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433 a 1 - O ESTADO DE SP

O placar da votação que instalou a comissão responsável por analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara não deixa dúvidas sobre de que lado está a maioria dos representantes do povo. Foram 433 votos a favor e apenas 1 contra, refletindo o humor carregado dos parlamentares em relação à petista, sensíveis que estão à evidente revolta do eleitorado com a desfaçatez agora definitivamente instalada no Planalto, graças à presença do “ministro” Lula.

A incapacidade dos governistas de se articularem para deter a roda da história no Congresso ficou clara não apenas na votação, mas na composição da comissão. A maioria dos 65 integrantes inclina-se hoje pela destituição de Dilma. Mais do que isso: a relatoria caberá ao deputado Jovair Arantes (PTB-GO), aliado de primeira hora do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o principal desafeto de Dilma no Legislativo. Ademais, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), também próximo de Cunha, presidirá a comissão.

Mantendo o conhecido padrão de indigência franciscana de sua articulação política, o governo não conseguiu emplacar nenhum aliado autêntico nas demais vagas de direção na comissão. Além dos amigos de Cunha, o Planalto teve de engolir, entre os vice-presidentes, nomes como o do tucano Carlos Sampaio (SP), que se notabilizou pela aguerrida defesa do movimento pelo afastamento de Dilma na Câmara.

Nem mesmo os partidos da chamada “base aliada”, inclusive aqueles presenteados com Ministérios, garantem algum alívio para a presidente. A maioria dos votos que PMDB, PSD, PP e PR têm na comissão deverá ser favorável ao prosseguimento do impeachment. Quando o caso for a plenário, a situação não deverá ser muito diferente. “Votarei pelo impeachment da presidente da República”, avisou o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), que já foi ministro dos Portos.

Esse cenário adverso à presidente Dilma Rousseff não é um acidente. Trata-se do resultado direto da arrogância de Dilma e do PT, que sempre pretenderam governar sozinhos, sem qualquer forma de diálogo nem com a oposição nem com os próprios aliados – mantidos na coalizão governista não por afinidades programáticas, mas em razão da mais grossa fisiologia.

Sem nenhum traquejo político, Dilma agora se esmera em piorar o que já está ruim. A presidente, que já desafiou a cúpula do PMDB, seu principal sócio, ao se intrometer na eleição da liderança do partido na Câmara, decidiu nomear um ministro peemedebista depois que os caciques da legenda haviam determinado que, até a decisão final sobre a manutenção da aliança, nenhum dos correligionários aceitaria cargos no governo nos próximos 30 dias.

A reação foi imediata. A posse do tal ministro, deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), na pasta da Aviação Civil, foi boicotada pelo vice-presidente Michel Temer, presidente do PMDB, numa inequívoca sinalização de que o partido está a um passo de formalizar o desembarque. Nenhum prócer do partido foi ao Palácio do Planalto.

Nem mesmo Lula, festejado entre seus sabujos como um gênio político, foi capaz de reverter esse desastre. Ao contrário. Sua posse como ministro da Casa Civil – cargo a partir do qual, além de se proteger da Justiça, pretendia arregimentar apoio no Congresso contra o impeachment – sofreu o mesmo boicote, em claro sinal de que a entrada do chefão petista no governo, praticamente tomando o poder de Dilma, foi muito mal recebida pelos peemedebistas.

Assim, desenha-se a tempestade perfeita para o governo, que viu fracassadas todas as suas manobras, inclusive as imorais, para tentar mudar um quadro que parece irreversível. A Mesa Diretora da Câmara decidiu incluir, na denúncia contra Dilma, o explosivo conteúdo da delação premiada do senador Delcídio Amaral – que acusa a presidente de obstrução de Justiça. É isso tudo que explica a exasperação de Dilma na cerimônia de posse de Lula, transformando o púlpito da Presidência em palanque partidário para atacar os outros Poderes da República e hostilizar os milhões de cidadãos que já exerceram o direito de exigir sua destituição.

É o que resta ao PT, a Dilma e a Lula – espernear.

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