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‘MC Poze do Rodo também é um problema de economia’; Pedro Fernando Nery explica em vídeo

Por Redação / O ESTADÃO DE SP

 

A recente prisão e soltura de MC Poze do Rodo reacendeu um debate que vai além da segurança pública ou da liberdade artística. Ele foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro pela ligação com o Comando Vermelho e por suposta apologia ao crime. O artista tem cerca de 6 milhões de seguidores em uma das redes sociais.

 

“Tenho pensado em referências para as crianças. Esse é um tema que a gente começa a pensar mais quando a gente é pai, mas é um tema que me interessa também como economista”, diz o colunista Pedro Fernando Nery (veja esse programa na íntegra no vídeo acima).

 

No programa Chama o Nery desta semana, ele discute o impacto dessas referências para o desenvolvimento econômico de um país. Nery cita um estudo de Stanford que mostra o efeito positivo da diversidade na produtividade de uma economia. O trabalho, diz ele, mostra que entre 20% e 40% do crescimento dos Estados Unidos nas últimas décadas foi devido ao fato de haver mais mulheres e mais negros exercendo trabalhos que antes estavam disponíveis só para homens.

 

A tese central é que o talento é universal, mas o acesso a oportunidades não. “Se uma parte da população não acessa as melhores profissões mais compatíveis com o seu talento, com as suas preferências, a economia como um todo perde.”

 

Parte do problema, diz Nery, é a discriminação. “Essa é uma barreira importante, mas acho que há outra que a gente tem e que impede os mais pobres de exercerem todo o seu potencial e impede a nossa economia de crescer, tem a ver também com referências.”

 

“É muito difícil você se imaginar sendo uma coisa que você não viu ninguém parecido na sua família, na sua vizinhança, na produção cultural do seu país.” O exemplo de figuras como Joaquim Barbosa (ex-ministro do SF) e Maju Coutinho (apresentadora da Globo) é positivo para a sociedade: “Tem uma explosão no cérebro de várias crianças que passam a falar: ‘Olha, uma pessoa da minha cor, uma pessoa com o meu cabelo pode ser isso, pode ser jornalista.’”

No entanto, alerta que referências negativas têm o efeito contrário. “Você pode ter um círculo virtuoso ou círculo vicioso a depender das referências que estão presentes num determinado momento.”

 

A discussão, para ele, deveria ultrapassar o campo cultural e entrar na agenda econômica. “Será que a gente precisa discutir mais as referências que estão disponíveis para as crianças negras? Será que não é hora também de a gente não só alimentar as referências positivas, mas combater as referências negativas para a gente ter todo o potencial humano incrível que essas crianças têm destravado em benefício não só da sua vida, mas também da vida de todo mundo?” Ele afirma que o Brasil perde quando suas crianças são expostas apenas a exemplos que reforçam a desigualdade. “O MC Poze do Rodo também é um problema de economia.”

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