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João Santana e Mônica Moura afirmam à CPI do BNDES que todos os partidos usavam caixa dois em campanhas

A CPI do BNDES ouviu o publicitário João Santana e a jornalista Mônica Moura. O casal foi convocado para prestar esclarecimentos sobre empréstimos que o Banco fez a países sul-americanos e africanos entre 2003 e 2015. O marqueteiro disse que gostaria de colaborar, mas que não tinha qualquer tipo de informação sobre o banco.

Sobre as campanhas políticas, João Santana admitiu que todos os candidatos usavam caixa 2, mas disse que, mesmo assim, se arrepende de ter aceitado o pagamento do seu trabalho vindo deste dinheiro:

“Me sinto profundamente arrependido sim em algumas coisas, na parte específica do método de financiamento, isso sim eu não me perdoou. Eu acho que mesmo sabendo que era uma prática que todos faziam, pela minha própria formação, por uma série de valores que eu trazia e ainda tento realimentar e trazer da minha família e de todos, eu realmente me arrependo profundamente. Agora, não me arrependo de ter exercido a profissão de consultor, de marqueteiro.”

Mônica Moura também disse que não tem qualquer conhecimento sobre as atividades do BNDES porque tratava direto com as empresas e nunca perguntou de onde vinha o dinheiro que ela estava recebendo. Moura se limitou a confirmar que todas as campanhas recebiam dinheiro via caixa 2:

“Só como exemplo, na Venezuela, onde nós fizemos a campanha do Hugo Chávez e que a Odebrecht colaborou com uma boa parte do caixa dois, a outra parte foi a Andrade Gutierrez, eu sabia, nós sabíamos, todos sabiam, e depois foi noticiado pela lava jato, que o candidato Capriles, que era o candidato opositor ao Chaves, que o marqueteiro que fazia a campanha dele, Renato Pereira, um marqueteiro brasileiro, a Odebrecht colaborou com o Capriles, pagou caixa 2 pro Capriles. O caixa 2 sempre existiu, não sei se tem a ver com o BNDES, não tenho ciência disso, sempre existiu, e não existia só pra uns, várias empresas doavam para o candidato, no caso se fosse presidente ou candidato que estivesse na frente, e pros outros candidatos também. Aqui no Brasil nós sabemos, a Odebrecht doou para Dilma e doou pro Aécio.”

Presidente da CPI, o deputado Vanderlei Macris, do PSDB de São Paulo, disse que os depoimentos foram importantes para apontar que dinheiro de empréstimos do BNDES foi repassado para empresas que financiaram campanhas políticas via caixa 2:

“O BNDES cada vez mais vai se tornando um instrumento de realização de interesses eleitorais e políticos de um partido isso não deve acontecer, não pode acontecer, e com certeza o relatório final haverá de dar diretriz, novas diretrizes, para o funcionamento do BNDES como banco de fomento.”

Nesta quarta-feira, a CPI vai ouvir Luiz Eduardo Merlin, ex-diretor do BNDES.

Reportagem - Marcelo Westphalem / AGÊNCIA CÂMARA

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