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A delação de Delcídio é um soco no fígado do governo

A melhor forma de entender o efeito para o governo da delação do senador Delcídio do Amaral, do PT de Mato Grosso do Sul, homologada nesta terça-feira (15), é pensar em uma luta de boxe. O aceite da delação de Delcídio pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, tem o peso de um soco direto no fígado de um lutador cambaleante, sem condições de reação. Líder do governo Dilma Rousseff no Senado, Delcídio topou contar o que sabe aos investigadores da Operação Lava Jato depois de experimentar três meses de detenção. Pelo acesso privilegiado e a confiança que tinha de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que Delcídio tem a dizer carrega um peso catastrófico.

Delcidio do Amaral. (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Agora oficializadas, as declarações de Delcídio colocam mais energia no processo pelo impeachment de Dilma, que será retomado pela Câmara dos Deputados na quinta-feira (17). Em última instância, Delcídio acusa Dilma de ter tentado obstruir as investigações da Lava Jato, com a iniciativa de soltar os réus. Em termos políticos, isso fortalece os argumentos dos que buscam a cassação de Dilma. Com uma acusação dessas na praça, fica difícil defender Dilma no parlamento. Até a ala do PMDB que ainda pregava uma velocidade lenta no afastamento do governo acha que não é mais possível ficar com a presidente, nem salvar seu mandato no plenário. Neste contexto, a ideia de Dilma de nomear o ex-presidente Lula ministro, significará apenas que os dois poderão falar mal de Delcídio diariamente dentro do Palácio do Planalto. Lula chegará ao cargo mais enfraquecido do que já está. Terá menos condições ainda de fazer o que desejava, articulação política para salvar o governo. A oposição também deve comemorar baixinho. Delcídio se comprometeu a falar sobre o senador Aécio Neves, do presidente do PSDB. Não ficará bom para ninguém.

Para azar do governo, Delcídio não está sozinho. O Supremo também homologou na segunda-feira a delação do ex-deputado Pedro Corrêa, o ex-presidente do PP que participou do mensalão e do petrolão. Corrêa também solta petardos diretos em Lula, ao mencionar negociações com o ex-presidente sobre a atuação do ex-diretor Paulo Roberto Costa na Petrobras. Costa, como se sabe, foi preso por participação no petrolão e foi o primeiro delator da Lava Jato. Duas pancadas deste calibre na mesma semana minam ainda mais – se é queisso é possível – um governo já combalido. ÉPOCA

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