sei. É uma decisão que Michel tomará na hora certa - disse Jucá, complementando a resposta ao ser questionado sobre exemplos de ministérios que poderiam ser fundidos. - O Ministério dos Transportes pode abranger a Aviação Civil e os Portos.

O ex-ministro da Previdência do governo Lula negou que tenha sido convidado por Temer para assumir o Planejamento e brincou com os jornalistas ao ser chamado de ministro: “ato falho” e “é a torcida” foram algumas das respostas ao vocativo. Também disse que não houve convites a José Serra e Henrique Meireles, apesar de eles terem potencial para assumir cargos numa combinação entre legitimidade política e meritocracia. Ressaltou que o vice-presidente não têm negociado cargos e só falará disso se o impeachment de Dilma Roussef for concretizado:

- Nenhum dos dois foi convidado. Mas os dois têm qualidades para ocupar ministérios. Há meritocracia e legitimidade política. Temer recebeu muitas pessoas e partidos. Isso é legítimo. Não houve acordo de nenhum cargo. Cargo não é o ponto central dessa questão. O importante não é amarrar os partidos pelos cargos, mas ter um programa, uma receita, bandeiras e clareza perante à população. Temer está construindo um modelo de gestão. Os nomes devem estar na cabeça dele, mas é um segredo guardado a sete chaves. Só vai falar no momento em que for decidido (o impeachment).

Sobre a discussão do PSDB participar ou não de um eventual governo Temer, Jucá foi ponderado:

- É fundamental que o PSDB esteja na formulação das soluções e da composição da base política. Se vão ocupar ou não cargos, é uma discussão interna e vamos aguardar com todo respeito que eles se decidam.

Senador não deixa claro se Justiça pode ser ocupada por advogados da Lava Jato

Apesar de repetir que o PMDB apoia a Lava Jato e não inteferirá no seu andamento, Jucá tergiversou ao emitir sua opinião sobre uma possível nomeação de um Ministro da Justiça que tenha prestado serviços a pessoas ou empresas investigadas na operação:

- Não ouvi a menção a nenhum nome para Ministério da Justiça. Temer deve estar pensando. No momento atual, se algum advogado estiver defendendo empresas dentro da Lava Jato, deve ser analisado com muito cuidado por conta da leitura que se pode fazer. Temer tem experiência necessária para fazer essa avaliação.

Apontado na delação de Ricardo Pessoa, da UTC, por ter recebido três depósitos, no valor total de R$ 1,5 milhão, para o PMDB de Roraima, entre agosto e setembro de 2014, com o propósito de ajudar na campanha do filho do senador, Jucá alegou inocência. Ele também foi citado pelo doleiro Alberto Youssef, mas negou sequer conhecê-lo

- Alguém citou meu nome. Sempre tive cuidado de não receber doações de empresas como pessoa física. O partido passou para minha candidatura. Todas minhas prestações de contas foram aprovadas pelo TRE e TSE. Cobro do Ministério Público rapidez nas investigações.Se alguém tiver culpa, será condenado e sai da vida pública. Não tenho nenhum temor. Assumi o ônus de ser presidente do PMDB e não estou me escondendo. O partido recebeu doações da UTC, da Andrade e da Odebrecht, legais e com recibo. Além disso, eu mandava fazer uma declaração dizendo que o dinheiro era lícito e não vinha de irregularidades. Estou muito tranquilo e à disposição do MP para esclarecer.

Um dos principais articuladores políticos do PMDB, Jucá não quer cantar vitória antes do tempo. Prudente, diz que, apesar da maioria declarada a favor do processo de impedimento, cada senador é senhor do seu voto. Líder do Senado em governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, ele acredita que Renan Calheiros não tentará retardar a votação do impeachment na Casa:

- Renan torceu para não chegar (ao Senado). Ele não acreditava que chegasse. Somos amigos, mas temos posições divergentes. Ele não vai interferir. Não tem como haver nenhum tipo de manobra. Espero que ele conduza com a maior tranquilidade. Ele continua presidente do Senado e vai ser uma peça fundamental para ajudar a votar a reforma.

Sobre as intervenções necessárias para uma guinada econômica, Jucá disse que o programa do PMDB “Pontes para o Futuro” ainda tem pontos a serem debatidos, mas resumiu as primeiras medidas em três aspectos:

- Vamos discutir essas questões com a base política para dar sustentação às mudanças. Mas há três pilares que a economia tem que recuperar: a credibilidade do governo, a segurança jurídica e a previsibilidade econômica. São fatores fundamentais para continuar num caminho correto.

