Linha de transmissão que liga Hidrelétrica de Belo Monte ao Sudeste do país é inaugurada em MG
A linha de transmissão de energia que liga a Hidrelétrica de Belo Monte, localizada no Pará, ao Sudeste do país, está sendo inaugurada nesta quinta-feira (21) em Ibiraci (MG). O objetivo do "Linhão", como está sendo chamada a nova linha, é aumentar a oferta energética do país e reduzir o uso de termelétricas.
A construção da linha de transmissão de energia custou R$ 5 bilhões. São sócias na operação as empresas State Grid Brazil, Furnas e Eletronorte. Durante as obras, foram gerados 27 mil empregos.
O trecho entregue nesta quinta-feira tem 2.092 quilômetros de extensão e passa por quatro estados, saindo de Xingu, no Pará, passando por Tocantins, Goiás e indo até Estreito, em Minas Gerais.
Esta será a maior rede transmissora de energia da América Latina, com capacidade de levar até 4 Mw para os grandes centros consumidores do país. O novo sistema deve reduzir a necessidade de geração térmica, que tem custo mais elevado.
Atraso na entrega do linhão
A nova linha de transmissão está sendo entregue com 10 meses de atraso, já que, pelo contrato original, ele deveria ter sido entregue em fevereiro. A entrada em operação comercial do chamado "Linhão" é vista como fundamental por autoridades brasileiras. A falta de capacidade para levar a energia de Belo Monte ao sistema elétrico já impedia a usina no rio Xingu de ligar turbinas adicionais.
O atraso na entrega aconteceu devido a dificuldades da construtora chinesa SEPCO1 em alguns trechos da linha. Com isso, a BMTE, empresa criada por State Grid e Eletrobras para construir o linhão, foi obrigada a contratar sete empreiteiras adicionais para acelerar as atividades.
Originalmente, a energia de Belo Monte seria escoada primeiro por uma grande linha sob responsabilidade da Abengoa, mas a empresa abandonou o empreendimento em meio a uma crise financeira no final de 2015. Com isso, a usina passou a depender apenas do linhão da BMTE e de um segundo empreendimento, de traçado semelhante. Esse projeto ficou a cargo da State Grid, mas deve ser entregue apenas ao final de 2019.
Construção de Belo Monte
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no curso do Rio Xingu foi alvo de polêmicas ao longo de toda a sua implantação, sobretudo, no que diz respeito ao aspecto ambiental, social e, até mesmo, de denúncias de esquemas envolvendo o recebimento de propina. De um lado, ambientalistas que questionaram os impactos da obra e, de outro, o lado pró-usina. Uma vez concluída, Belo Monte se tornaria a segunda maior hidrelétrica do Brasil e a terceira maior do mundo.
A região próxima à barragem da usina de Belo Monte, conhecida como Volta Grande do Xingu, com sua área de cerca de 100 quilômetros, segue sendo uma das áreas que mais preocupam ambientalistas, ribeirinhos, índios. Eles afirmam que as alterações no curso do rio já começaram a provocar danos ambientais e sociais, sem contar com todas as mudanças já ocorridas ao longo das obras.
Entre as dificuldades apontadas está o aumento da profundidade do rio e, consequentemente, a diminuição do oxigênio, o que dificulta a pesca para a sobrevivência de ribeirinhos, por exemplo, o que antes era comum na região. Para tentar compensar este e outros danos, o IBAMA exigiu, em 2011, a implantação integral de equipamentos de saúde e educação.
A empresa ficou responsável pela reforma e ampliação do Hospital Geral de Altamira para reforçar o atendimento no município, que recebeu mais de 30 mil trabalhadores na usina. Mas a unidade de saúde só ficou pronta em 2015 e sua operação iniciou pouco antes do começo da operação da usina após a “intervenção” do Ministério Público Federal.
Para a construção do lago de Belo Monte, 500 quilômetros quadrados foram inundados – algo do tamanho da cidade de Curitiba. Este procedimento obrigou cerca de 10 mil famílias a deixarem suas casas. Deste montante, alguns tiveram que correr atrás de novas moradias com o dinheiro das indenizações e o restante se mudou para conjuntos habitacionais.
Em meios aos problemas ambientais e sociais, Belo Monte também foi alvo de denúncias e suspeitas de esquemas de corrupção. Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal deflagrou uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão em casas e escritórios de pessoas investigadas por conta do recebimento de propinas durante as obras – baseadas em provas coletadas na Lava Jato.
Entre os alvos da Leviatã estão o ex-senador pelo PMDB do Pará, Luiz Otávio e o filho do senador Edison Lobão, do Maranhão, Márcio Lobão. A família de Lobão, no entanto, já era investigada desde 2016, quando o STF autorizou a abertura de inquérito por desvios nas obras de Belo Monte quando ele ainda era ministro de Minas e Energia.
Edison Lobão se mostrou indignado e falou que seu filho é vítima de injustiça e agressão. Márcio, por outro lado, limitou-se a informar que não cometeu nenhuma irregularidade. Enquanto que Luiz Otávio Campos também negou que tenha cometido qualquer irregularidade sobre o tema.
Já em setembro de 2017, a PF rastreou um novo esquema de propinas envolvendo o consórcio construtor de Belo Monte. Á época, o suposto repasse de milhões de reais seria para beneficiar campanhas eleitorais de políticos, inclusive do atual ministro da Integração Social, Herder Barbalho, filho do senador paraense Jader Barbalho, que concorreu ao Governo do Pará em 2014.
Helder, então, negou qualquer irregularidade a esse respeito e informou que, como candidato ao Governo, não teve participação na arrecadação da campanha. Esta missão, segundo ele, ficou a cargo dos diretórios estadual a nacional do PMDB. Ele reforçou, ainda, que todas as doações de campanha foram registradas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PA) e as contas foram aprovadas.
* Colaborou G1 Pará