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Caciques na mira - ISTOÉ

No início de outubro, o juiz Sérgio Moro determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de uma série de pessoas físicas e jurídicas. A ordem judicial incluiu o amigo do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai, familiares do pecuarista e empresas a ele ligadas. A medida atingiu ainda a 2 S Participações, do empresário e operador do mensalão Marcos Valério, e a Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria Pinto, que teria recebido parte do empréstimo irregular de R$ 12 milhões contraído ao Banco Schahin por Bumlai. Há duas semanas, Bumlai foi à Polícia Federal e confessou que o dinheiro foi repassado ao PT, por meio de laranjas. Reconheceu ainda que o recurso abasteceu as campanhas petistas e de Lula. Nos próximos dias, os dados bancários e fiscais começarão a chegar às mãos de policiais federais, procuradores da República e auditores da Receita Federal. Numa avaliação preliminar de quem está mergulhado na apuração, as informações vão levar a importantes desdobramentos. Com isso, o ano de 2016 se inicia com perspectivas nada positivas para Lula e o PT. Nos primeiros meses do ano, o ex-presidente ainda terá de explicar suposto tráfico internacional de influência em financiamento do BNDES e esclarecer porque seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, recebeu R$ 2,4 milhões de lobistas que negociavam a edição de medidas provisórias durante seu governo.

Ao mesmo tempo em que a Lava Jato irá fechar o cerco sobre a cúpula e o líder máximo do PT, a PF e os procuradores seguirão sua trilha na direção dos políticos envolvidos no escândalo com foro no Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB. Um dos principais apadrinhados de Renan, Sérgio Machado, foi alvo de buscas na Operação Catilinárias, da Polícia Federal. Machado comandou a Transpetro, braço de transporte da Petrobras. Delatores relataram ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que o presidente do Senado foi beneficiário de propina. Ele nega. Renan é alvo de cinco inquéritos no Supremo e teve os sigilos bancário e fiscal quebrados por ordem do ministro Teori Zavascki, relator do caso. A situação poderia ter sido pior para Renan. O procurador-geral pediu, mas o ministro discordou de buscas na residência oficial do Senado. Porém, autorizou que fossem vasculhadas as dependências do PMDB em Alagoas.

Para Eduardo Cunha o ano também começa quente, com um pedido de afastamento a ser analisado pelo Supremo por causa de seu envolvimento com as irregularidades da Lava Jato. Existem dois inquéritos contra ele em tramitação. No primeiro trimestre, está previsto que o Supremo decida sobre a abertura de ações penais contra o peemedebista. Uma das acusações diz respeito à manutenção na Suíça de contas não declaradas às autoridades brasileiras. Uma dessas contas recebeu dinheiro do Petrolão, segundo o procurador-geral da República. No total, US$ 1,3 milhão desviado de negócios realizados pela Petrobras no continente africano. As investigações prosseguem para identificar a origem de todos os recursos mantidos por Cunha lá fora, além das acusações de que recebeu propina relacionada a locação de navios-sonda. Seriam, neste caso, US$ 5 milhões. É provável que o Supremo julgue na mesma ocasião o pedido de Janot para que Cunha seja afastado do cargo. O chefe do MP Federal concluiu que o peemedebista usa o mandato de parlamentar para interferir em investigações e para levar vantagem ilícita, negociando medidas provisórias. Como se vê, os caciques de PT e PMDB não terão vida fácil no próximo ano, no que depender do STF e da força-tarefa sob a batuta de Sérgio Moro.

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Fotos: DOUG PATRÕCIO/BRAZIL PHOTO PRESS/AE; DIDA SAMPAIO/ESTADãO CONTEÚDO/AE; Vanessa Carvalho/BRAZIL PHOTO PRESS/AE 

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