Temer apoiaria fim da reeleição segundo Jucá

Descrevendodo o vice como “cuidadoso na política mas não na tecnologia”, devido ao vazamento de um áudio com seu ensaio de primeiro discurso como presidente, o senador diz que Temer é “a figura certa no momento certo para fazer a transição. Apesar das pesquisas de opinião mostrarem elevada rejeição ao vice, o peemedebista acredita que Temer reverterá essa impressão em até seis meses por ter capacidade de ouvir e habilidade de negociar com diversos setores. Defensor do fim da reeleição, Jucá diz que Temer apoiaria essa decisão caso assuma a presidência, e não seria candidato em 2018.

- Sou favorável (ao fim da reeleição) para presidente e todos cargos do executivo. É um problema. Defendo 5 anos de mandato. Seria menos eleição. É uma loucura ter eleições um ano sim, outro não. Temer tem dito que não será candidato à reeleição porque é preciso que ele apoie o fim dela. Em 2018, diversos partidos serão candidatos. Se tiver o PMDB tiver um nome, deve apresentar.

 

“PMDB não pode pré-julgar Eduardo Cunha”

O presidente do PMDB também titubeou ao ser questionado se o partido não deveria expulsar Eduardo Cunha e se ele tinha condições de presidir a sessão de impeachment na Câmara por ter processos tramitando no Supremo Tribunal Federal. Ele não quis emitir opinião sobre a crença na inocência ou não de Cunha, mas disse que o deputado tinha legitimidade para conduzir a votação:

- Cunha foi citado e processado no STF. Se for julgado ainda esse ano, será o pleno do STF porque é presidente da Câmara. Acho que o STF tem que agilizar a votação. Se for inocente, provará a inocência. Não conheço o processo. Não conheço a defesa. Ninguém melhor para investigar que a PF. O PMDB não pode pré-julgar ninguém. O Senado não pode se manifestar. Politicamente, ele cumpriu uma tarefa como qualquer pessoa que estaria ali. Não tira o direito enquanto não for condenado. Se for, perderá o mandato. O Conselho de Ética deve julgar o Eduardo Cunha. Não podemos retirar um presidente da Câmara ou do Senado (antes disso) porque abre um precedente a cade vez que o MP mover uma ação. O que o Cunha fez foi colocar ordem no regimento, que foi cumprido, com balizamento no STF. O rito não foi inventado pelo Cunha, pelo PMDB ou golpistas. A negação a Cunha vai ter que responder na Justiça e no Rio onde se elegeu.

Votação na Câmara foi “sessão de descarrego”

Jucá classificou como uma “sessão de descarrego” a votação do processo de impeachment na Câmara, em que diversos deputados dedicaram seus votos a familiares, a Deus, “à paz em Jerusalém” e diversos outros fatores que não tinha relação com o possível impedimento da presidente Dilma. Ele disse, entretanto, que isso não tira a legitimidade da aprovação e prometeu mais coerência no Senado.

- Alguns tentaram remarcar sua posição da forma mais estapafúrdia. Os mesmos deputados que votaram daquele jeito não tenho dúvida de que vão votar para reorientar o Brasil. Não adianta querer isolar o Congresso. Temos que puxar o Congresso para que tem de melhor. Foi uma catarse, virou uma sessão de descarrego. As pessoas entraram em transe por insatisfação ou porque estavam aparecendo (na TV). Mas esse comportamento não muda a utilidade do voto. É natural, é legítimo. Existem indícios fortes de crimes. A Câmara agiu corretamente. Vamos assistir à votação do Senado, e acho que não vai ser assim.

O presidente do PMDB citou, en passant, o voto de Jair Bolsonaro, que prestou homenagem a Brilhante Ustra, acusado de torturar e matar vários presos políticos durante a ditadura militar:

 

- O Brasil é representado por pessoas de todos os tipos. Independente do espetáculo ser mais ou menos grotesco, alguém ter falado em torturador, a ação coletiva foi correta e construtiva.No entanto, não quis comprometer o partido nem o Senado sobre o pedido de cassação do mandato dele feito pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro por apologia à tortura:

- Não chegou isso para o PMDB. Foi um comportamento irracional, pouco civilizado. Daí a se cassar, a Câmara que tem que discutir, e o Senado não tem que entrar nesse processo. O GLOBO




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